8 de Março:

A origem revisitada do Dia Internacional da Mulher

Mulheres samurais

no Japão medieval

Quando Deus era mulher:

sociedades mais pacíficas e participativas

Aserá,

a esposa de Deus que foi apagada da História

quinta-feira, 15 de abril de 2010

A falsa polêmica sobre a bandeira do arco-íris que Marina Silva teria escondido!

Simpatizo com Marina Silva. Veio de uma família numerosa de seringueiros do Acre e permaneceu analfabeta até os 15 anos de idade, quando iniciou seus estudos pelo antigo Mobral. Teve sérios problemas de saúde, como hepatite e contaminação por metais pesados quando ainda vivia no seringual.
Apesar da trajetória difícil (ao contrário de Lula que teve preguiça de estudar) foi à luta e se formou em História pela Universidade Federal do Acre. Atuou como professora secundária e depois entrou para a política, filiando-se ao PT, elegendo-se vereadora, deputada, senadora e, quando da ascensão de Lula ao poder, Ministra do Meio-Ambiente. Divergindo de Dilma Roussef sobre a questão ambiental, saiu do ministério do Meio-Ambiente e, no ano passado, deixou também o PT, para aventurar-se numa candidatura à Presidência da República pelo Partido Verde. Os sérios problemas de saúde que enfrentou, segundo consta, a levaram à religião, seguindo o cristianismo evangélico.

Já ouvi Marina em entrevista, e ela fala Português corretamente, em frases com começo, meio e fim. Traz na cara e no corpo as marcas de seu percurso difícil, mas é calma e segura. Apesar de evangélica, tem respeito pela diversidade humana, como já disse, o que agora reiterou num recente episódio envolvendo a bandeira do arco-íris.

Um vereador de seu partido, gay assumido, Sander Simaglio, entregou-lhe a bandeira do arco-íris, em evento em Minas Gerais, na esperança de que Marina a erguesse, um gesto de apoio simbólico que se iniciou anos atrás com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Segundo matéria da Folha, Marina teria escondido a bandeira, preocupada - como se especulou - com seu eleitorado evangélico, em geral homofóbico. No entanto, Marina decidiu responder a Sander, em seu blog, afirmando que passou a bandeira para sua assessora como fez com outros presentes dados na ocasião, mas que defende os direitos LGBT.  Declara ela no final da postagem em seu blog intitulada "O que penso a respeito do movimento LGBTs":
Na condição de pré-candidata à Presidência da República, me coloco como postulante a representar todos os brasileiros, independentemente do que pensam, de sua orientação sexual, do que crêem ou de sua militância. Minha história é meu compromisso. Política deve ser feita com respeito, sem proselitismo.
Por fim, reafirmo: ainda que minha conduta moral e ética integrem valores da fé cristã, que professo, não discrimino quem quer que seja e defendo plena cidadania para todos. O mesmo espero de todas as outras pessoas, candidatas ou não.

Não votarei em Marina, mas a respeito, pois ao contrário da candidata-fantasma petista, ela é dona de seu nariz, sujeito de sua própria existência (não marionete de homem algum), não massacra a língua portuguesa e defende causas justas (independente de eu concordar ou não com suas estratégias), além de ter uma trajetória coerente e sem manchas de corrupção. Sua fala, sobre a questão LGBT, me parece sincera. Fora isso, considero que sua candidatura traz um novo prisma para essa eleição.

Tenho esperanças que Serra ganhe e Marina venha a integrar seu governo. Ela tem abertura para isso e mérito também. Clique aqui para ver a íntegra da fala de Marina em seu blog.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Secretário do Vaticano culpa "homossexualismo" pela pedofilia de seus padres!

Incrível! Poderosos e hipócritas de todo o tipo, quando pegos no flagra de algo que contradiz veementemente seus discursos, sempre acham um bode-expiatório a quem responsabilizar por seus erros. A imprensa, sempre que traz à luz as falcatruas das autoridades políticas ou religiosas, é acusada de estar fazendo campanha contra o PT, a Igreja,  os evangélicos.

E claro, como a corda sempre rompe do lado mais fraco, grupos já naturalmente discriminados acabam levando a culpa pelos malfeitos alheios. Os nazistas culpavam os judeus por tudo, sobretudo pelo capitalismo, supostamente razão da crise econômica alemã, para justificar a imposição da progressiva perda de cidadania desse segmento social até chegar ao seu extermínio.

A Igreja Católica tem mantido uma cruzada contra os direitos das pessoas homossexuais e, agora, quando vários de seus membros são acusados de pedofilia (com crianças de ambos os sexos), pedofilia que parece ter sido acobertada pela Santa Madre por muito tempo, em vez de pedir perdão por sua leniência com os molestadores, vem a público afirmar que a culpa da pedofilia é do "homossexualismo" e não do absurdo celibato a que obriga padres de diferentes orientações sexuais. Disse o cardeal Tarcisio Bertone na abertura da 99ª assembleia plenária do episcopado chileno:

"Muitos psicólogos e psiquiatras já demonstraram que não há relação entre celibato e pedofilia, mas disseram-me recentemente que muitos outros demonstraram que há relação entre homossexualidade e pedofilia."

Quem são esses psicólogos e psiquiatrias que, contrariando a posição das associações de psicólogos e psiquiatras mundo afora, disseram semelhante absurdo? Vejam o vídeo abaixo da Globo sobre o assunto!

Também hoje, a Folha de São Paulo trouxe a público uma sequência de vídeos, com as técnicas utilizadas por pastores evangélicos, outros notórios combatentes dos direitos LGBT, a fim de enganar os trouxas e angariar fundos para a Igreja Universal do Reino de Deus durante a crise de 2008. Os vídeos foram fornecidos ao Ministério Público de São Paulo por um ex-voluntário da Igreja. Clique no link para ver a perfomance dos bispos.
Enfim, são esses os inimigos dos LGBTês que vivem nos acusando de ser anormais, contra a Bíblia, etc. Legal mostrar suas caras feias e hipócritas por trás da máscara da religiosidade.

sábado, 10 de abril de 2010

Biblioteca Virtual de livros brasileiros de ciências sociais

Vi este informe em outra página da Web e resolvi postar aqui também porque é de interesse público. Tem inclusive um portal chamado Plataforma Democrática, com vídeos e artigos sobre a democracia na América Latina, tema fundamental nos dias de hoje.

O Centro Edelstein de Pesquisas Sociais acaba de lançar um portal de entrada para as várias bibliotecas virtuais de acesso gratuito que desenvolve individualmente ou em parceria com outras instituições. Em particular gostaríamos de assinalar a criação da biblioteca virtual de livros brasileiros de ciências sociais, que disponibiliza livros já publicados que se encontram esgotados e os direitos autorais retornaram aos autores, ou seus direitos autorais ainda se encontram em mãos das editoras, mas estas autorizaram a colocação no site. Já estão disponíveis na biblioteca 60 livros que foram digitados e reeditados para facilitar o processo de leitura e impressão. Gostaríamos de poder contar com sua contribuição e envio de seus livros para formar parte do acervo da biblioteca (ver instruções aqui ).

Informamos que acabamos de lançar a biblioteca virtual sobre a Sociedade da Informação, que inclui 9.000 textos, em várias línguas. Igualmente seguimos trabalhando em parceria com a ScieLo na tradução de revistas latino-americanas para o inglês e na expansão da biblioteca virtual sobre a Democracia na América Latina, que conta com mais de 8.000 artigos e dezenas de vídeos como parte do Projeto Plataforma Democrática

Abraços, Bernardo Sorj

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Conservadores associam direitos homossexuais ao PT, suas ideias e mazelas!

Não canso de dizer que a ligação espúria do movimento LGBT com o PT, suas ideias e mazelas é uma lástima para nós, totalmente contraproducente. Só serve para dar aos conservadores um prato cheio de onde tirar mais munição para nos atacar.

Obviamente, os direitos homossexuais nada tem a ver com PT, suas linhas auxiliares (PCês, PSTU, PCO, PSOL...) nem com marxismos, comunismos, socialismos ou qualquer coisa que o valha. Os direitos homossexuais, como modernamente os conhecemos, são filhos das democracias liberais europeias e sobretudo da democracia norte-americana. O marco do movimento LGBT contemporâneo foi um evento ocorrido em um bar, chamado Stonewall, em Nova Iorque, em 1969, que deu origem ao Dia Internacional do Orgulho LGBT (ou orgulho gay). De lá para cá, o movimento tomou o mundo.

A esquerda marxista, comunista, socialista, etc., até a queda do muro de Berlim, até o fim das ditaduras comunistas no leste europeu e em parte da Ásia (1989-90), e até bem depois, considerava a homossexualidade (a que chamava - como a direita conservadora - de homossexualismo) um símbolo da decadência burguesa, vício burguês, por aí. Era tão execrada pela turma da Dilma Roussef quanto pela TFP.

Lula, em histórica entrevista ao jornal Lampião da Esquina (julho/1979), chegou a dizer que não havia homossexuais na classe operária, além de "argumentar" que as feministas eram todas burguesas desocupadas. O Movimento Revolucionário 8 de março (MR-8, Franklin Martins, Jucá Ferreira), durante o III Congresso da Mulher Paulista, em São Paulo (abril, 1981) quis porque quis impedir a participação das lésbicas no evento, pois lésbicas não seriam mulheres, veiculando charge, em seu jornal Hora do Povo, "em que apareciam, entre outras mulheres, duas lésbicas, uma tendo um ataque histérico ao ver mulheres do povo, enquanto a outra, caricaturalmente ‘machona’, tenta levá-la para casa". (Movimento Homossexual Brasileiro ou LGBT e as esquerdas: MR-8 não queria as lésbicas em congresso de mulheres).

A aproximação das esquerdas tradicionais da temática homossexual se dá, aqui no Brasil, a partir da década de noventa, e vai num crescendo pelo simples fato de que o movimento nacional e internacional pelos direitos homossexuais se tornou força política em todo o mundo. A questão homossexual se tornou evidente em todos os países livres, chamando a atenção dos diferentes partidos políticos de cada local. Em nosso país e na América Latina, dada à recidiva da esquerda autoritária no continente, são os partidos ligados a essa ideologia que vão cooptar e aparelhar a temática e o movimento LGBT.

Imprescindível salientar, contudo, que as mesmas reivindicações feitas aqui, pelos defensores dos direitos homossexuais, como o casamento civil homossexual, o direito de adoção de crianças por casais homossexuais, além de outras reivindicações de equiparação de direitos com a população heterossexual, continuam sendo feitas em todos os países desenvolvidos e NADA TEM A VER COM PTÊS, CORRUPÇÃO E AUTORITARISMO. Bem pelo contrário, os direitos homossexuais nasceram libertários e dependem da liberdade fornecida pelas democracias para sobreviver.

Dito isto, passo a uma análise de outro texto inacreditavelmente homofóbico (citei um outro recentemente), onde demonstro como os conservadores estão nos associando, como se não bastasse nos considerarem anormais, como corruptos, antidemocráticos, etc, em função da malfadada aliança do MHB chapa-branca de hoje com o PT e seus congêneres.

Um tal de Pr. Dr. Alberto Thieme criou a Associação de Defesa Contra a discriminação dos Heterossexuais (ADHT). Seria simplesmente uma piada (já a partir do nome) se esse cavalheiro não representasse um número expressivo de conservadores que circula por todos os sites e blogs enchendo as caixas de comentários com ataques aos direitos homossexuais que relaciona aos desmandos do PT.

Além de se posicionar como organização com a qual os homossexuais podem contar para se curar desse comportamento antinatural (Escreva-nos e indique a cidade onde mora e lhe indicaremos uma ONG que poderá lhe assistir e lhe ajudar a deixar esta pratica anti-natural.), ainda nos relaciona com a corrupção e o autoritarismo petistas:

Precisamos de sua ajuda, tornando-se membro e um lutador incansável em prol da família tradicional, do casamento apenas entre um homem e uma mulher, do combate a qualquer tipo de aborto, da defesa da heterossexualidade, do combate a pratica homossexual e lésbica e da luta para mantermos o Brasil um pais democrático, usando estratégias para combater o marxismo e o socialismo de esquerda. Queremos com isso, salvar nossos filhos, netos e bisnetos que poderão serem influenciados por esta lama que está sendo lançada com o apoio deste governo e do PT e seus associados que tem usado todos os meios ilegais, falcatruas políticas, escândalos financeiros para se conservarem no governo, vindo a ser um governo ditatorial, como já demonstrou estar começando a ser.

E continua: A ADHT também combaterá todos que tentarem impor a filosofia Marxista ou ditatorial no Brasil para que seja mantida a democracia conquistada a duras custas. ... Nosso alvo também será o de proteger nossas crianças de influencias homossexuais e das políticas marxistas. Isto posto qualquer evidencia de pregação marxista ou ditatorial será imediatamente combatida pela ADHT e seus responsáveis responsabilizados de acordo com a lei vigente.....Lutaremos abertamente também contra os desmandos deste governo, onde a corrupção financeira e política corre a solta e que está fazendo uso das associações homossexuais e ativistas como fizeram outros ditadores no passado, usando o Nazismo, o fascismo e outras filosofias ditatoriais para enganar o povo, vindo por fim a tirar vantagem do poder, tornando-se ditadores e matando, ou calando para sempre a todos que se opuseram a seus governos. Isto Já estamos vendo acontecer com a perseguição a todos quem se postam contra o homossexualismo, e religiões africanas ferindo a liberdade prevista no artigo V da Constituição Brasileira, ou seja o decreto Lei imposto por Lula contra os cristãos e judeus, o cancelamento das leis relativas ao casamento e a família, a destruição do direitos de propriedade e outras ações antidemocráticas, é uma clara evidencia de que por trás existe o interesse da implantação de um regime ditatorial para que de alguma forma perpetuar o atual presidente no Poder através do PT e seus aliados.

Também posiciona os héteros como vítimas de preconceito, ironicamente no melhor estilo petista de ser: Aplicar-se-a o crime de discriminação heterofóbica a todos que tentarem denegrir a imagem de um heterossexual ou mulher normal (não lésbica) caluniando, difamando ou discriminando ao chamá-lo de homófobo. ...Qualquer cidadão brasileiro ou residente no Brasil poderá contar com os serviços e apoio da ADHT para defesa de acusação de homofobia ou para se defender da heterofobia.

O blog onde se encontrava o texto integral dessa maravilha foi deletado. O e-mail da peça autora desse texto prodigioso é Defesa_hetero@yahoo.com e parece ainda estar válido.

Para finalizar, cumpre ressaltar que estamos simplesmente às voltas com autoritários de várias cores, todos cinicamente falando de democracia enquanto a vilipendiam. São no fundo farinha do mesmo saco, são o imã em forma de ferradura onde os extremos praticamente se tocam e juntos atraem o que de pior a humanidade já produziu. A única coisa de certo nesse texto lastimável que citei acima é quando o tal Alberto afirma que "este governo, onde a corrupção financeira e política corre a solta, está fazendo uso das associações homossexuais e ativistas como fizeram outros ditadores no passado."

No mais, esse democrata-cristão é tão democrata quanto os petistas e outros representantes da esquerda autoritária sempre foram e o são. Ambas as correntes querem impor sua visão de mundo ao conjunto da sociedade, ambas se acham donas da razão em nome de Deus, da Bíblia, ou de Marx, dos proletários, dos oprimidos. Umas invocam a tradição, outras a revolução, mas o resultado é sempre o mesmo: autoritarismo, ditaduras, censura, direitos desiguais, falta de direitos. Ambos posam de vítimas quando, de fato, são os algozes.

E sem dúvida algozes da igualdade, da inteligência, da livre expressão, componentes fundamentais da democracia, democracia que de fato nada tem a ver com nenhuma dessas perspectivas. Democracia implica exatamente o oposto do que essa gente propaga. Implica respeito às diferenças de pensamento, de credo, de etnia, de gênero, de orientação sexual. Implica capacidade de conviver com a diversidade humana, sem querer reduzi-la a um mínimo denominador comum.

Direitos iguais, nem mais nem menos precisa urgentemente voltar a ser o nosso refrão, nossa bandeira contra os fundamentalistas de todas as cores e de todos os tempos. Estes que se encontrem lá nos confins do inferno, de onde nunca deveriam ter saído ou voltado, para ficar discutindo quem é que tem mais razão.

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