8 de Março:

A origem revisitada do Dia Internacional da Mulher

Mulheres samurais

no Japão medieval

Quando Deus era mulher:

sociedades mais pacíficas e participativas

Aserá,

a esposa de Deus que foi apagada da História

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Documentário Uma Noite em 67, registro imperdível do III Festival de Música Popular Brasileira


Era 21 de outubro de 1967. No Teatro Paramount, centro de São Paulo, acontecia a final do III Festival de Música Popular Brasileira da TV Record. Diante de uma plateia fervorosa - disposta a aplaudir ou vaiar com igual intensidade -, alguns dos artistas hoje considerados de importância fundamental para a MPB se revezavam no palco para competir entre si. As canções se tornariam emblemáticas, mas até aquele momento permaneciam inéditas. Entre os 12 finalistas, Chico Buarque e o MPB 4 vinham com "Roda Viva"; Caetano Veloso, com "Alegria, Alegria"'; Gilberto Gil e os Mutantes, com "Domingo no Parque"; Edu Lobo, com "Ponteio"; Roberto Carlos, com o samba "Maria, Carnaval e Cinzas"; e Sérgio Ricardo, com "Beto Bom de Bola". A briga tinha tudo para ser boa. E foi. Entrou para a história dos festivais, da música popular e da cultura do País. 

"É naquele momento que o Tropicalismo explode, a MPB racha, Caetano e Gil se tornam ídolos instantâneos, e se confrontam as diversas correntes musicais e políticas da época", resume o produtor musical, escritor e compositor Nelson Motta. O Festival de 1967 teve o seu ápice naquela noite. Uma noite que se notabilizou não só pelas revoluções artísticas, mas também por alguns dramas bem peculiares, em um período de grandes tensões e expectativas. Foi naquele dia, por exemplo, que Sérgio Ricardo selou seu destino artístico ao quebrar o violão e atirá-lo à plateia depois de ser duramente vaiado pela canção "Beto Bom de Bola". 

O documentário Uma Noite em 67, dirigido por Renato Terra e Ricardo Calil, mostra os elementos que transformaram aquela final de festival no clímax da produção musical dos anos 60 no Brasil. Para tanto, o filme resgata imagens históricas e traz depoimentos inéditos dos principais personagens: Chico, Caetano, Roberto, Gil, Edu e Sérgio Ricardo. Além deles, algumas testemunhas privilegiadas da festa/batalha, como o jornalista Sérgio Cabral (um dos jurados) e o produtor Solano Ribeiro, partilham suas memórias de uma noite inesquecível.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Renato Russo: Eu sou capitalista!

Crédito imagem: Foco Liberal 
Na nova onda de roqueiros posarem de liberais, descolaram o vídeo que posto abaixo do Renato Russo, dizendo com todas as letras que era capitalista. Em outras palavras, que ele precisava ganhar dinheiro para sobreviver. Apenas realismo, mas como virou um anátema alguém se dizer capitalista, sobretudo alguém que nunca se encaixou na visão que se têm dos capitalistas, vale o registro.

Nessa linha, contudo, não me agradou a última "polêmica" envolvendo o roqueiro Lobão que jogou merda no ventilador para promover seu livro recém-lançado, Manifesto do Nada na Terra do Nunca, misturando umas boas verdades com meias-verdades e críticas inadequadas a muitos outros artistas. Aliás, abriu-se um filão de vendas com a escrita e a fala de pseudoprovocadores que, entre palavrões e baixarias, vomitam um monte de clichês retrógrados sob a desculpa esfarrapada de serem rebeldes contra o politicamente correto. Se a princípio havia algo de saudável nessa atitude, ela se perdeu. Hoje o que existe é apenas muito poser fazendo de tudo para aparecer e vender às custas do saco cheio das pessoas com os esquerdiotismos vigentes. Esses posers estão somente acrescentando uma imagem caricata à visão já bem negativa que as pessoas têm dos liberais. Nada além. 

Não sei se Renato Russo, que tinha talento de sobra para se vender, iria descambar para essa vibe marqueteira a todo custo. Especulem, ouvindo o cara abaixo. Aproveito para também deixar uma resenha a respeito do filme 'Somos tão jovens'  sobre a juventude do cantor e compositor.

'Somos tão jovens' estreia e diretor já pensa em novo filme sobre Legião
Antônio Carlos da Fontoura lança longa sobre juventude de Renato Russo.  Ele diz que distribuidoras sondam e família permite 'parte 2': 'Seria bacana'.

"Ainda é cedo", brinca Antônio Carlos da Fontura, diretor de "Somos tão jovens", citando a música de Renato Russo, ao ser questionado sobre uma possível sequência de seu filme. O longa que mostra a juventude do músico, antes do estouro da Legião, estreia nesta sexta (3). Mas Fontoura diz que já foi sondado pelas distribuidoras Imagem Filme e Fox por uma continuidade e que o espólio do cantor dá essa opção. "Existe essa possiblidade e eu acharia muito bacana que isso acontecesse", diz o cineasta em entrevista em vídeo ao G1 (veja a entrevista acima). 


O cineasta também fala sobre a escolha do nome do filme que estreia agora. "O título original era "Religião urbana". mas o Dado e outras pessoas me disseram que o Renato odiava esse nome, porque achavam que estavam gozando ele, que ele era um pregador" Foi Dona Carminha, mãe de Renato Russo, quem exigiu o "Somos tão jovens". "Eu faço tudo o que você quiser pelo filme, porém, mude o título agora", ela disse para Fontoura, segundo o diretor.

Dado Villa-Lobos diz que o filme que estreia agora tem uma ideia bem fechada. "Eu acho que a história desse filme é essa história. O que veio depois todo mundo conhece, sabe mais ou menos o que é. Seria outra história, outro roteiro". Ele falou ao G1 ao lado de seu filho, Nicolau, que o interpreta no filme, e de Marcelo Bonfá, ex-colega de Legião (veja vídeo ao lado).

"Acho que esse outro [filme] vira um road movie, com uma banda e o que aconteceu no cenário dos anos 80 no Brasil", arrisca Dado. Nicolau cita "Almost famous" ["Quase famosos", "road movie" sobre rock de 2000] e Bonfá brinca ao citar "This is Spinal Tap", um falso documentário de 1984 sobre uma banda de heavy metal, completando a fala de Dado.

Nicolau, de 24 anos, diz que teve a dimensão do trabalho de Renato ao fazer o filme. "A coisa que mais me marcou, que eu realizei, é o tamanho da Legião e do Renato. A mobilização das pessoas em Brasília foi gigante para o filme. [Aprendi] a dimensão da Legião, porque eu peguei o finalzinho, sou de 88. Vamos ver o que vai acontecer nos cinemas, eu estou ansioso, e acho que tem tudo para ir muito bem".

terça-feira, 14 de maio de 2013

Contra o dualismo esquerda x direita

Roberto DaMatta
Mais um que aponta a obviedade da estupidez do fla-flu esquerda x direita ou da maldição do esquerdo-direitismo. Ótimo texto de Roberto DaMatta. 

Destaque: Ora, isso é o justo oposto de quem deseja que esquerda e direita sejam termos balizadores finais quando o que o momento demanda é que esse poderoso dualismo seja como as nossas mãos. Esses maravilhosos órgãos que nos tornam humanos e que podem ser usadas de modo diverso porque, como sabem os liberais, ambas tem um uso alternado e são importantes na nossa vida pessoal e coletiva.

Direita & esquerda

Não é por acaso que a esquerda tem sofrido de estadofilia, estadomania e estadolatria. Dai a sua alergia a tudo o que chega da sociedade e dos seus cidadãos

Hoje vou começar com espinhos — com uma dualidade que define o nosso mundo. Qual é o ponto central da oposição entre esquerda e direita — esse dualismo que levou tanta gente (de um lado e do outro) para a prisão, para a tortura, para o exílio, o abandono, a rejeição e a morte? Qual é o rumo desses lados?

Penso que a pior resposta cairia na decisão de ancora-los num fundamentalismo: numa oposição com conteúdo definitivo. Uma sendo correta e a outra errada já que sabemos que direita e esquerda admitem segmentações infinitas, pois toda esquerda tem uma esquerda mais a esquerda; do mesmo modo que toda direita também tem a sua direita extremadamente direitista. No plano religioso somos ainda dominados pelo sagrado (situado à "direita" do Pai); mas no plano político ninguém — pelo menos no Brasil — é de "direita". Como ninguém é rico ou poderoso.

Deus e o Diabo seriam os avatares dessa dualidade? Mas as dualidades não tendem a sumir quando delas nos aproximamos? Ademais, não seriam os dualismos, como sugere um antigo texto de Lévi-Strauss, modos de encobrir hierarquias porque um equilíbrio perfeito jamais existe, e a dualidade mistifica com perfeição as múltiplas diferenças entre grupos e pessoas, juntando tudo de um lado ou do outro ?

O ministro presidente do STF, Joaquim Barbosa — depois de fazer um diagnóstico impecável de nossa hierarquia e do nosso personalismo que realizam a indexação de pessoas, tirando-as da universalidade da lei; essas dimensões centrais do meu trabalho de interpretação do Brasil — disse que os principais jornais do país se alinhavam para a direita. Joaquim Barbosa seria meu candidato definitivo à presidência da república e estou certo que ele venceria no primeiro turno mas ao exprimir tal opinião eu acho, com devida vênia, que ele perdeu de vista o contexto sócio-político do Brasil.

Os jornais estão a "direita" porque todo o governo (e, com ele quase todo o Estado brasileiro) está englobado numa "esquerda" de receitas estatizantes que recobre o dualismo político inaugurado com a Revolução Francesa. A razão para o Estado figurar como o nosso personagem político mais importante e decisivo, revela um fato importante. A crença segundo a qual a nossa sociedade malformada, mestiça e doente (destinada, como diziam Gobineau e Agassiz, a extinção pelas enfermidades da miscigenação) teria que ser corrigida por um "poder público" centralizador, autoritário, aristocrático que varreria seus costumes primitivos, híbridos, intoleráveis e atrasados.

A "esquerda" sempre teve como central a ideia de que somente um "estado forte", poderia endireitar as taras, como dizia Azevedo Amaral, da sociedade brasileira. Essas depravações — carnaval, comida, sensualidade, dança, preguiça, musica popular... — de origem. Taras que um Estado devidamente "tomado" por pessoas bem preparadas (a honestidade não vinha ao caso porque não se tratava de uma questão de "moral", mas de "política") iria mudar por meio de decretos .

Não é por acaso que a esquerda tem sofrido de estadofilia, estadomania e estadolatria. Dai a sua alergia a tudo o que chega da sociedade e dos seus cidadãos. Coisas tenebrosas como meritocracia, lucro, ambição, mercado, competição e eficiência. Tudo o que afirma um viés não determinista do mundo.

Vivemos, graças a Procuradoria Geral da República e ao STF, um momento especial porque a "esquerda" foi posta à prova e, ato continuo, foi implacavelmente desnudada. Posta à prova definitiva do poder, ela revelou-se incapaz de honrar com os papeis sociais cabíveis na administração publica e de dizer não aos seus projetos mais autoritários. O resultado tem sido uma reação no sentido de modificação por decreto de mecanismos que buscam arrolhar a imprensa, o judiciário e o ministério público. O ideal, eis o vejo como reação, seria uma aristocratização total dos eleitos, tornando-os em seres inimputáveis. Seria isso algo de esquerda ou de direita?

Uma das forças da democracia é, como viu Tocqueville, a educação continua do seu estilo de vida. A próprio divisão de poderes demanda empatia e não antipatia entre eles. Do mesmo modo, a democracia leva a uma visão para além do econômico, do político, do religioso e do jurídico. É justamente o esforço de uma visão de conjunto que obriga as sociedades abertas a se redefinirem continuamente por meio do bom-senso que Joaquim Barbosa tem de sobra.

Ora, isso é o justo oposto de quem deseja que esquerda e direita sejam termos balizadores finais quando o que o momento demanda é que esse poderoso dualismo seja como as nossas mãos. Esses maravilhosos órgãos que nos tornam humanos e que podem ser usadas de modo diverso porque, como sabem os liberais, ambas tem um uso alternado e são importantes na nossa vida pessoal e coletiva.

Roberto DaMatta é antropólogo

Fonte: O Globo, 08/05/2013

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Sade Adu, bio da cantora e seu último show Bring Me Home

Sade em Bring Me Home (2011)
Uma de minha cantoras preferidas, Sade Adu, ou Helen Folasade Adu, nasceu em Ibadan, na Nigéria, filha de um professor de Economia nigeriano e uma enfermeira inglesa. O casal se conheceu em Londres quando ele estudava na London School of Economics e se mudou para a Nigéria logo depois de se casar.

Quando Sade tinha quatro anos, os pais se separaram, e a mãe a levou e ao seu irmão mais velho, Banji, de volta à Inglaterra, onde cresceram perto dos avós, em Essex. Embora apreciadora do soul americano,  desde menina, Sade se formou em moda, na St Martin's School of Art, e começou a cantar meio por acaso quando amigos de escola a convidaram para ajudar nos vocais de sua banda juvenil.

Sade descobriu que gostava de cantar e de compôr e, superando o medo dos palcos, começou sua carreira  com um grupo de funk chamado Pride (incrível imaginar a Sade num grupo de funk), com o qual percorreu a Inglaterra a partir de 1981. 

Em uma das turnês, o olheiro de uma gravadora descobriu Sade cantando Smooth Operator,  e, um ano e meio depois, lá estava ela assinando contrato com a Epic Records, com a condição de poder levar  três de seus colegas de banda que até hoje a companham: o saxofonista Stuart Matthewman, o tecladista Andrew Hale e o baixista Paul Denman. Em fevereiro de 1984,  Sade já emplacava o single Your Love Is King entre os 10 mais da Inglaterra, apresentando também ao mundo a bela, exótica e sensual figura da cantora.  Logo vieram os álbuns de sucesso, firmando sua carreira bem-sucedida. 

1984: Diamond Life
1985: Promise
1988: Stronger Than Pride
1992: Love Deluxe
2000: Lovers Rock
2002: Lovers Live (ao vivo)
2010: Soldier of Love

As interrupções prolongadas nas gravações entre um álbum e outro, sobretudo a partir dos anos 2000, deveram-se a percalços de sua vida particular, à sua decisão de dedicar-se à filha, nascida em 1996, e à família e à sua mudança de Londres para a região rural de Gloucestershire, onde vive até hoje. Só em 2010, Sade saiu da hibernação, lançou o álbum Soldier of Love e também fez uma turnê, em 2011, chamada Bring Me Home (em 2012, foi lançado o DVD e o CD do show) que posto abaixo. Veio também ao Brasil (e a besta aqui perdeu a chance de vê-la) quando concedeu entrevista ao Zeca Camargo do Fantástico que também se segue.

Avessa ao culto de celebridades, Sade é uma dessas cantoras que se elevou ao panteão das divas por seu estilo único e pela qualidade musical. Vale a pena ver e ouvir seu show. Sabe lá quando e se virá outro.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Animação conta a trajetória de Lula das fábricas ao status de assombração política do Brasil


Animação bem legal com música estilo Renato Russo. A trajetória de Lula desde as fábricas até o status de ex-presidente que não quer desencarnar do poder. E tudo que aprontou em sua trajetória!  

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