sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Aleluia dilacerada



Que faço eu aqui
Entre essas mulheres vazias,
Em meio a essa conversa estéril,
Em meio a esse papo inútil;
Entre essas mulheres sôfregas,
E sua fala ácida de inveja, de cio?

Que faço eu aqui
Entre essas mulheres tolas,
Essas beldades decadentes,
Como um império que avista seus bárbaros,
Como uma Tróia que abraça o cavalo
Grávido de destruidores?

Que faço eu aqui
A essa hora pensando nela?
Por que o descuido me trouxe essa lembrança?
Ela que só me deixou perplexidade e fel
E roubou as flores da minha primavera.

Ah, sim, tudo que aprendi com o amor
Foi atirar em alguém que sacou primeiro,
Que me acertou em cheio porque eu não esperava
De quem dividia minha mesa e cama
Algo assim traiçoeiro.

Ah, o Amor, essa Aleluia dilacerada,
essa marcha sem bandeira e sem vitória
por uma avenida esvaziada.
Essa lança que trespassa a carne
E atinge a alma que ferida se rende...
E dança.

Míriam Martinho

São Paulo, 11/12/2009
Nota: poesia inspirada em Hallelujah de Leornard Cohen

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