8 de Março:

A origem revisitada do Dia Internacional da Mulher

Mulheres samurais

no Japão medieval

Quando Deus era mulher:

sociedades mais pacíficas e participativas

Aserá,

a esposa de Deus que foi apagada da História

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Carne de laboratório pode acabar com matança de animais e destruição da natureza

A semana começou bem com essa notícia. Já não como carne faz tempo, por compaixão pelos animais, questões de saúde e ambientais, mas muita gente come e não dá a mínima para as consequências deste triste hábito. Quando convocada a refletir, sai-se com aquela história de que isso é papo de ecochato. Enfim, aquelas cabecinhas. Então, se essa carne de laboratório puder substituir a derivada da matança, será de fato uma revolução em vários sentidos. Destaco o seguinte trecho, mas todo o artigo é um must. Segue também vídeo da geneticista Mayana Zatz falando sobre as células-tronco. 

"Em algumas décadas, chegaremos a 9 bilhões de pessoas vivendo na Terra. Isso significa que todo o impacto ambiental e todos nossos problemas com produção de alimentos que temos agora crescerá enormemente. E a carne é um dos maiores desses problemas. Hoje em dia, 70% da nossa produção agrícola já é dedicada à pecuária e a produção de carne de boi causa ~15% das emissões anuais de gases responsáveis pelo efeito estufa. Em 2050, estima-se que a demanda de carne crescerá em 73% transformando os problemas atuais em PROBLEMÕES."

Cientistas criam hambúrguer artificial em laboratório (e podem ajudar a diminuir a fome no mundo) 

Não, não é de soja, nem geneticamente modificada, nem tem aditivos químicos, nem envolve clonagem… Segundo o professor Mark Post (foto) e sua equipe da Universidade de Maastricht, na Holanda, trata-se de um grupo de células musculares bovinas nutridas e multiplicadas em laboratório. 100% aquela-velha-carne-de-vaca-que-você-tanto-gosta. Dois voluntários provaram o hambúrguer de laboratório pela primeira vez hoje, em Londres. E a única diferença que eles identificaram é que a carne não tem aquele gostinho de gordura.

Funciona assim: depois de retiradas do animal, as células são abastecidas com nutrientes e se multiplicam até formarem tecido muscular em forma de fiozinhos (biologicamente idêntico ao tecido natural). São necessários 20.000 desses fiozinhos para se fazer um hambúrguer. E, claro, sal, ovo e farinha, igual ao hambúrguer normal. A receita também leva suco de beterraba e açafrão pra dar uma corzinha.

Mas, gente, qual é a necessidade disso?

Bom, a resposta a gente já conhece bem. Mas os cientistas que inventaram o processo fornecem alguns dados que evidenciam ainda mais o problema da pecuária num futuro próximo.

Em algumas décadas, chegaremos a 9 bilhões de pessoas vivendo na Terra. Isso significa que todo o impacto ambiental e todos nossos problemas com produção de alimentos que temos agora crescerá enormemente. E a carne é um dos maiores desses problemas. Hoje em dia, 70% da nossa produção agrícola já é dedicada à pecuária e a produção de carne de boi causa ~15% das emissões anuais de gases responsáveis pelo efeito estufa. Em 2050, estima-se que a demanda de carne crescerá em 73% transformando os problemas atuais em PROBLEMÕES.

Esse hambúrguer não está nos mercados (e ainda vai levar um tempo ♫), mas, segundo o professor Post e sua turma, ele tem o mesmo gosto e textura de um hambúrguer comum. O maior empecilho é um do qual sofre a maioria das novas ciências: o preço. A produção de um bolinho de carne desses custa mais de €250,000.

E olha só: células de uma única vaca podem produzir 175 milhões de hambúrgueres de 110g. Atualmente, 440.000 vacas produzem o mesmo. A nova técnica reduziria o espaço necessário para a produção de carne bovina em 99%.

Fonte: Superinteressante, por Vinícius Giba, 05/08/2013

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Black Bostas: eles só querem destruir!

Black Bostas
Reproduzo texto do jornalista Fábio Pannunzio sobre o grupo de mascarados de preto chamado de Black Bloc. Segundo o Estado de São Paulo, os Black Blocs já se articulam em 23 Estados do País. Contra o quê? Segundo os próprios, "protestar em manifestações anti-globalização e/ou anti-capitalistas, conferências de representacionistas (sic) entre outras ocasiões, utilizando a propaganda pela ação para questionar o sistema vigente." Ou como disse o Pannunzio, em definição bem mais precisa:

"Sabe o que parece? A Ku Klux Klan vestida de preto. É isso que parece: a KKK pós-moderna – um grupamento fascista e antidemocrático que não tem nenhuma proposta construtiva. Destruir é a palavra-chave. Destruir os governos, as instituições, o capitalismo, a liberdade de imprensa. Para por o que no lugar ? Eles não sabem. Só querem destruir."

Exato. Aliás, parece uma característica da esquerda em geral (com algumas exceções) querer destruir o capitalismo, a democracia liberal, a liberdade de imprensa sem ter qualquer alternativa para nada disso. Socialistas querem repetir sua fórmula que não passou no test drive da História, estatizar a tudo e todos, impor regimes autoritários e viver como nababos às custas da miséria democratizada da maioria da população. Anarcotários de esquerda querem simplesmente chutar o pau da barraca porque estão revoltadinhos com o mundo e não tem capacidade nem maturidade para pensar e construir alternativas factíveis a tudo que está aí.

Pior, se dizem libertários, reforçando o estereótipo de porras-loucas que marca indelevelmente a imagem de todos que querem menos Estado ou idealmente Estado nenhum, mas o querem por razões objetivas e não por mera necessidade de dar vazão a excessos de testosterona e falta de neurônios. Claro, não me representam!!!!

Por fim, não se sabe se esse grupentelho é ou não ligado ao petismo, mas, por sua maneira de agir, seguramente serve aos interesses dessa sigla nefasta. Vade retro, Satana!
 
Adeus, Fascistas

Ontem fui destacado para cobrir a manifestação convocada pela página Black Bloc do Facebook. Estive com os manifestantes desde as cinco horas da tarde, quando eles começaram a se concentrar em frente à Prefeitura de São Paulo.

Acompanhei todo o trajeto da marcha até a Avenida Paulista. Vi quando um policial agrediu, sem nenhum motivo e de forma covarde, pelas costas, uma manifestante que subia a Brigadeiro Luís Antônio.

Anotei um fato importante, que deveria inspirar alguma reflexão por parte da entidade que comanda os jovens que, de rosto coberto, protestam contra… Contra o que, mesmo ?

Percebi que alguma coisa mudou radicalmente desde o início da safra de protestos. Quando saiu do Centro, a manifestação tinha cerca de 500 participantes. Quando chegou à Paulista, tinha os mesmos 500.

Um bando de mascarados forma uma imagem bastante simbólica. Uma imagem forte, que atrai o olhar de quem passa ao lado. Por isso, muita gente ao longo do trajeto parava sobre os viadutos, se debruçava sobre as fachadas dos prédios, para ver o cortejo.

Mas ninguém aderia. Não era como antes, quando o coro “vem pra rua, vem, você também” funcionava como um catalisador e ia agregando milhares à multidão. Agora, os mascarados formam um grupo monolítico, hermético, impermeável à sociedade. Um grupo cuja beligerância mais afasta do que congrega. Por isso eles saíram e chegaram do mesmo tamanho.

Mais uma vez, houve muitas hostilidades contra jornalistas e técnicos das empresas de comunicação. A primeira vítima da ira dos arruaceiros foi o motociclista da equipe de moto-link da Band. Ele foi empurrado e derrubado. Ameaçaram linchá-lo e depredar seu equipamento. Isso só não aconteceu porque um grupo de manifestantes contrários à prática da violência (contra pessoas) interveio.

Logo adiante, eu mesmo acabei me transformando em alvo da ira daquela turba. Um grupo me cercou, tentou tomar meu microfone e passou a me atacar fisicamente. Deram cotoveladas, caneladas e chutaram meu joelho. É horrível ser cercado por uma alcateia raivosa, que baba de ódio de tudo e te enxerga como inimigo a ser eliminado.

Senti-me ultrajado com a intimidação. Não é possível que um jornalista não possa exercer seu ofício em plena rua de um País livre e democrático. Resolvi resistir ao expurgo, finquei pé e enfrentei os arruaceiros. O clima ficou péssimo. E só não foi pior porque, mais uma vez, alguns anjos-da-guarda mascarados vieram em meu socorro. Agradeço imensamente sua intervenção.

Mas ela só aconteceu depois que os vândalos já haviam danificado o microfone, impossibilitando a continuação do meu trabalho.

Quando me deitei, horas depois, a imagem daqueles pares de olhos de onde crispavam ofensas por detrás de capuzes e balaclavas não me saía da cabeça. Os gritos, as ameaças, a coação, as estocadas. A covardia de quem tapa o rosto para ganhar coragem de enfrentar o que não consegue enfrentar de cara limpa.

Sabe o que parece ? A Ku Klux Klan vestida de preto. É isso que parece: a KKK pós-moderna – um grupamento fascista e antidemocrático que não tem nenhuma proposta construtiva. Destruir é a palavra-chave. Destruir os governos, as instituições, o capitalismo, a liberdade de imprensa. Para por o que no lugar ? Eles não sabem. Só querem destruir.

O que é o Black Bloc ? Uma “estratégia”, como essa gente se auto-define. Mas uma estratégia sem um objetivo. O meio sem um fim, sem um propósito que se possa vislumbrar.

Para mim, são apenas um bando de idiotas comandados por alguém que de longe inspira suas mentes. São robôs a serviço de uma página do Facebook, um exército de mentes vazias que atende prontamente ordens de comando vindas de uma entidade eletrônica incorpórea. Uma tropa sem general, um exército de Don Quixotes que confunde uma bacia de barbeiro da democracia com o Elmo de Mambrino do fascismo. E que vai compondo sua “Má Figura” como um mosaico assustador, que as pessoas têm medo de enxergar.

Quem é que constrói suas bandeiras ? Quem é que constrói a agenda que os pauta ? Eles mesmos não sabem. São uns robozinhos teleguiados pela internet fazendo arruaças niilistas.

Pois bem. Entendi, finalmente, que nós, jornalistas, não somos bem-vindos à República dos Mascarados. Nela, não vigora a nossa Constituição. Não existem as salvaguardas do Artigo Quinto. A liberdade é tão escassa quanto os negros e pardos.

Não é apenas a ordem jurídica e o sistema que eles querem suplantar. Se pudessem, revogariam a Lei de Talião, o Código de Hamurabi, o processo civilizatório. Em seu lugar, instaurariam um sociedade de bárbaros, uma colmeia de abelhas em que as operárias não trabalham, as soldados não combatem, as rainhas não põem ovos.

Por tudo isso, estou fora dessas manifestações. É uma capitulação assumida. Falo isso com a autoridade moral de quem foi o primeiro jornalista a declarar apoio às manifestações do Movimento Passe Livre.

Desejo aos equivocados de boa-fé sorte na construção de seu projeto político, seja ele qual for. Não vou mais a essas marchas, nem como cidadão, nem como jornalista. Se não me querem, agora eu também não os quero mais.

E antecipo uma promessa: se um dia se saírem vitoriosos, hipótese que beira o absurdo, há de restar para mim um canto neste planeta imenso em que as pessoas não estejam suscetíveis a esse vírus fascista que se espalha pela internet para contaminar mentes humanas. Que reduz cérebros humanos a meras extensões de uma virtualidade deletéria, como se fossem HDs externos rodando um software alienígena.

Fonte: Blog do Pannunzio, 02/08/2013

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Documento Histórico: Declaração dos direitos da mulher e da cidadã

Olympe de Gouges
(França, Setembro de 1791)

Como os neocons vivem dizendo que o feminismo é fruto do marxismo cultural, do gramscismo, da Escola de Frankfurt, blá-blá-blá, sempre bom lembrar certas pioneiras das lutas pelas mulheres e, sobretudo, a época em que atuaram (ou tentaram atuar). Em 1791, nem o Marx tinha nascido, né, gente? 

Declaração dos direitos da mulher e da cidadã - 1791

Este documento foi proposto à Assembléia Nacional da França, durante a Revolução Francesa (1789-1799). Marie Gouze (1748-1793), a autora, era filha de um açougueiro do Sul da França, e adotou o nome de Olympe de Gouges para assinar seus planfletos e petições em uma grande variedade de frentes de luta, incluindo a escravidão, em que lutou para sua extirpação. Batalhadora, em 1791 ela propõe uma Declaração de Direitos da Mulher e da Cidadãpara igualar-se à outra do homem, aprovada pela Assembléia Nacional. Girondina, ela se opõe abertamente a Robespierre e acaba por ser guilhotinada em 1793, condenada como contra revolucionária e denunciada como uma mulher "desnaturada".

PREÂMBULO

Mães, filhas, irmãs, mulheres representantes da nação reivindicam constituir-se em uma assembléia nacional. Considerando que a ignorância, o menosprezo e a ofensa aos direitos da mulher são as únicas causas das desgraças públicas e da corrupção no governo, resolvem expor em uma declaração solene, os direitos naturais, inalienáveis e sagrados da mulher. Assim, que esta declaração possa lembrar sempre, a todos os membros do corpo social seus direitos e seus deveres; que, para gozar de confiança, ao ser comparado com o fim de toda e qualquer instituição política, os atos de poder de homens e de mulheres devem ser inteiramente respeitados; e, que, para serem fundamentadas, doravante, em princípios simples e incontestáveis, as reivindicações das cidadãs devem sempre respeitar a constituição, os bons costumes e o bem estar geral.

Em conseqüência, o sexo que é superior em beleza, como em coragem, em meio aos sofrimentos maternais, reconhece e declara, em presença, e sob os auspícios do Ser Supremo, os seguintes direitos da mulher e da cidadã:

Artigo 1º

A mulher nasce livre e tem os mesmos direitos do homem. As distinções sociais só podem ser baseadas no interesse comum.

Artigo 2º

O objeto de toda associação política é a conservação dos direitos imprescritíveis da mulher e do homem Esses direitos são a liberdade, a propriedade, a segurança e, sobretudo, a resistência à opressão.

Artigo 3º

O princípio de toda soberania reside essencialmente na nação, que é a união da mulher e do homem nenhum organismo, nenhum indivíduo, pode exercer autoridade que não provenha expressamente deles.

Artigo 4º

A liberdade e a justiça consistem em restituir tudo aquilo que pertence a outros, assim, o único limite ao exercício dos direitos naturais da mulher, isto é, a perpétua tirania do homem, deve ser reformado pelas leis da natureza e da razão.

Artigo 5º

As leis da natureza e da razão proíbem todas as ações nocivas à sociedade. Tudo aquilo que não é proibido pelas leis sábias e divinas não pode ser impedido e ninguém pode ser constrangido a fazer aquilo que elas não ordenam.

Artigo 6º

A lei deve ser a expressão da vontade geral. Todas as cidadãs e cidadãos devem concorrer pessoalmente ou com seus representantes para sua formação; ela deve ser igual para todos. 
Todas as cidadãs e cidadãos, sendo iguais aos olhos da lei devem ser igualmente admitidos a todas as dignidades, postos e empregos públicos, segundo as suas capacidades e sem outra distinção a não ser suas virtudes e seus talentos.

Artigo 7º

Dela não se exclui nenhuma mulher. Esta é acusada., presa e detida nos casos estabelecidos pela lei. As mulheres obedecem, como os homens, a esta lei rigorosa.

Artigo 8º

A lei só deve estabelecer penas estritamente e evidentemente necessárias e ninguém pode ser punido senão em virtude de uma lei estabelecida e promulgada anteriormente ao delito e legalmente aplicada às mulheres.

Artigo 9º

Sobre qualquer mulher declarada culpada a lei exerce todo o seu rigor.

Artigo 10

Ninguém deve ser molestado por suas opiniões, mesmo de princípio. A mulher tem o direito de subir ao patíbulo, deve ter também o de subir ao pódio desde que as suas manifestações não perturbem a ordem pública estabelecida pela lei.

Artigo 11

A livre comunicação de pensamentos e de opiniões é um dos direitos mais preciosos da mulher, já que essa liberdade assegura a legitimidade dos pais em relação aos filhos. Toda cidadã pode então dizer livremente: "Sou a mãe de um filho seu", sem que um preconceito bárbaro a force a esconder a verdade; sob pena de responder pelo abuso dessa liberdade nos casos estabelecidos pela lei.

Artigo 12

É necessário garantir principalmente os direitos da mulher e da cidadã; essa garantia deve ser instituída em favor de todos e não só daqueles às quais é assegurada.

Artigo 13

Para a manutenção da força pública e para as despesas de administração, as contribuições da mulher e do homem serão iguais; ela participa de todos os trabalhos ingratos, de todas as fadigas, deve então participar também da distribuição dos postos, dos empregos, dos cargos, das dignidades e da indústria.

Artigo 14

As cidadãs e os cidadãos têm o direito de constatar por si próprios ou por seus representantes a necessidade da contribuição pública. As cidadãs só podem aderir a ela com a aceitação de uma divisão igual, não só nos bens, mas também na administração pública, e determinar a quantia, o tributável, a cobrança e a duração do imposto.

Artigo 15

O conjunto de mulheres igualadas aos homens para a taxação tem o mesmo direito de pedir contas da sua administração a todo agente público.

Artigo 16

Toda sociedade em que a garantia dos direitos não é assegurada, nem a separação dos poderes determinada, não tem Constituição. A Constituição é nula se a maioria dos indivíduos que compõem a nação não cooperou na sua redação.

Artigo 17

As propriedades são de todos os sexos juntos ou separados; para cada um deles elas têm direito inviolável e sagrado. Ninguém pode ser privado delas como verdadeiro patrimônio da natureza, a não ser quando a necessidade pública, legalmente constatada o exija de modo evidente e com a condição de uma justa e preliminar indenização.

CONCLUSÃO

Mulher, desperta. A força da razão se faz escutar em todo o Universo. Reconhece teus direitos. O poderoso império da natureza não está mais envolto de preconceitos, de fanatismos, de superstições e de mentiras. A bandeira da verdade dissipou todas as nuvens da ignorância e da usurpação. O homem escravo multiplicou suas forças e teve necessidade de recorrer às tuas, para romper os seus ferros. Tornando-se livre, tornou-se injusto em relação à sua companheira.


FORMULÁRIO PARA UM CONTRATO SOCIAL ENTRE HOMEM e MULHER

Nós, __________ e ________ movidos por nosso próprio desejo, unimo-nos por toda nossa vida e pela duração de nossas inclinações mútuas sob as seguintes condições: Pretendemos e queremos fazer nossa uma propriedade comum saudável, reservando o direito de dividi-la em favor de nossos filhos e daqueles por quem tenhamos um amor especial, mutuamente reconhecendo que nossos bens pertencem diretamente a nossos filhos, de não importa que leito eles provenham (legítimos ou não)e que todos, sem distinção, têm o direito de ter o nome dos pais e das mães que os reconhecerem, e nós impomos a nós mesmos a obrigação de subscrever a lei que pune qualquer rejeição de filhos do seu próprio sangue (recusando o reconhecimento do filho ilegítimo). Da mesma forma nós nos obrigamos, em caso de separação, a dividir nossa fortuna, igualmente, e de separar a porção que a lei designa para nossos filhos. Em caso de união perfeita, aquele que morrer primeiro deixa metade de sua propriedade em favor dos filhos; e se não tiver filhos, o sobrevivente herdará, por direito, a menos que o que morreu tenha disposto sobre sua metade da propriedade comum em favor de alguém que julgar apropriado. (Ela, então, deve defender seu contrato contra as inevitáveis objeções dos "hipócritas, pretensos modestos, do clero e todo e qualquer infernal grupo").

Fonte: Biblioteca Virtual de Direitos Humanos da USP - Declaração dos direitos da mulher e da cidadã - 1791 | Documentos anteriores à criação da Sociedade das Nações (até 1919) 

terça-feira, 30 de julho de 2013

Equador: exemplo do que o PT entende por "democratização da mídia"



Bom editorial de domingo do Estadão dando conta do que se esconde por trás da 'democratização da mídia' em curso no Equador, nos moldes do que o PT e seus cúmplices querem fazer por aqui. Destaco:

"....passa a ser crime o que a lei chama de "linchamento midiático", isto é, a difusão de informação com o objetivo de "desprestigiar uma pessoa natural ou jurídica ou reduzir sua credibilidade pública". Para Catalina, trata-se de um evidente constrangimento ao trabalho jornalístico dedicado a fiscalizar as ações irregulares ou criminosas de agentes públicos, pois qualquer noticiário a esse respeito poderá ser qualificado, segundo critérios arbitrários, de 'linchamento midiático'."

Equador sufoca a imprensa

Uma lei sancionada recentemente no Equador, cujo objetivo é "regular o exercício do direito à comunicação", tem o grande mérito de pôr no papel, com todas as letras, o assalto à liberdade de imprensa que vinha apenas se insinuando em bravatas, ameaças e manobras judiciais. Trata-se, portanto, de um documento importante para observar do que são capazes os bolivarianos quando, em nome de uma certa "democracia", se animam a calar os poucos e corajosos críticos que ainda restaram nos países reféns dessa ideologia autoritária.

O caráter evidentemente truculento dessa norma, chamada de Lei Orgânica de Comunicação, não escapou aos olhos da Organização dos Estados Americanos (OEA). A relatora especial de Liberdade de Expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, Catalina Botero, enviou uma carta ao chanceler equatoriano, Ricardo Patiño, em que chama a atenção para o fato de que "algumas disposições da lei podem ser incompatíveis com os padrões internacionais". Foi uma maneira elegante de denunciar o óbvio: a título de assegurar princípios da liberdade de expressão, a lei estabelece graves restrições a essa liberdade.

Catalina argumenta, em primeiro lugar, que a nova legislação trata o exercício da liberdade de expressão, por meio de quaisquer veículos de comunicação, como se fosse um serviço público. Desse modo, o Estado ganha "faculdades exorbitantes de regulação".

No artigo 18 da lei, por exemplo, está dito que "os meios de comunicação têm o dever de cobrir e de difundir os fatos de interesse público" e que "a omissão deliberada e recorrente" desses fatos "constitui um ato de censura prévia". Portanto, os meios de comunicação se verão obrigados a ignorar seus critérios de seleção do noticiário e publicar tudo aquilo que for considerado, sabe-se lá por quem, de "interesse público" - um termo elástico o bastante para servir aos propósitos estatais. É uma vergonhosa manobra para acusar de "censura" os meios de comunicação que se recusam a servir como porta-vozes do governo.

A nova lei também torna obrigatória em todas as redações, inclusive dos meios privados, a presença de um "defensor" dos telespectadores, ouvintes e leitores, escolhido por concurso público organizado por um órgão estatal. Os rapapés retóricos são incapazes de disfarçar o óbvio papel de censor que esse "defensor" será capaz de exercer. "Impor aos meios de comunicação a inclusão nas redações de uma pessoa escolhida por meio de um procedimento desenhado e implementado pelo Estado causa grande preocupação", disse Catalina.

O avanço autoritário sobre os veículos de comunicação no Equador é, no entanto, ainda mais amplo. A nova lei dita até mesmo como os jornalistas devem trabalhar, demandando, em seu artigo 22, que eles "recolham e publiquem, de forma equilibrada, as versões das pessoas envolvidas nos fatos narrados", e que as informações publicadas sejam "verificadas, contrastadas, precisas e contextualizadas".

Mais adiante, no artigo 26, esclarece-se a que se presta tamanho zelo: passa a ser crime o que a lei chama de "linchamento midiático", isto é, a difusão de informação com o objetivo de "desprestigiar uma pessoa natural ou jurídica ou reduzir sua credibilidade pública". Para Catalina, trata-se de um evidente constrangimento ao trabalho jornalístico dedicado a fiscalizar as ações irregulares ou criminosas de agentes públicos, pois qualquer noticiário a esse respeito poderá ser qualificado, segundo critérios arbitrários, de "linchamento midiático".

Por fim, para "supervisionar" o trabalho da imprensa, a nova legislação equatoriana criou a chamada Superintendência de Informação e Comunicação, um "organismo técnico de vigilância, auditoria, intervenção e controle, com capacidade punitiva". Um funcionário indicado pelo presidente da República será responsável por esse órgão, que concentrará poder suficiente para sufocar, com multas e sanções diversas, empresas de comunicação que não se alinharem ao pensamento único.

Fonte: Estado de SP, 28/07/2013

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