terça-feira, 30 de agosto de 2022
Mary Shelley: aniversário da criadora do clássico de terror e ficção Frankenstein, o Prometeu Moderno
quinta-feira, 25 de agosto de 2022
Geneticista molecular contesta a ideia surreal de mulher como um mero sentimento dos dias atuais
Peter Boghossian entrevista geneticista molecular |
Em espécie de debate, promovido pelo filósofo e pedagogo Peter Boghossian em Berkeley, Universidade da Califórnia, em 19/04/2022, uma geneticista molecular respondeu porque discorda veementemente que transfemininas sejam consideradas legalmente mulheres.
Geneticista molecular, em debate sobre transfemininas, responde: "Mulheres internalizaram a misoginia a tal ponto q o conforto dos homens tem precedência sobre a segurança das mulheres. Esta é a coisa + insana q aconteceu em minha vida: mulheres consideradas como um sentimento. https://t.co/xCiENJB0VV
— Míriam Martinho (@miriammartinho) August 25, 2022
terça-feira, 19 de julho de 2022
Dzi Croquettes: os libertários bailarinos dos anos 70 entre a força do macho e a graça da fêmea
Eram homens vestidos de mulher, mas ninguém queria ser mulher” diz o cantor Ney Matogrosso em seu depoimento, presente no documentário. A questão era justamente essa: jogar com uma sexualidade dúbia fugindo de qualquer tipo de classificação. “Qual é essa mania de classificar?”, dizia um dos integrantes.
Criou-se então uma confusão de estereótipos sexuais confundindo inclusive a própria ditadura que não conseguia detectar onde estava exatamente a ameaça do grupo, além dos corpos nus. Negando os rótulos e assumindo a multiplicidade de caracteres, eles mesmos diziam:
Os Dzi Croquettes não são representantes do gay-power, nem dos andróginos, nem dos homens, nem das mulheres, nem dos brancos, nem dos pretos, mas de todos. Porque ou a gente representa todos ou não representa nada.”
Raphael Alvarez e Tatiana Issa. Dzi Croquettes [Filme] Tria Produçoes. Brasil 2009.
LOBERT, Rosemary. A palavra mágica: a vida cotidiana dos Dzi Croquettes, ed. Unicamp, Campinas: 2010
Folha de São Paulo, 2.8.1973 in LOBERT, R., Op. Cit.. p.245
Clipping A força do macho e a graça da fêmea: Dzi Croquettes, por Lucila Vilela, Interartive, 02/2011
A força do macho e a graça da fêmea
Documentário sobre os Dzi Croquettes traz às novas gerações a trajetória do importante grupo teatral brasileiro
Eles não sabiam bem como seria, mas tinham como base a ideia de uma coisa irreverente", conta Cláudio Tovar, que fez parte do grupo, em entrevista à Rolling Stone Brasil.O projeto foi levado a Lennie Dale, nova-iorquino radicado no Brasil (considerado um gênio da dança), por seu aluno Ciro Barcelos, e imediatamente o coreógrafo se apaixonou pela ideia, encabeçando o grupo ao lado de Wagner. O ano do nascimento foi 1972. A partir daí, os Dzi Croquettes passaram a se valer da atuação, do humor e da dança para se expressar de forma livre em um contexto extremamente repressor.
Como tínhamos essa variação no figurino, fizemos praticamente uma peça infantil. Era um bando de retardados, dançando como idiotas, vestidos de ursinhos", conta Tovar. "E eles não entenderam porra nenhuma, claro."Porém, tempos depois, ao perceber do que tratavam os espetáculos, os generais proibiram definitivamente a exibição. Mas era tarde.
Já havíamos passado por duas boates e dois teatros. Já tínhamos feito a cabeça de milhares de pessoas, que viam naquilo uma possibilidade enorme de uma vida menos careta", explica o ex-integrante.Pouco tempo depois, o espetáculo foi liberado e entrou em cartaz em São Paulo - posteriormente, com o dinheiro arrecadado, o grupo viajou para o exterior. Com humor e graça, os 13 atores e dançarinos (Lennie Dale, Wagner Ribeiro, Cláudio Tovar, Cláudio Gaia, Rogério de Poly e Reginaldo de Poly, Bayard Tonelli, Paulo Bacellar, Benedictus Lacerda, Carlos Machado, Eloy Simões, Roberto Rodrigues e Ciro Barcelos) davam, nas entrelinhas, verdadeiros safanões na sociedade e na realidade política do período.
Eu falava com todo mundo da minha geração: 'Isso na peça vem de Dzi Croquettes, aquilo também'. E ninguém nunca tinha ouvido falar deles", conta a diretora.Sobretudo para Tatiana, o trabalho teve caráter pessoal, já que seu pai, Américo Issa, integrava a equipe técnica do espetáculo - e traçar a trajetória do grupo significava inevitavelmente trazer de volta parte da história de vida de Américo e cenas de sua própria infância.
Não fazia sentido trabalhar nisso sem imagens de arquivo", diz Tatiana. "
A TV alemã filmou e guardou.
Descobrimos que esta fita existia e negociamos os direitos de exibição."Segundo Tovar, as filmagens aconteceram durante o período de uma semana, enquanto a equipe estava em cartaz em Paris, e foi ao ar em um especial de fim de ano, em 1975.
As coisas eram ditas com humor, mas dando porrada. Foi a maneira que encontramos de falar o que a gente queria", lembra Tovar. "Era um musical muito brasileiro."E é exatamente com relação a essa brasilidade que o ato antropofágico se encaixa. Havia músicas norte-americanas, já que Lennie Dale vinha dos Estados Unidos e trazia na bagagem a carreira como bailarino de jazz, mas as apresentações eram compostas majoritariamente pelo som nacional, como o samba e gafieira.
Pegamos o musical americano, deglutimos e jogamos de novo como se fosse algo nosso", afirma o ex-integrante.
Tudo era muito assumido. A década de 70 foi uma época bastante liberada, foi com a aids depois que a coisa ficou feia", diz Tovar.
Não valia a pena segurar a onda de porra nenhuma. Ainda mais em um período de repressão como aquele. Iria ainda reprimir sua própria sexualidade?"O diretor Raphael Alvarez completa:
O que eles queriam mostrar era que não importava a sexualidade de cada um, havia coisas mais importantes que isso."
Não sei se era por causa da chegada da aids no Brasil, do primeiro movimento gay, da ditadura", diz Raphael Alvarez. "Ou a gente parava ou fazia com a nossa grana."
Obstáculos ultrapassados com a parceria do Canal Brasil, o longa-metragem agora entrou em cartaz nos cinemas nacionais para que os curiosos pudessem conhecer mais desta parte importante da produção cultural brasileira.
Clipping "A Força Do Macho E A Graça Da Fêmea, Por Patrícia Colombo, Rolling Stones, 18/07/2010
quinta-feira, 7 de abril de 2022
Capacitação em tecnologia para mulheres
Carolina Daniel buscou a área da tecnologia aos 29 anos. Enquanto cuidava da filha recém-nascida, ela fez cursos na área. Foto: Taba Benedicto/Estadão |
Com um bebê de colo, eu me senti muito à mercê da maternidade, muito focada nela. Bebês crescem rápido e você pensa que não está fazendo nada com a sua vida, então comecei a ficar muito aflita com a minha carreira. Meu marido, que já era área de tecnologia, me indicou alguns cursos e eu resolvi fazer. Me senti intelectualmente estimulada, ainda que eu estivesse só pensando em mamadas e fraldas”, conta.
Eu vejo muita gente entrando na tecnologia com 20 anos. O meu chefe mesmo tem 29, a mesma idade que eu. Eu estou em um outro momento da vida. Eu tenho uma casa para administrar, nove gatos, um cachorro, uma filha e uma família. Estou fazendo um movimento muito agressivo de carreira, indo do 8 ao 80 em um ano. Então, vou ter que correr atrás. Ao mesmo tempo, eu sei que eu trago uma bagagem comigo que ninguém mais tem, de alguém que passou por vários momentos da vida”, conta.Alternativa ao desemprego
Ana Beatriz Costa, de 28 anos, se profissionalizou na área de tecnologia devido ao desemprego na pandemia. Foto: Autorretrato |
Eu passava horas no Tumblr (plataforma de blogging) brincando com html. Por que não transformar esse gosto em tecnologia em uma carreira?”, diz.
Como eu entrei em uma área nova, eu preciso entender os conceitos que eu uso. A Laboratória me deu o conceito, mas o foco é em autoaprendizagem, então eu comecei do zero”, conta.
Não é tão difícil quanto parece. Muitas empresas têm aberto vagas procurando profissionais que estão na transição de carreira. A área de tecnologia pode não ser fácil, mas é acessível. A gente consegue conteúdo com uma certa facilidade na internet”, aconselha.
terça-feira, 5 de abril de 2022
Luto na Literatura: Lygia Fagundes Telles partiu no domingo aos 98 anos
Lygia Fagundes Telles em retrato feito em seu apartamento na cidade de São Paulo, em abril de 2013 Foto: Eduardo Nicolau/Estadão |
Lygia Fagundes Telles, a dama da literatura brasileira, morreu na manhã deste domingo, 3, aos 98 anos de idade. Com uma capacidade ímpar de se comunicar em público com o curioso das coisas literárias, deixou um vasto legado de obras, desde seu primeiro livro, Porão e Sobrado, publicado em 1938 e financiado pelo pai, até o mais recente, Um Coração Ardente, que já completa 10 anos de seu lançamento.
Livro que tornou Lygia conhecida nacionalmente |
A escritora considerava esta sua melhor obra (veja o vídeo) |
Relembre a obra de Lygia Fagundes Telles abaixo:
- Ciranda de Pedra, 1954
- Verão no Aquário, 1964
- As Meninas, 1973
- As Horas Nuas, 1989
As Meninas abordou temas tabu na década de 70, como a tortura e a lesbianidade |
Contos de Lygia Fagundes Telles
- Porão e Sobrado, 1938
- Praia Viva, 1944
- O Cacto Vermelho, 1949
- Histórias do Desencontro, 1958
- Histórias Escolhidas, 1964
- O Jardim Selvagem, 1965
- Antes do Baile Verde, 1970
- Seminário dos Ratos, 1977
- Filhos Pródigos, 1978 (reeditado como A Estrutura da Bolha de Sabão, 1991)
- A Disciplina do Amor, 1980
- Mistérios, 1981
- Venha Ver o Pôr do Sol e Outros Contos, 1987
- A Noite Escura e Mais Eu, 1995
- Oito Contos de Amor, 1996
- Invenção e Memória, 2000
- Durante Aquele Estranho Chá: Perdidos e Achados, 2002
- Conspiração de Nuvens, 2007
- Passaporte para a China: Crônicas de Viagem, 2011
- O Segredo e Outras Histórias de Descoberta, 2012
- Um Coração Ardente, 2012
Clipping Entre contos e romances, relembre a obra de Lygia Fagundes Telles, Estado de São Paulo, 03/04/2022