8 de Março:

A origem revisitada do Dia Internacional da Mulher

Mulheres samurais

no Japão medieval

Quando Deus era mulher:

sociedades mais pacíficas e participativas

Aserá,

a esposa de Deus que foi apagada da História

domingo, 25 de outubro de 2009

Um blog e um site muito legais: contra a racialização do Brasil e Race: Are we so different?

Nestes tempos bicudos, de retorno de autoritarismos que pensávamos sepultados, de racistas e racialistas, é sempre bom checar alguns sites e blogs que iluminam a escuridão dos tempos. Sobre o racialismo (ou racismo), vale checar o blog de vários autores, entre eles o sociólogo Demétrio Magnoli, onde se encontram muito bem fundamentadas as razões para se combater essa sandice que quer nos dividir em brancos ou negros, isso num país fundamentalmente mestiço como o Brasil. O blog se  chama contra a racialização do Brasil. Imprescindível. Nele encontrei também o site da associação de Antropologia Americana,  Race: Are we so different? (Raça: Somos assim tão diferentes?) que, a partir de várias perspectivas, demonstra como esse negócio de raça é uma tremenda bobagem. Pra quem lê em inglês, também imprescindível.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Da série "Uma imagem vale mais do que mil palavras"

A foto ao lado (de Wilson Júnior, Agência Estado) dá bem uma dimensão de a quantas anda a guerra do narcotráfico no Rio. Crivaram um fulano de balas e botaram num carrinho de supermercado na via pública. Crianças e uma senhora observam a curiosa compra. Rapazes ao fundo parecem conversar alheios ao presunto.

Hoje o número de mortos chegou a 33, e um dos policiais do helicóptero abatido na batalha foi enterrado, entre lágrimas e salvas de tiro, como herói.

No sábado, em entrevista à Globo, uma líder comunitária só sabia dizer que a situação era fruto do abandono da população à própria sorte pela sociedade e o governo. Que, se as autoridades investissem no "social", isso não existiria. Como se o narcotráfico fosse uma decorrência estrita da pobreza. Falta explicar porque, em todas as favelas, a maioria da população de baixa renda não está envolvida com a bandidagem. Bem ao contrário, é uma das grandes vítimas dela.

E é sempre a mesma história: enquanto a dita "esquerda" vem com essa ladainha vitimista, a "direita" quer simplesmente o bandido morto e acabou. Como em tudo mais, está na hora de superar essa dicotomia e buscar soluções que combinem apoio social e repressão mesmo (dentro da legalidade). Depois de tantos anos de negligência, agora não vai mais se conseguir resgatar os morros cariocas só com ações sociais. Muito menos com um presidente da república que vai para a Bolívia visitar o amiguinho Evo Morales e bota um colar de folhas de coca para demonstrar seu apoio às culturas ilícitas.

domingo, 4 de outubro de 2009

Te Recuerdo Amanda! de Vitor Jarra, com Mercedes Sosa


Mercedes Sosa (Tucumán, 9 de julho de 1935 — Buenos Aires, 4 de outubro de 2009), foi uma cantora argentina de música folclórica, entre outras, apelidada de La Negra pelos longos e lisos cabelos negros,que fez muito sucesso na época das ditaduras militares na América Latina (décadas de 60 a 80).
Tinha voz de contralto e vasto repertório engajado, combinando com seu ativismo de esquerda, tendo se tornando uma das grandes expoentes da chamada Nueva Canción, um movimento musical latino-americano da década de 60, com raízes africanas, cubanas, andinas e espanholas. Atuou com conterrâneos como os músicos  León Gieco, Charly García, Antonio Tarragó Ros, Rodolfo Mederos e Fito Páez, e outros latino-americanos como Milton Nascimento, Fagner e Silvio Rodríguez, além de Beth Carvalho.

No Brasil, ficou mais conhecida pela música Gracias a La Vida que Elis Regina também gravou em português. Pessoalmente, sempre preferi uma de suas interpretações não tão famosas, Te Recuerdo Amanda, uma canção de amor que, embora não deixe de ser engajada, é fundamentalmente uma canção de amor, que fala da fragilidade e da impermanência humanas. Abaixo a letra e o vídeo com a música, como um pequeno tributo a essa cantora que também marcou a minha juventude.

Te recuerdo Amanda
la calle mojada
corriendo a la fabrica donde trabajaba Manuel

La sonrisa ancha, la lluvia en el pelo,
no importaba nada
ibas a encontrarte con el,
con el, con el, con el, con el

Son cinco minutos
la vida es eterna,
en cinco minutos

Suena la sirena,
de vuelta al trabajo
y tu caminando lo iluminas todo
los cinco minutos
te hacen florecer
Te recuerdo Amanda
la calle mojada
corriendo a la fabrica
donde trabajaba Manuel

La sonrisa ancha
la lluvia en el pelo
no importaba nada,
ibas a encontrarte con el,
con el, con el, con el, con el

Que partió a la sierra
que nunca hizo daño,
que partió a la sierra
y en cinco minutos,
quedó destrozado

Suenan las sirenas
de vuelta al trabajo
muchos no volvieron
tampoco Manuel

Te recuerdo Amanda,
la calle mojada
corriendo a la fábrica,
donde trabajaba Manuel.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Resultado das cotas raciais na África do Sul: brancos pobres!

Reportagem sobre os efeitos daninhos das cotas raciais na África do Sul: o país conseguiu produzir uma classe média negra com elas, mas a maioria dos negros permaneceu pobre e, sobretudo, brancos começaram a ser discriminados no mercado de trabalho e se tornaram pobres também. O vídeo está em francês, mas é legendado em português. Postei uma versão já legendada, mas, caso não apareça para você, basta ir ao You Tube e clicar no triângulo no canto direito da tela do vídeo. Fundamental para nós, brasileiros, que estamos às voltas com essa história de cotas por aqui.

Aproveito para indicar o livro do professor Demétrio Magnoli, Uma Gota de Sangue, que acaba de ser lançado, sobre este tema. No site Millenium, estão vendendo a obra com um bom desconto. Clique aqui para acessar. Para que o nosso Brasil continue a ser o mulato inzoneiro que sempre cantamos em nossos versos. A melhoria da vida de negros e pardos em nossa terra passa pelo acesso destes à boa educação acadêmica não pela mamataria ou pela mediocracia. O mesmo se diga para os brancos pobres e para tod@s as/os cidadãs e cidadãos do nosso país.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Honduras - República de Bananas - Merval Pereira


O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, e o protoditador venezuelano Hugo Chávez encarregaram-se em questão de poucas horas de desmontar a versão oficial de que as autoridades brasileiras nada sabiam sobre a sua estratégia de regressar ao país e abrigar-se na embaixada brasileira em Tegucigalpa. Falando à rádio Jovem Pan, o presidente deposto, Manuel Zelaya, disse que a escolha da representação diplomática brasileira foi uma “decisão pessoal”, depois de consultas feitas ao presidente Lula e ao chanceler Celso Amorim.

Já Chávez revelou, rindo, como “enganou” todo mundo, monitorando a viagem de Zelaya através de um telefone via satélite, e que quando todos esperavam que o presidente deposto estaria em Nova York, para a reunião da ONU, ele “se materializou” na embaixada brasileira.

A reboque da estratégia bolivariana, o governo brasileiro está participando de uma farsa política com ares de “república de banana”, só que dessa vez o papel de interventor não é dos Estados Unidos, mas do Brasil, conivente com a irresponsabilidade de Chávez.

Um advogado paulista, Lionel Zaclis, doutor e mestre em Direito pela USP, publicou no site “Consultor Jurídico” um estudo detalhado sobre o processo de destituição do presidente hondurenho, à luz da Constituição do país, e chegou à conclusão de que não houve golpe de Estado.

Segue um resumo de seu relato: “De acordo com a Constituição de Honduras, como destacamos aqui ontem, o mandato presidencial tem o prazo máximo de quatro anos (artigo 237), vedada expressamente a reeleição.

Aquele que violar essa cláusula, ou propuser-lhe a reforma, perderá o cargo imediatamente, tornando-se inabilitado por dez anos para o exercício de toda função pública.” “(...) Em 23 de março de 2009, o presidente Zelaya baixou o Decreto Executivo PCM-05-2009, estabelecendo a realização de uma consulta popular sobre a convocação de uma assembleia nacional constituinte para deliberar a respeito de uma nova carta política.” “(...) Em 8 de maio de 2009, o Ministério Público promoveu, perante o ‘Juzgado de Letras Del Contencioso Administrativo’ de Tegucigalpa, uma ação judicial contra o Estado de Honduras, pleiteando a declaração de nulidade do decreto (...).” “(...) E, como tutela antecipatória, que foi aprovada, requereu-lhe a suspensão dos efeitos, sob o fundamento de que produziria danos e prejuízos ao sistema democrático do país, de impossível ou difícil reparação, e em flagrante infração às normas constitucionais e às demais leis da República, para não falar dos prejuízos econômicos à sociedade e ao Estado, tendo em vista a dimensão nacional da consulta.” “(...) Em 3 de junho, o Juizado proibiu o presidente Zelaya de continuar a consulta.

Contra essa decisão, impetrou ele um Recurso de Amparo — similar ao nosso Mandado de Segurança — perante a Corte de Apelações do Contencioso Administrativo, o qual foi rejeitado em 16 de junho.” “(...) Assim, o Juizado do Contencioso Administrativo expediu, no dia 18 de junho, uma segunda ordem contra o presidente, tendo uma terceira sido expedida nesse mesmo dia. Em virtude dessa desobediência, o promotor-geral da República ofereceu, perante a Suprema Corte, denúncia criminal contra o presidente Zelaya, sustentando configurar sua conduta crimes de atentado contra a forma de governo, de traição à pátria, de abuso de autoridade e de usurpação de funções, em prejuízo da administração pública e do Estado.” “(...) A Suprema Corte aceitou a denúncia em 26 de junho, com fundamento no art. 313 da Constituição e designou um magistrado para instruir o processo.

Foi decretada a prisão preventiva do denunciado, com o que foi expedido mandado de captura, cujo cumprimento ficou a cargo do chefe do Estado-Maior das Forças Armadas.” “(...) No mesmo dia, o Juizado de Letras do Contencioso Administrativo deu ordem às Forças Armadas para suspender a consulta pretendida pelo presidente Zelaya e tomar posse de todo o material que nela seria utilizado.” “(...) O presidente Zelaya, então, ordenou ao chefe do Estado-Maior das Forças Armadas que distribuísse o material eleitoral de qualquer modo, porém o último, invocando a ordem judicial, se negou a fazê-lo, ao que foi destituído, tendo, em seguida, impetrado junto à Suprema Corte um recurso de amparo para ser reconduzido ao cargo.” “(...)

Em 25 de junho a Suprema Corte cassou o ato do presidente Zelaya, sob o fundamento de que a remoção do chefe do Estado Maior das Forças Armadas constitui ato privativo do Congresso Nacional nos termos do artigo 279 da Constituição.” “Uma frase famosa na diplomacia brasileira é a do chanceler do governo Geisel Azeredo da Silveira, que vivia repetindo: “O Brasil não pode dar a impressão de que é uma Honduras”.

A preocupação tinha sentido: Honduras é o país inspirador do termo “República de bananas” ou “República bananeira” cunhado pelo escritor americano O. Henry, pseudônimo de William Sydney Porter, que, no livro de contos curtos Cabbages and Kings, (Repolhos e Reis) de 1904, usou pela primeira vez a expressão, que passou a designar um país atrasado e dominado por governos corruptos e ditatoriais, geralmente na América Central.

O principal produto desses países, a banana, era explorado pela famosa United Fruit Company, que teve um histórico de intromissões naquela região, especialmente Honduras e Guatemala, para financiar governos que beneficiassem seus interesses econômicos, sempre apoiado pelo governo dos Estados Unidos.

A cláusula pétrea da Constituição de 1982 de Honduras tinha justamente o objetivo de cortar pela raiz a possibilidade de permanência no poder de um presidente, pondo fim à tradição caudilhesca no país.

Fonte: O Globo, 25/09/09

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