8 de Março:

A origem revisitada do Dia Internacional da Mulher

Mulheres samurais

no Japão medieval

Quando Deus era mulher:

sociedades mais pacíficas e participativas

Aserá,

a esposa de Deus que foi apagada da História

domingo, 18 de janeiro de 2009

E - afinal - a Catarina ficou com a Stella?

O autor de A Favorita, João Emanuel Carneiro, depois de gravar a despedida de Stella e Catarina, com Stella assumindo a paixonite não correspondida pela amiga, e tudo terminando em lágrimas e abraços e exclamações de futuras saudades pra cá e pra lá, mudou de idéia ao fim e ao cabo e, no último capítulo da novela, botou as duas indo juntas para Buenos Aires.

Stella diz para a amiga que estava feliz por ela ter aceito o convite para viajar, Catarina diz que era tudo influência dela (Stella) estar indo tomar avião, etecetera... Uma conversa meio mole, meio sonsa, aparentemente ainda só de amigas, mas, considerando o papo ocorrido quando Stella assumiu seu amor por Catarina, sem dúvida pelo menos ambígua.

Aí já não dava mais para a Catarina dizer que não sabia com quem estava se metendo, né? Se eu fosse a Stella, encararia a mudança súbita da situação com muitas esperanças. E você como se sentiria?

E como viu esse final feliz meia-boca entre as duas?

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Ne me quitte pas, ainda na onda de Maysa, quando fala o coração!

Ainda na onda da Maysa redescoberta, Ne me quitte pas, com tradução!

E o autor do livro Maysa - Só numa multidão de amores, Lira Neto, no qual é baseada a minissérie, está metendo o pau no roteiro da versão televisiva da trajetória da diva.

Diz que 90% do que a gente tá vendo é pura ficção. Mandaram a personagem histórica pro espaço, reduziram-na a uma menina mimada e autodestrutiva, tirando o caráter do seu drama existencial.

Fora distorções históricas importantes como omitir que Maysa foi, apesar de rainha da fossa, e não apenas por causa de Boscôli, que também não era tão cafajeste como retratado na minissérie, uma das primeiras cantoras brasileiras a gravar bossa-nova já em 1957.

Se Lira Neto está querendo vender seu livro que, lançado em abril de 2007, também está bombando mais do que nunca, fez o marketing certo. Licença poética a gente entende, mas, quando a distorção histórica é grande, me dá o maior bode. Daí que lá vou eu comprar o livro. Aliás, em um dos posts do blog do livro, uma entrevista com o jornalista Lira Neto, para a International Magazine, registra-se a razão porque Maysa já mereceu 2 posts por aqui. Vale a pena ler a entrevista. Cito:

"Maysa está de volta à cena em biografias e discos tributos. Trinta anos após sua morte, a cantora e compositora que desafinou do coro dos contentes de seu tempo é relembrada por sua voz, suas composições e, principalmente, por sua personalidade. O livro Maysa: Só numa multidão de amores, do jornalista Lira Neto, é um dos responsáveis pelo retorno dessa mulher/mito que teve seus imensos olhos verdes descritos pelo poeta Manoel Bandeira como "dois oceanos não pacíficos".
Segue também a letra de Ne me quitte pas.



Ne Me Quitte Pas
Jacques Brel
Composição: Paroles et Musique: Jacques Brel 1959

Ne me quitte pas
Il faut oublier
Tout peut s'oublier
Qui s'enfuit déjà
Oublier le temps
Des malentendus
Et le temps perdu
À savoir comment
Oublier ces heures
Qui tuaient parfois
À coups de pourquoi
Le coeur du bonheure
Ne me quitte pas (x4)

Moi je t'offrirai
Des perles de pluie
Venues de pays
Où il ne pleut pas
Je creuserai la terre
Jusqu'après ma mort
Pour couvrir ton corps
D'or et de lumière
Je ferai un domaine
Où l'amour sera roi
Où l'amour sera loi
Où tu seras reine
Ne me quitte pas (x4)

Ne me quitte pas
Je t'inventerai
Des mots insensés
Que tu comprendras
Je te parlerai
De ces amants là
Qui ont vu deux fois
Leurs coeurs s'embrasser
Je te raconterai
L'histoire de ce roi
Mort de n'avoir pas
Pu te rencontrer
Ne me quitte pas (x4)

On a vu souvent
Rejaillir le feu
De l'ancien volcan
Qu'on croyait trop vieux
Il est paraît-il
Des terres brûlées
Donnant plus de blé
Qu'un meilleur avril
Et quand vient le soir
Pour qu'un ciel flamboie
Le rouge et le noir
Ne s'épousent-ils pas
Ne me quite pas (x4)

Ne me quite pas
Je ne veux plus pleurer
Je ne veux plus parler
Je me cacherai là
À te regarder
Danser et sourire
Et à t'écouter
Chanter et puis rire
Laisse-moi devenir
L'ombre de ton ombre
L'ombre de ta main
L'ombre de ton chien
Ne me quitte pas (x4)

sábado, 10 de janeiro de 2009

A ética do outing: Quando é válido assumir os outros!

Coming out of the closet é a expressão em inglês que, na tradução para o português, virou o célebre sair do armário. Sair do armário é quando uma pessoa decide assumir sua homossexualidade ou qualquer outra preferência sexual não-ortodoxa publicamente.

Outing, por sua vez, é a expressão também em inglês que designa o ato de tirar alguém do armário à revelia. Ação política controversa, pois implica expor a privacidade alheia, ela divide opiniões em sua aplicação, mas vem sendo utilizada cada vez mais em todo o mundo.

Para alguns ativistas LGBT, o outing deveria ser feito com todos os enrustidos, pois eles contribuem pouco ou nada para o avanço dos direitos humanos LGBT, embora se beneficiem imensamente dos ganhos conquistados pelos que tiveram a coragem de se assumir.

O argumento é consistente, mas esbarra no fato de que as pessoas dependem de empregos para sobreviver, e a homossexualidade, ou qualquer outra atividade sexual diferente da heteronormalidade tradicional, pode ainda ser motivo de demissão no trabalho, pode criar problemas na relação da pessoa com a família e mesmo em seu círculo pessoal de socialização.

Por essa razão, o outing indiscriminado, mesmo de celebridades, não costuma ser bem aceito. Prefere-se incentivar as pessoas a que se assumam espontaneamente no seu ritmo de autoaceitação para que o sair do armário se dê com o mínimo de problemas em relação ao entorno de cada um(a).

Entretanto, há uma variante do outing que tem ganho cada vez mais adeptos: o outing de pessoas que, embora pertencentes a minorias sexuais, atuam contra os direitos dessas minorias ou contra membros dessas minorias, por razões pessoais egoístas, como ascender na carreira, ou para prejudicar um desafeto.

Nesses casos, o outing é não só moralmente justificável como necessário. Ao não fazê-lo, principalmente contra gente influente, permite-se que essas pessoas continuem agindo em prejuízo da comunidade ou dos indivíduos aos quais atingem diretamente. O silêncio e a inação da comunidade em relação a essas pessoas torna a todos cúmplices de suas atitudes hipócritas e deploráveis. Pelo contrário, ao assumi-las, encoraja-se pelo menos algumas delas a pensar duas vezes antes de repetir as mesmas ações no futuro.

Concordo inteiramente com essa última perspectiva. Pior do que os que lutam contra nossos direitos, não sendo da comunidade, só mesmo os que, sendo do meio, atuam contra os interesses coletivos ou contra membros da comunidade por razões mesquinhas.

Obviamente, não se fala aqui de pessoas que são discretas simplesmente, reservadas, e não ficam levantando bandeira a toda hora e em todo o lugar. Essas pessoas agem naturalmente, não escondem que são LGBT mas também não ostentam, não podendo, portanto, ser classificadas como “no armário” muito menos como traidoras da causa.

Fala-se aqui de enrustidos que chegam ao ponto de difamar e perseguir outros membros da comunidade enquanto secretamente continuam mantendo relações não-heterotradicionais. Estes devem ser assumidos para expor sua hipocrisia e destruir sua má influência.

O outing às vezes é mal-visto porque utilizado também por pessoas sem princípios que invadem a privacidade alheia para faturar com matérias sensacionalistas ou para simplesmente prejudicar alguém. Principalmente celebridades costumam sofrer com a imprensa marrom que não mede esforços para divulgar detalhes picantes da vida íntima de artistas, políticos e gente influente em geral.

Nesse quesito, não só a homossexualidade de alguns mas também o fetichismo de outros são um prato cheio para os escândalos. Em março do ano passado, o presidente da FIA (Federação Internacional de Automobilismo), Max Mosley, foi vítima desse tipo de ação antiética. Um vídeo, em que ele aparece em cenas sadomasoquistas de temática nazi com algumas mulheres, foi divulgado na Internet, pelo tablóide inglês News of The World, e virou um escândalo total.

Mosley foi várias vezes ameaçado de demissão e afirmou que a revelação devastou sua família. De qualquer forma, conseguiu dar a volta por cima, assumiu suas preferências e até conseguiu processar o jornal por invasão de privacidade. Segundo o presidente da FIA, a divulgação das imagens foi obra de alguém da área do motor a fim de desestabilizá-lo.

Naturalmente, o outing político nada tem a ver com esse tipo de ação mercantilista e de má-fé. Ele é estritamente destinado aos hipócritas que, embora membros de uma comunidade estigmatizada, usam dos estigmas que a afetam para atacar indivíduos dessa mesma comunidade ou para, ao combater a luta pelos direitos dessa comunidade, usufruir de benesses pessoais. O outing dessas pessoas é, nessas circunstâncias, como afirma o ativista Peter Tatchell, da aguerrida organização inglesa OutRAge, a quem devo muitas das idéias desse artigo, uma potente técnica de autodefesa queer.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Maysa, Quando Fala o Coração

A minissérie Maysa, Quando Fala o Coração, está bombando no IBOPE. Não pude deixar de segui-la, como a maioria (É, de vez em quando, eu me afino com a maioria), e curtir a trajetória dessa mulher tão intensa, bela e sofrida.

Ainda não tenho uma avaliação bem clara da série, pois está em seus primeiros capítulos, mas venho apreciando a história. Alguns atores me parecem um pouco empostados, dando um ar de documentário à série mais do que de narrativa dramática simplesmente.

A Larissa Maciel, que interpreta Maysa, me pareceu também um pouco forçada a princípio, mas agora, já no quarto capítulo, acho que começou realmente a encarnar a diva. Só seus esforços para emular a cantora já valem um bom conceito. Deve ter ficado muito tempo (dizem que 8 meses) assistindo os vídeos da Maysa para imitar seus trejeitos.

Mas eu não sabia que a Maysa, além de beber que nem um gambá (de onde saiu essa expressão?), armava também tantos escândalos e barracos. Já andam dizendo que ela foi a versão alcoólica e brasileira da Amy Winehouse...rsss que também capricha na maquiagem carregada nas pálpebras.

O fato é que a mulher emplacou muitos sucessos dor-de-cotovelo e de fossa, como se dizia, deixando indeléveis, na memória coletiva, os hits Ouça e Meu Mundo Caiu. Como não há nesse mundo quem, em fase adulta, não tenha curtido uma dor de amor, dá para entender o porquê do sucesso de ontem e de hoje da cantora.

Historicamente falando, a aproximação da Maysa da bossa nova, via o amante Ronaldo Bôscoli, também é interessante de se ver. A bossa nova vai desanuviar os ouvidos e a paisagem da música brasileira. Tudo fica light, mesmo quando a letra tem tom menor. A imagem da mulher passa de fatal destruidora de homens, dos sambas-canção do Lupicínio e outros, à musa (olha que coisa mais linda, mais cheia de graça...), o amor perde as tintas carregadas e os fins-de-caso não dão mais vontade de se pendurar no lustre.

Mas os anos 50, 60 e 70, de diferentes formas, foram mesmo as décadas do excesso, bossa-nova à parte. Era como se muita energia reprimida tivesse explodido em muitas contravenções, contraculturas, rebeldias meio autofágicas de toda uma coletividade. Maysa foi apenas um de seus produtos de boa qualidade. É bom revê-la e ouvi-la de novo, como no vídeo abaixo, quando esteve no Japão, cantando Manhã de Carnaval.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Baila Comigo: Dança de Salão para o público LGBT

Conheci Giovane Salmeron durante as comemorações do Dia do Orgulho Lésbico (19 de agosto) de 2006, quando ele ministrou uma aula de dança de salão para as participantes do evento, introduzindo-as nos primeiros passos do mambo e do bolero, culminando com um arretado forró. Após uma hora e meia de bailado, todas estavam suadas e exaustas, mas com sorrisos radiantes pela dinâmica e a diversão da atividade.

Em outubro de 2008, Giovane abriu seu próprio espaço em São Paulo onde também desenvolve o projeto Duco et Ducitur (do latim “conduzo e sou conduzido”) para o público LGBT. Como ele disse - e eu concordo -, "A Dança, enquanto prática social, nos dá a sensação de pertencimento e estabilidade de que tanto precisamos e merecemos."

Entrevistei Giovane para o site da Um Outro Olhar e convido a tod@s para ler a entrevista:
http://www.umoutroolhar.com.br/entrevistas_bailacomigo.htm

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