8 de Março:

A origem revisitada do Dia Internacional da Mulher

Mulheres samurais

no Japão medieval

Quando Deus era mulher:

sociedades mais pacíficas e participativas

Aserá,

a esposa de Deus que foi apagada da História

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Quando o Congresso Nacional declarou vaga a Presidência da República que fora de João Goulart

O senador Moura Andrade declara vaga a Presidência da República, na sessão do Congresso que começou na noite de 1º e terminou na madrugada de 2 de abril de 1964 (Foto: Reprodução YouTube)
Com minha longa experiência em movimentos sociais, uma das coisas que pude constatar é a necessidade de só se confiar ou confiar fundamentalmente apenas em documentos de época para o resgate de eventos históricos. Isso porque a maioria das pessoas, por várias razões, entre elas sobretudo a má-fé, fabula demais, ou seja, mente mesmo. Então, quando a gente se depara com um documento de época, como é este da sessão do Congresso Nacional que declarou vaga a presidência da República em 2 de abril de 1964, não há como deixar de registrar.

Compartilhei do entusiasmo do jornalista Ricardo Setti que trouxe o áudio sobre o tema para seu blog e decidi roubartilhar a postagem para cá. Acrescentei  também um vídeo da mesma sessão com um trecho mais curto, mas recomendo escutar o áudio todo que tem os apartes e o ofício do Chefe da Casa Civil do Jango, ninguém menos que Darci Ribeiro.

ÁUDIO HISTÓRICO IMPERDÍVEL: A tumultuada sessão do Congresso que declarou vaga a Presidência depois do golpe de 1964

É a história contemporânea do país pulsando, num áudio emocionante, de arrepiar, que vocês poderão ouvir a seguir.

Todos já sabem que o Congresso Nacional anulou, na quinta-feira passada, 21, a sessão do próprio Congresso em que foi declarada vaga a Presidência da República em abril de 1964 após o levante militar que o derrubou do poder. O presidente João Goulart deixara Brasília rumo ao Rio Grande do Sul.

Pois bem, agora vocês poderão ouvir os principais trechos daquela sessão entre a noite do dia 1º e a madrugada de 2 de abril de 1964 em que o então presidente do Senado e do Congresso, Auro de Mora Andrade (PSD-SP), sob intensa gritaria de protestos mas também de apoio, declara vaga a Presidência da República e empossado no cargo o então presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli (PSD-SP).

Deputados indignados aglomeram-se diante do microfone de apartes. Agarrando o microfone, o líder do PTB,  Doutel de Andrade (SC). Atrás dele, o deputado Mário Maia (AC) (Foto: Reprodução YouTube)
Moura Andrade, com seu vozeirão imponente, usando as fortes campainhas existentes no plenário, impede questão de ordem do deputado Bocayuva Cunha (PTB-RJ), um dos principais aliados de Goulart na Câmara, e atropela outra, do deputado Sérgio Magalhães, do PTB da antiga Guanabara, enquanto vários deputados e senadores gritam, vaiam e aplaudem.

O deputado Bocayuva Cunha tenta informar que oficiais da Marinha haviam detido o governador do Estado do Rio (na época separado da capital, que era o Estado da Guanabara), Badger da Silveira.

É grande o tumulto e, prejudicados pela distância dos microfones de aparte, ouvem-se gritos diferentes de políticos do governo e da oposição — “é mentira!”, “traidor!”, “é isso mesmo!”, “viva!”, “canalha!”…

O áudio não é longo e vale cada minuto. Uma pequena lição de história.

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Como ser mentalmente forte em 13 passos

13-Things-Mentally-Strong-People-Dont-Do
Pessoas mentalmente fortes aceitam e abraçam a mudança
O artigo abaixo foi publicado no site da Forbes, pela colunista Cheryl Conner, e traduzido pelo pessoal da HypeScience (ver link para o original ao fim do texto). Trata-se de uma lista de características de pessoas mentalmente fortes (como pensam e agem) compilada pela psicoterapeuta Amy Morin. 

Ao publicar a lista, a colunista da Forbes pensou naturalmente no seu público-alvo de empreendedores, no sentido de empoderá-los, mas ela se aplica a qualquer pessoa de qualquer profissão.

Ressalva-se tratar-se apenas de uma lista que - claro - não dá plena conta da complexidade das situações e interações adversas com as quais não raro nos deparamos. Ser forte também é ter consciência de que às vezes precisamos procurar ajuda.

De forma genérica, contudo, sobretudo num momento em que o vitimismo anda em alta, apresenta-se como os 13 mandamentos da sabedoria e da independência. Vamos a ela! Para ser mentalmente forte, não dá para as pessoas:

1. Perder tempo sentindo pena de si mesmas

Você não vê pessoas mentalmente fortes sentindo pena de si mesmas ou suas circunstâncias. Elas aprenderam a assumir a responsabilidade por suas ações e resultados, e têm uma compreensão inerente de que muitas vezes a vida não é justa. Elas são capazes de emergir de uma situação difícil com consciência e gratidão pelas lições aprendidas. Quando uma ocasião acaba mal para elas, pessoas fortes simplesmente seguem em frente.

2. Ser controladas ou subjugadas

Pessoas mentalmente fortes evitam dar aos outros o poder de fazê-los sentir-se inferiores ou ruins. Elas entendem que estão no controle de suas ações e emoções. Elas sabem que a sua força está na sua capacidade de reagir de maneira adequada.

3. Fugir de mudanças

Pessoas mentalmente fortes aceitam e abraçam a mudança. Seu maior “medo”, se tiverem um, não é do desconhecido, mas de tornarem-se complacentes e estagnadas. Um ambiente de mudança e incerteza pode energizar uma pessoa mentalmente forte e estimular o seu melhor lado.

4. Gastar energia em coisas que não podem controlar

Pessoas mentalmente fortes não reclamam (muito) do tráfego, da bagagem perdida e especialmente das outras pessoas, pois reconhecem que todos esses fatores estão, geralmente, fora do seu controle. Em uma situação ruim, elas reconhecem que a única coisa que sempre podem controlar é a sua própria resposta e atitude.

5. Preocupar-se em agradar os outros

É impossível agradar a todos. Pior ainda é quem se esforça para desagradar outros como forma de reforçar uma imagem de força. Nenhuma dessas posições é boa. Uma pessoa mentalmente forte se esforça para ser gentil e justa e para agradar aos outros quando necessário, mas não tem medo de dar sua opinião ou apoiar o que acha certo. Elas são capazes de suportar a possibilidade de que alguém vai ficar chateado com elas, e passam por essa situação, sempre que possível, com graça e elegância.

6. Ter medo de assumir riscos calculados

Uma pessoa mentalmente forte está disposta a assumir riscos calculados. Isso é uma coisa completamente diferente do que pular de cabeça em situações obviamente tolas. Mas com a força mental, o indivíduo pode pesar os riscos e benefícios completamente, e avaliar plenamente as potenciais desvantagens e até mesmo os piores cenários antes de tomar uma atitude.

7. Debruçar-se sobre o passado

Há força em reconhecer o passado e, sobretudo, as coisas aprendidas com as experiências passadas, mas uma pessoa mentalmente forte é capaz de evitar se afundar em decepções antigas ou fantasias dos “dias de glória” de outrora. Elas investem a maior parte de sua energia na criação de um presente e futuro melhores.

8. Cometer os mesmos erros repetidamente

Não adianta realizarmos as mesmas ações repetidas vezes esperando um resultado diferente e melhor do que o que já recebemos. Uma pessoa mentalmente forte assume total responsabilidade por seu comportamento passado e está disposta a aprender com os erros. Pesquisas sugerem que a capacidade de ser autorreflexivo de forma precisa e produtiva é uma das maiores características de executivos e empresários bem-sucedidos.

9. Ressentir-se do sucesso dos outros

É preciso ter força de caráter para sentir alegria genuína pelo sucesso de outras pessoas. Pessoas mentalmente fortes têm essa capacidade. Elas não ficam com ciúmes ou ressentidas quando outros alcançam sucesso (embora possam tomar nota do que o indivíduo fez bem). Elas estão dispostas a trabalhar duro por suas próprias chances de sucesso, sem depender de atalhos.

10. Desistir depois de falhar

Cada fracasso é uma oportunidade para melhorar. Mesmo os maiores empresários estão dispostos a admitir que seus esforços iniciais invariavelmente trouxeram muitas falhas. Pessoas mentalmente fortes estão dispostas a falhar de novo e de novo, se necessário, desde que cada “fracasso” os traga mais perto de seus objetivos finais.

11. Ter medo de passar tempo sozinhas

Pessoas mentalmente fortes apreciam e até mesmo valorizam o tempo que passam sozinhas. Elas usam esse tempo de inatividade para refletir, planejar e ser produtivas. Mais importante, elas não dependem de outros para reforçar a sua felicidade e humor. Elas podem ser felizes com os outros, bem como sozinhas.

12. Sentir que o mundo lhes deve algo

Na economia atual, executivos e funcionários de todos os níveis estão ganhando a percepção de que o mundo não lhes deve um salário, um pacote de benefícios e uma vida confortável, independentemente da sua preparação e escolaridade. Pessoas mentalmente fortes entram no mercado preparadas para trabalhar e ter sucesso de acordo com seu mérito, ao invés de já chegar com uma lista de coisas que deveriam receber de mão beijada.

13. Esperar resultados imediatos

Quer se trate de um treino, um regime nutricional ou de começar um negócio, as pessoas mentalmente fortes entram nas situações pensando a longo prazo. Elas sabem que não devem esperar resultados imediatos. Elas aplicam sua energia e tempo em doses e celebram cada etapa e aumento de sucesso no caminho. Elas têm “poder de permanência” e entendem que as mudanças genuínas levam tempo.

E aí? Você tem força mental? Existem elementos nesta lista que você precisa melhorar? [Forbes]

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Drácula Episódio 02 – A Whiff of Sulfur (Cheiro de Enxofre)


Neste segundo episódio, Um Cheiro de Enxofre, Alexander Grayson (Drácula) se torna amante de Lady Jayne enquanto investiga a conexão que ela tem com a Ordem do Dragão. Grayson também ajuda Mina a encarar um grande desafio na escola de medicina. Van Helsing continua suas pesquisas para desenvolver uma vacina que capacite Grayson a suportar a luz do sol.

Atenção: no segundo player, Vodlocker, fechar o anúncio antes de clicar no play >.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Vídeo de loja de brinquedos encoraja garotas a se tornarem engenheiras. Chupem essa, conservas!

Chupem essa, conservas!
Todo conservador que se preza detesta o feminismo, assim tomado de forma genérica. E detesta porque os feminismos (em suas diversas correntes, com raras exceções) atacam o que os conservadores consideram o papel "natural" da mulher (tão "natural" que precisa ser garantido por uma restrita educação diferenciada). Por isso, todos eles, dos mais toscos, tipo Bolsonaro, Malafaia, Feliciano, aos mais letrados, os tais conservadores liberais, como Pondé, Reinaldo Azevedo, entre outros, buscam negar a construção cultural que se faz sobre as diferenças biológicas entre os sexos. 

Em seu livreto Guia Politicamente Incorreto da Filosofia, um amontoado de clichês, frases feitas e falácias a granel, o embusteiro-filósofo Luiz Felipe Pondé dedica um dos capítulos de sua "obra" a renaturalizar, "baseando-se" no darwinismo, os papéis sexuais de homens e mulheres como frutos de um suposto inconsciente genético herdado.  Nesta perspectiva, homens e mulheres têm características diferentes, herdadas pela seleção natural, as quais não são passíveis de construção ou desconstrução social. Assim sendo, embaralhar os papéis masculinos e femininos seria péssimo para a vida cotidiana. Sei.

Dá até vergonha alheia ler esse tipo de gororoba intelectual, já que a educação diferenciada é de uma obviedade gritante. Ninguém precisa ler nenhum compêndio feminista para constatá-la, bastando ter olhos que vejam, além de simplesmente enxergar. Trata-se de mais um daqueles casos em que o rei está nu, porém apenas um menininho tem a coragem de declarar a verdade. A diferença, no caso da educação diferenciada, é que foram as menininhas as primeiras a enunciar a falta de vestimentas do rei.

Qualquer um(a) pode constatar que as diferenças comportamentais entre homens e mulheres derivam fundamentalmente da educação. O adestramento começa no berço, quando os meninos são vestidos de azul e as meninas com o idiota cor-de-rosa, prosseguindo por toda a infância, com os brinquedos para meninas e meninos, e a bem da verdade estendendo-se pela vida inteira. Os papéis sexuais são impostos arbitrariamente às crianças independentemente de suas características individuais de personalidade, temperamento, índole. São fôrmas para onde a garotada é empurrada como massinha de modelar. E os que se rebelam contra essa tirania educacional são reprimidos até fisicamente.

Não por menos o deputado Boçalnaro declarou, em 2010, que se “O filho começa a ficar assim, meio gayzinho (leia-se feminino), leva coro, ele muda o comportamento dele.” Não por menos também, a histeria conservadora contra o tal kit gay (invenção igualmente do truculento deputado do PP-RJ) que supostamente iria perverter a ordem "natural" dos papéis sexuais nas escolas. Que ousadia mostrar como aceitável o que nós levamos séculos para introjetar na cabeça de todos como anormalidade. 

Aliás, com um pouco de raciocínio, já se chega à conclusão de que a naturalidade dos papéis sexuais é farsesca. Se as diferenças comportamentais entre mulheres e homens derivam da natureza porque precisam ser ensinadas? Porque essa história de brinquedo de menina e de menino, se as crianças não brincam com os genitais e sim com o que é comum a ambos os sexos, ou seja, mãos, pernas e cabeça? 

A educação diferenciada prejudica fundamentalmente as meninas, pois visa mutilar seu potencial intelectual e existencial. Mas prejudica também os meninos, mutilados em sua capacidade de desenvolver empatia, criados para serem criaturas toscas, abrutalhadas e parasitas. A musiquinha Girls, cantada pelos Beastie Boys, descreve sem sutilezas para que serve a educação diferenciada. Diz a letra:
“Garotas para lavar a louça / Garotas para limpar meu quarto / Garotas para lavar roupa / Garotas para “fazer” no banheiro / Garotas —tudo o que realmente quero são garotas”.
Melhor pagar uma empregada e uma puta, né mesmo? Concluindo, os conservas sabem que é de menino que se torce o pepino, mas nós sabemos também. Daí que é sempre auspicioso registrar as iniciativas de minar o poder repressivo da máquina de promover desigualdades chamada educação diferenciada. É o caso do vídeo viral da loja de brinquedos GoldieBlox que visa encorajar as meninas a se tornarem engenheiras.

Ao som de uma versão feminista da ultrassexista Girls, do Beastie Boys, o vídeo diz a que veio. Chama-se Disrupting the Pink Isle (Detonando a Ilha Cor-de-Rosa), mas bem que podia se chamar Chupem essa, Conservas!

Vídeo viral feminista de loja de brinquedos encoraja garotas a se tornarem engenheiras

Claire Miller do New York Times

Quem disse que garotas têm de usar cor-de-rosa e brincar de boneca, principalmente quando podem construir uma máquina de Rube Goldberg em vez disso?

Essa é a mensagem de um vídeo que se tornou viral desde que foi postado no YouTube nesta semana —um anúncio da GoldieBlox, start-up de brinquedos infantis que vende jogos e livros para encorajar garotas a se tornarem engenheiras.

No vídeo, três meninas estão entediadas assistindo a princesas cor-de-rosa na TV. Então elas pegam uma caixa de ferramentas, óculos de proteção, um capacete e começam a construir uma máquina de Rube Goldberg, que manda para os ares xícaras rosas e bonecas, usando guarda-chuvas, escadas e, claro, brinquedos da GoldieBlox.

Tudo acontece sobre a melodia de “Girls”, do Beastie Boys, uma balada decididamente antifeminista. Só que a letra foi reescrita pelo criador da propaganda.

Os Beastie Boys cantavam: “Garotas para lavar a louça / Garotas para limpar meu quarto / Garotas para lavar roupa / Garotas para “fazer” no banheiro / Garotas —tudo o que realmente quero são garotas”.

Uma das atrizes do anúncio canta:
Garotas constroem uma nave espacial / Garotas criam um novo aplicativo / Garotas que crescem sabendo / Que podem projetar essas coisas / Garotas, tudo de que realmente precisamos são garotas / Para nos levar ao topo / Nossa oportunidade são as garotas / Não subestime as garotas.
“Pensei em minha infância, com princesas e pôneis, e me perguntei por que kits de construção, matemática e ciência eram para garotos”, disse Debbie Sterling, fundadora e chefe-executiva da GoldieBlox, em entrevista. “Queríamos criar uma inversão cultural, fechar esse vão entre os gêneros e preencher algumas dessas vagas de emprego que crescem à velocidade da luz.”

Ela criou a empresa há dois anos, depois de se graduar em design de produtos no departamento de engenharia mecânica de Stanford, onde ficou desapontada por não haver mais mulheres nas aulas.

As mulheres são pouco representadas como engenheiras em companhias de tecnologia, principalmente por causa de um problema de abastecimento. Em 2010, elas representavam 18% das graduações em ciência da computação; em 1987, respondiam por 37% desse número, segundo o Centro Nacional para Mulheres e Tecnologia da Informação.

O problema, dizem muitos analistas, começa na infância, quando professores e pais não encorajam garotas a correr atrás de engenharia.

A GoldieBlox é um dos esforços para mudar essas porcentagens. O programa Girls Who Code ensina a elas programação de softwares. E Sheryl Sandberg, executiva do Facebook que advoga a favor das mulheres nos negócios, frequentemente encoraja os pais a deixar suas filhas jogarem videogames, para assim ficarem animadas em relação a ciência da computação.

Sterling e a equipe da GoldieBlox tiveram a ideia de fazer um vídeo que fizesse a engenharia parecer bacana para os mais jovens. Eles foram inspirados pela máquina de Rube Goldberg usada num clipe da banda OK Go, e o criador dessa máquina, Brett Doar, concordou em construir uma para o anúncio.



"Disrupting the Pink Isle". Parents of daughters take note.

Girls.
You think you know what we want, girls.
Pink and pretty it's girls.
Just like the 50's it's girls.

You like to buy us pink toys
and everything else is for boys
and you can always get us dolls
and we'll grow up like them... false.

It's time to change.
We deserve to see a range.
'Cause all our toys look just the same
and we would like to use our brains.

We are all more than princess maids.
Girls to build the spaceship,
Girls to code the new app,
Girls to grow up knowing
they can engineer that.

Girls.That's all we really need is Girls.
To bring us up to speed it's Girls.
Our opportunity is Girls.
Don't underestimate Girls.

Fonte: Folha de São Paulo, Blog de Tec, 21/11/2013

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Você conhece o bitcoin, a moeda libertária?

bitcoins2
Quem fabrica o bitcoin não é um governo mas sim um software criado por uma pessoa

Bitcoin- a moeda que vale mais do que dinheiro

Uma nota de R$ 50 é basicamente um cartão de memória. Um cartão que estoca o trabalho que você fez para receber a nota. Então um cabeleireiro pode comprar pão sem ter de cortar o cabelo do padeiro e um fiscal corrupto paga a conta do Fasano sem ter de roubar o caixa Fasano. Não poderia ser mais prático.

Mas não foi sempre assim, tão prático. Até outro dia, ninguém aceitava que um pedaço de papel poderia cumprir essa tarefa de cartão de memória universal. Seu trabalho só servia para alguma coisa se o valor dele chegasse aos seus bolsos na forma de ouro, de prata, ou, na falta de coisa melhor, de cobre. Isso porque o dinheiro precisa cumprir duas regras para ser aceito como dinheiro: 1) Ser algo que todo mundo quer 2) Ser relativamente escasso. Ouro cumpre esse papel com louvor. Primeiro, todo mundo gosta, porque é bonito. Segundo, é raro. Raro mesmo. Mais do que você pensa. Se você juntar todo o ouro já minerado na história, vai dar um prédio de sete andares, ou 140 mil toneladas. Isso é o que a Vale extrai de minério de ferro em seis horas… O ouro, na verdade, é tão difícil de obter que quem sempre fez o papel de dinheiro foram seus primos mais pobres do mundo mineral: a prata e o cobre (geralmente na forma de bronze).

O dinheiro de papel começou a vida não como dinheiro, mas como um recibo. Cada nota dava direito a uma certa quantidade de ouro ou de prata. Esses metais preciosos ficavam em algum cofre, parados ali como lastro, para garantir que aquela nota valia mesmo o que estava escrito nela. Ao longo da história, vários governos tentaram emplacar coisas sem lastro como dinheiro. Roma substituiu moedas de prata por fichinhas de metal vagabundo. A França abandonou a ideia do lastro no século 18, como se papel pintado pudesse mesmo valer como dinheiro. Mas essas ideias nunca pegaram, principalmente porque o fabricante das fichinhas de metal vagabundo ou dos papéis pintados (o governo) nem sempre tendia a fabricar quantidades infinitas de dinheiro sem lastro para gastar ele mesmo – era basicamente o que faziam no Brasil antes de 1994. O fato é que esses abusos públicos impediram a confiança no dinheiro de papel até a metade do século 20.

Na verdade, até 1971. O Brasil já era tri, Sarney já era senador, e o dinheiro só valia dinheiro, mesmo, por um motivo: os EUA se comprometiam a trocar cada US$ 1,25 por um grama de ouro. Os dólares que um governo qualquer, tipo o nosso, tivesse nos cofres servia de lastro para a moeda que ele fabricasse. E o ouro dos EUA lastreava esses dólares. Mas isso era só em tese: já havia muito mais dólares em circulação do que ouro no Fort Knox. Richard Nixon, então, acabou com essa regra.

Desde então é cada um por si. E hoje nem de papel mais o dinheiro é feito. No Brasil mesmo, menos de 1% do dinheiro circula na forma de papel. São só bits armazenados nos servidores dos bancos. Mas não é fácil fazer esses bits aparecerem na sua conta bancária. Você precisa trabalhar por eles com o mesmo afinco que trabalharia para ganhar ouro. Então não tem diferença: esses bits valem ouro.

E aí que a gente chega no bitcoin. O bitcoin é uma moeda tão virtual quanto o dólar ou o real. A diferença é que quem fabrica bits de dólar e de real são dois governos soberanos. E quem fabrica o bitcoin não é nem um governo nem uma pessoa, mas um software (que foi criado por uma pessoa, claro, mas que opera por conta própria).

Esse software começou a funcionar em 2009. O que ele fazia era jogar bitcoins nas “carteiras digitais” do pessoal envolvido com a criação do sistema. No começo, então, a coisa era basicamente uma moeda que só valia dinheiro entre eles: um sujeito dessa comunidade podia fazer algum serviço pra outro em troca de bitcoins. Aí ele gastava o dinheiro virtual que tinha ganhado pagando por outro serviço de alguém da mesma comunidade.

Parece bobo, mas o real funciona assim também, com a diferença de que a “comunidade” aí é o país inteiro. E o sistema também não é tão diferente assim daquele que faz o dinheiro normal circular: você baixa uma “carteira digital” num site, o MultiBit, ou por um aplicativo de Android, o BitCoin Wallet. Para carregar essa carteira, você vai nos sites que trocam dinheiro real por bitcoins, como o Mt.Gox e o Mercado Bitcoin. E aí é “só” achar algum lugar que aceite bitcoins como moeda – um restaurante, uma padaria, o que for. Achando, você pega o celular e transfere uma parte das bitcoins para o dono do lugar. Pronto.

O pulo do gato do bitcoin é que a quantidade de lugares que aceita a coisa como moeda está crescendo. Em Berlim, pelo que conta o meu amigo Rafael Kenski, que passou um ano por lá, existe até um bairro cheio de cafés e lojas de roupas que aceitam bitcoins como se fossem euros. Até eu aceito, olha só: meu mini-e-book, o Por que Tudo Custa Tão Caro no Brasil está à venda no site da Super por bitcoins (a ideia foi do Kenski, que voltou da Alemanha para chefiar a internet da Super e de outras revistas da Abril).

Bom, tudo isso está valorizando o próprio bitcoin. Lógico: quanto mais gente aceita a coisa como dinheiro, mais dinheiro a coisa vale. E foi uma subida monstruosa. A primeira vez que alguém aceitou a coisa em troca de um produto de verdade foi em 2010, quando um cara pagou duas pizzas com 10 mil bitcoins. No mês passado, quando a Super começou a vender o e-book, isso dava R$ 2 milhões. Enquanto este texto é escrito, R$ 15 milhões. Pois é: um bitcoin sozinho vale R$ 1.500 – ele continua utilizável porque o sistema permite transações de até 1 bilionésimo de bitcoin.

Mas claro: boa parte dessa subida é especulação pura. O povo das finanças está comprando toneladas de bitcoins na esperança de que o troço passe a ser tão aceito quanto dólares ou euros. Eu não apostaria nisso o papel sujo com uma onça desenhada que está na minha carteira agora – mas algo me diz que estou errado.

Fonte: Superinteressante, Crash, 22/11/2013, por Alexandre Versignassi

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