8 de Março:

A origem revisitada do Dia Internacional da Mulher

Mulheres samurais

no Japão medieval

Quando Deus era mulher:

sociedades mais pacíficas e participativas

Aserá,

a esposa de Deus que foi apagada da História

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Drácula com Jonathan Rhys Meyers (The Tudors) estreia em outubro e promete


Começa a ser exibida nos EUA, no dia 25 de outubro, a série Drácula, da NBC, com Jonathan Rhys Meyer (The Tudors) no papel do famoso conde da Transilvânia, sedento de sangue e vingança.

Nesta versão da mais do que fértil saga vampiresca iniciada por Bram Stoker, com seu romance Drácula, a história ocorre no final do século 19, quando o vampiro-mór chega a Londres se passando por um empresário americano, Alexander Grayson. que quer modernizar a sociedade vitoriana com os avanços da ciência. Ele tenciona investir na nova tecnologia da energia elétrica que promete iluminar a noite (sem queimar vampiros como o faz a luz do sol). 


Na realidade, contudo, o real objetivo de Drácula é se vingar da sociedade secreta, a Ordem do Dragão, que séculos antes, havia assassinado sua esposa enquanto pilhava sua vila, além de tê-lo amaldiçoado com a imortalidade (quem me dera essa maldição).

Para tal, Drácula contará com a ajuda de Renfield, que nessa versão é apenas o valete do vampiro e não mais "o maluco comedor de aracnídeos em algum hospício" da versão original. E contará também com uma ajuda insólita: Van Helsing. O célebre caçador de Drácula e de vampiros em geral se junta ao conde sanguinolento (de fato Van Helsing é quem exuma Drácula nesta história) pelo objetivo comum de se vingar da Ordem do Dragão, também responsável pela execução de sua família (de Helsing). Van Helsing dispõe dos meios para vingar-se, mas precisa da força e da ferocidade do vampiro para implementá-los.

Fora essa parceria herética, igualmente temos Jonathan Harker como um repórter (não mais corretor de imóveis) que se envolve com os negócios de Grayson e Mina Murray, como sua namorada, que no entanto estuda para ser médica. Só a personagem Lucy permanece próxima da história original como uma impetuosa alpinista social.

Os planos de vingança de Drácula, porém, serão conturbados pela paixão que  desenvolve por Mina Murray (Jessica De Gouw), uma espécie de reencarnação de sua falecida esposa. No elenco, além de Meyer, outros rostos conhecidos como Victoria Smurfit (About a Boy), Thomas Kretschmann (King Kong), Jessica De Gouw (Arrow), Oliver Jackson-Cohen (Mr. Selfridge), Nonso Anozie (Game of Thrones) e Katie McGrath (Merlin). O roteiro é de Daniel Knauf (Carnival), que também é produtor-executivo em parceria com Tony Krantz (24 Horas), Colin Callender e Gareth Neame (Downton Abbey).

A série promete porque, entre outras coisas, o belo Jonathan Rhys Meyer tem o physique du rôle perfeito para o papel, além de ser bom ator (combinação pouco comum nos intérpretes das célebres criaturas da noite). E, pelo que se pode observar pelos trailers abaixo e as imagens já liberadas, a produção parece ser caprichada. 

Agora é orar para que também chegue ao Brasil. Nos EUA vai passar depois do Grimm. Por que não aqui também? Com o fim um tanto melancólico de True Blood (decaiu um bocado nas últimas duas temporadas), seria ótimo poder contar com uma recriação perversa, sofisticada e sexy da clássica história de Bram Stoker, provando que algumas coisas nunca morrem mesmo.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Reação conservadora contra os direitos das mulheres já preocupa


É certo que algumas manifestações feministas descambam para o exagero, como no caso da ocorrida na Marcha das Vadias, no Rio, durante a visita do Papa, quando, em protesto contra a Igreja, quebraram-se imagens de santos católicos, simulando inclusive atos libidinosos com elas. Entretanto, é certo também que vem ocorrendo uma escalada de reações conservadoras contra os direitos das mulheres em todo o mundo. Uma prova disto está nas ameaças de estupro e morte sofrida por feministas inglesas pela simples reivindicação de ter a imagem da famosa escritora Jane Austen, a autora de Orgulho e Preconceito, estampada nas notas de 10 libras.

Aqui, no Brasil, fora os ataques da bancada religiosa a projetos como o da pílula do dia seguinte, para evitar gravidez decorrente de estupro, quem frequenta as redes sociais percebe a multiplicação de perfis e páginas antifeministas - atacando o feminismo em geral - e até declaradamente misóginas, de ódio mesmo às mulheres (incluindo páginas supostamente escritas por mulheres). O ressentimento dos conservadores com sua perda de privilégios e de sua capacidade de moldar as sociedades ao seus "valores" é o responsável por esse surto de reacionarismo. Melhor cuidar para que eles não ganhem mais espaço - evitando as apelações como as ocorridas durante a visita do Papa - para evitar um mal maior.

Sem orgulho, só preconceito
Feministas são alvos de ameaças pelo mundo no Twitter

por Helena Celestino

“Eu vou estuprar você às 9 da noite”. O tweet não foi mandado por um talibã para uma jovem indefesa do Afeganistão; chegou na conta de uma deputada trabalhista do Parlamento inglês, Stella Creasy. Posts semelhantes inundaram o celular de Caroline Criado-Perez , blogueira e feminista, na assustadora velocidade de um por minuto. A ameaça, via Twitter, para quatro colunistas de jornais ingleses importantes era: “vou botar uma bomba na sua casa”. Todas essas pessoas têm em comum o envolvimento - maior ou menor - em inofensivas manifestações exigindo do Banco Central britânico manter a foto de uma mulher em qualquer das notas da libra. Esta campanha de ódio está acontecendo estes dias, pleno século XXI, numa das capitais do mundo. Repete cenas de misoginia cada vez mais comuns pelo mundo, dos EUA ao Brasil, Paquistão e Dubai.

Nas ruas londrinas, a história começou leve, com mulheres fantasiadas de personagens históricas: umas três foram de Rosalind Franklin - pioneira da biologia molecular na década de 20 -, outra foi vestida como a escritora do século XIX George Eliot, (pseudônimo de Mary Ann Evans), uma jornalista preferiu sair de “lésbica estilo anos 30”. Protestavam contra a decisão do ex-primeiro-ministro Winston Churchill de substituir na nota de 5 libras Elizabeth Fry, uma inglesa chamada de “o anjo das prisões” no século XVII. Todas achavam inaceitável só homens terem suas imagens reproduzidas nas notas de libra, um indiscutível símbolo de reconhecimento de sucesso, poder ou legado, visto por todos, praticamente todos os dias. Recolheram mais de 30 mil assinaturas e foram bem acolhidas pelo novo presidente do Banco da Inglaterra. Ele fez uma escolha blindada contra polêmicas: no lugar de Charles Darwin, a imagem da nota de 10 libras será, a partir do próximo mês, Jane Austen, a autora de “Orgulho e Preconceito”, uma unanimidade nacional.

Ou, pelo menos, achava-se, até tudo virar uma amarga discussão sobre estupro, poder e liberdade de expressão nas mídias sociais. A polícia já prendeu um homem de 21 anos - liberado sob fiança -, aconselhou às jornalistas que fiquem fora de casa e, neste início de investigações, acha que as ameaças vêm de várias pessoas postando anonimamente, ou seja, trollando. A violência das ameaças não combina com o tom bem comportado da campanha, mas as mulheres contam que são alvos frequentes de abusos semelhantes. A colunista Catlin Moran - também autora do livro Como ser uma mulher, editado pela Companhia das Letras no Brasil - iniciou um movimento para criar no Twitter um botão denunciando assédio, bullying ou ameaças, conquistando 120 mil assinaturas imediatamente.

“Nós estamos lidando com uma direita estabelecida e abertamente antifeminista”, diz Suzane Moore, em coluna no “Guardian” sexta-feira.

Nenhuma dúvida que mulheres são players no mundo contemporâneo, mas o absurdo teima em acontecer. No Brasil, as meninas da Marcha das Vadias também viraram alvo de ameaças no Twitter, e a presidente Dilma enfrentou pressões para não assinar a lei garantindo a pílula do dia seguinte em hospitais públicos às vítimas de violência sexual. Na moderna Dubai, meca da arquitetura e arte contemporâneas, uma norueguesa de 24 anos foi condenada a 16 meses de cadeia ao tentar fazer registro do estupro que sofrera. Nos Estados Unidos, a maluquice é igual ou maior: Ariel Castro, o homem condenado à prisão perpétua por manter em cárcere privado três mulheres em Cleveland, requereu o direito de ser visitado pela filha resultado de estupro.

Estas histórias não são pequenos incidentes isolados, aos poucos vão fazendo parecer “aceitáveis” crimes sexuais e redução de direitos. A nova estrela da política americana é Wendy Davis, a senadora do Texas, famosa nacionalmente após discursar na tribuna durante 21 horas seguidas para evitar a aprovação de uma lei que praticamente bane o aborto no estado. Para ficar em pé tanto tempo foi escorada por mulheres, todas de laranja, alternando-se na ajuda à senadora, lotando as galerias e pressionando os republicanos. Não adiantou: o governador de extrema-direita, Rick Perry, convocou uma sessão extra e aprovou a lei, adicionando mais uma restrição às 43 que entraram em vigor no ano passado.

A gente já viu que este ano é dos gays - vitoriosos na luta pelo direito de casar - mas tomara que 2013 não marque também um retrocesso na igualdade entre homens e mulheres, sejam elas héteros ou homos.

Fonte: O Globo, 04/08/2013

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Carne de laboratório pode acabar com matança de animais e destruição da natureza

A semana começou bem com essa notícia. Já não como carne faz tempo, por compaixão pelos animais, questões de saúde e ambientais, mas muita gente come e não dá a mínima para as consequências deste triste hábito. Quando convocada a refletir, sai-se com aquela história de que isso é papo de ecochato. Enfim, aquelas cabecinhas. Então, se essa carne de laboratório puder substituir a derivada da matança, será de fato uma revolução em vários sentidos. Destaco o seguinte trecho, mas todo o artigo é um must. Segue também vídeo da geneticista Mayana Zatz falando sobre as células-tronco. 

"Em algumas décadas, chegaremos a 9 bilhões de pessoas vivendo na Terra. Isso significa que todo o impacto ambiental e todos nossos problemas com produção de alimentos que temos agora crescerá enormemente. E a carne é um dos maiores desses problemas. Hoje em dia, 70% da nossa produção agrícola já é dedicada à pecuária e a produção de carne de boi causa ~15% das emissões anuais de gases responsáveis pelo efeito estufa. Em 2050, estima-se que a demanda de carne crescerá em 73% transformando os problemas atuais em PROBLEMÕES."

Cientistas criam hambúrguer artificial em laboratório (e podem ajudar a diminuir a fome no mundo) 

Não, não é de soja, nem geneticamente modificada, nem tem aditivos químicos, nem envolve clonagem… Segundo o professor Mark Post (foto) e sua equipe da Universidade de Maastricht, na Holanda, trata-se de um grupo de células musculares bovinas nutridas e multiplicadas em laboratório. 100% aquela-velha-carne-de-vaca-que-você-tanto-gosta. Dois voluntários provaram o hambúrguer de laboratório pela primeira vez hoje, em Londres. E a única diferença que eles identificaram é que a carne não tem aquele gostinho de gordura.

Funciona assim: depois de retiradas do animal, as células são abastecidas com nutrientes e se multiplicam até formarem tecido muscular em forma de fiozinhos (biologicamente idêntico ao tecido natural). São necessários 20.000 desses fiozinhos para se fazer um hambúrguer. E, claro, sal, ovo e farinha, igual ao hambúrguer normal. A receita também leva suco de beterraba e açafrão pra dar uma corzinha.

Mas, gente, qual é a necessidade disso?

Bom, a resposta a gente já conhece bem. Mas os cientistas que inventaram o processo fornecem alguns dados que evidenciam ainda mais o problema da pecuária num futuro próximo.

Em algumas décadas, chegaremos a 9 bilhões de pessoas vivendo na Terra. Isso significa que todo o impacto ambiental e todos nossos problemas com produção de alimentos que temos agora crescerá enormemente. E a carne é um dos maiores desses problemas. Hoje em dia, 70% da nossa produção agrícola já é dedicada à pecuária e a produção de carne de boi causa ~15% das emissões anuais de gases responsáveis pelo efeito estufa. Em 2050, estima-se que a demanda de carne crescerá em 73% transformando os problemas atuais em PROBLEMÕES.

Esse hambúrguer não está nos mercados (e ainda vai levar um tempo ♫), mas, segundo o professor Post e sua turma, ele tem o mesmo gosto e textura de um hambúrguer comum. O maior empecilho é um do qual sofre a maioria das novas ciências: o preço. A produção de um bolinho de carne desses custa mais de €250,000.

E olha só: células de uma única vaca podem produzir 175 milhões de hambúrgueres de 110g. Atualmente, 440.000 vacas produzem o mesmo. A nova técnica reduziria o espaço necessário para a produção de carne bovina em 99%.

Fonte: Superinteressante, por Vinícius Giba, 05/08/2013

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Black Bostas: eles só querem destruir!

Black Bostas
Reproduzo texto do jornalista Fábio Pannunzio sobre o grupo de mascarados de preto chamado de Black Bloc. Segundo o Estado de São Paulo, os Black Blocs já se articulam em 23 Estados do País. Contra o quê? Segundo os próprios, "protestar em manifestações anti-globalização e/ou anti-capitalistas, conferências de representacionistas (sic) entre outras ocasiões, utilizando a propaganda pela ação para questionar o sistema vigente." Ou como disse o Pannunzio, em definição bem mais precisa:

"Sabe o que parece? A Ku Klux Klan vestida de preto. É isso que parece: a KKK pós-moderna – um grupamento fascista e antidemocrático que não tem nenhuma proposta construtiva. Destruir é a palavra-chave. Destruir os governos, as instituições, o capitalismo, a liberdade de imprensa. Para por o que no lugar ? Eles não sabem. Só querem destruir."

Exato. Aliás, parece uma característica da esquerda em geral (com algumas exceções) querer destruir o capitalismo, a democracia liberal, a liberdade de imprensa sem ter qualquer alternativa para nada disso. Socialistas querem repetir sua fórmula que não passou no test drive da História, estatizar a tudo e todos, impor regimes autoritários e viver como nababos às custas da miséria democratizada da maioria da população. Anarcotários de esquerda querem simplesmente chutar o pau da barraca porque estão revoltadinhos com o mundo e não tem capacidade nem maturidade para pensar e construir alternativas factíveis a tudo que está aí.

Pior, se dizem libertários, reforçando o estereótipo de porras-loucas que marca indelevelmente a imagem de todos que querem menos Estado ou idealmente Estado nenhum, mas o querem por razões objetivas e não por mera necessidade de dar vazão a excessos de testosterona e falta de neurônios. Claro, não me representam!!!!

Por fim, não se sabe se esse grupentelho é ou não ligado ao petismo, mas, por sua maneira de agir, seguramente serve aos interesses dessa sigla nefasta. Vade retro, Satana!
 
Adeus, Fascistas

Ontem fui destacado para cobrir a manifestação convocada pela página Black Bloc do Facebook. Estive com os manifestantes desde as cinco horas da tarde, quando eles começaram a se concentrar em frente à Prefeitura de São Paulo.

Acompanhei todo o trajeto da marcha até a Avenida Paulista. Vi quando um policial agrediu, sem nenhum motivo e de forma covarde, pelas costas, uma manifestante que subia a Brigadeiro Luís Antônio.

Anotei um fato importante, que deveria inspirar alguma reflexão por parte da entidade que comanda os jovens que, de rosto coberto, protestam contra… Contra o que, mesmo ?

Percebi que alguma coisa mudou radicalmente desde o início da safra de protestos. Quando saiu do Centro, a manifestação tinha cerca de 500 participantes. Quando chegou à Paulista, tinha os mesmos 500.

Um bando de mascarados forma uma imagem bastante simbólica. Uma imagem forte, que atrai o olhar de quem passa ao lado. Por isso, muita gente ao longo do trajeto parava sobre os viadutos, se debruçava sobre as fachadas dos prédios, para ver o cortejo.

Mas ninguém aderia. Não era como antes, quando o coro “vem pra rua, vem, você também” funcionava como um catalisador e ia agregando milhares à multidão. Agora, os mascarados formam um grupo monolítico, hermético, impermeável à sociedade. Um grupo cuja beligerância mais afasta do que congrega. Por isso eles saíram e chegaram do mesmo tamanho.

Mais uma vez, houve muitas hostilidades contra jornalistas e técnicos das empresas de comunicação. A primeira vítima da ira dos arruaceiros foi o motociclista da equipe de moto-link da Band. Ele foi empurrado e derrubado. Ameaçaram linchá-lo e depredar seu equipamento. Isso só não aconteceu porque um grupo de manifestantes contrários à prática da violência (contra pessoas) interveio.

Logo adiante, eu mesmo acabei me transformando em alvo da ira daquela turba. Um grupo me cercou, tentou tomar meu microfone e passou a me atacar fisicamente. Deram cotoveladas, caneladas e chutaram meu joelho. É horrível ser cercado por uma alcateia raivosa, que baba de ódio de tudo e te enxerga como inimigo a ser eliminado.

Senti-me ultrajado com a intimidação. Não é possível que um jornalista não possa exercer seu ofício em plena rua de um País livre e democrático. Resolvi resistir ao expurgo, finquei pé e enfrentei os arruaceiros. O clima ficou péssimo. E só não foi pior porque, mais uma vez, alguns anjos-da-guarda mascarados vieram em meu socorro. Agradeço imensamente sua intervenção.

Mas ela só aconteceu depois que os vândalos já haviam danificado o microfone, impossibilitando a continuação do meu trabalho.

Quando me deitei, horas depois, a imagem daqueles pares de olhos de onde crispavam ofensas por detrás de capuzes e balaclavas não me saía da cabeça. Os gritos, as ameaças, a coação, as estocadas. A covardia de quem tapa o rosto para ganhar coragem de enfrentar o que não consegue enfrentar de cara limpa.

Sabe o que parece ? A Ku Klux Klan vestida de preto. É isso que parece: a KKK pós-moderna – um grupamento fascista e antidemocrático que não tem nenhuma proposta construtiva. Destruir é a palavra-chave. Destruir os governos, as instituições, o capitalismo, a liberdade de imprensa. Para por o que no lugar ? Eles não sabem. Só querem destruir.

O que é o Black Bloc ? Uma “estratégia”, como essa gente se auto-define. Mas uma estratégia sem um objetivo. O meio sem um fim, sem um propósito que se possa vislumbrar.

Para mim, são apenas um bando de idiotas comandados por alguém que de longe inspira suas mentes. São robôs a serviço de uma página do Facebook, um exército de mentes vazias que atende prontamente ordens de comando vindas de uma entidade eletrônica incorpórea. Uma tropa sem general, um exército de Don Quixotes que confunde uma bacia de barbeiro da democracia com o Elmo de Mambrino do fascismo. E que vai compondo sua “Má Figura” como um mosaico assustador, que as pessoas têm medo de enxergar.

Quem é que constrói suas bandeiras ? Quem é que constrói a agenda que os pauta ? Eles mesmos não sabem. São uns robozinhos teleguiados pela internet fazendo arruaças niilistas.

Pois bem. Entendi, finalmente, que nós, jornalistas, não somos bem-vindos à República dos Mascarados. Nela, não vigora a nossa Constituição. Não existem as salvaguardas do Artigo Quinto. A liberdade é tão escassa quanto os negros e pardos.

Não é apenas a ordem jurídica e o sistema que eles querem suplantar. Se pudessem, revogariam a Lei de Talião, o Código de Hamurabi, o processo civilizatório. Em seu lugar, instaurariam um sociedade de bárbaros, uma colmeia de abelhas em que as operárias não trabalham, as soldados não combatem, as rainhas não põem ovos.

Por tudo isso, estou fora dessas manifestações. É uma capitulação assumida. Falo isso com a autoridade moral de quem foi o primeiro jornalista a declarar apoio às manifestações do Movimento Passe Livre.

Desejo aos equivocados de boa-fé sorte na construção de seu projeto político, seja ele qual for. Não vou mais a essas marchas, nem como cidadão, nem como jornalista. Se não me querem, agora eu também não os quero mais.

E antecipo uma promessa: se um dia se saírem vitoriosos, hipótese que beira o absurdo, há de restar para mim um canto neste planeta imenso em que as pessoas não estejam suscetíveis a esse vírus fascista que se espalha pela internet para contaminar mentes humanas. Que reduz cérebros humanos a meras extensões de uma virtualidade deletéria, como se fossem HDs externos rodando um software alienígena.

Fonte: Blog do Pannunzio, 02/08/2013

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Documento Histórico: Declaração dos direitos da mulher e da cidadã

Olympe de Gouges
(França, Setembro de 1791)

Como os neocons vivem dizendo que o feminismo é fruto do marxismo cultural, do gramscismo, da Escola de Frankfurt, blá-blá-blá, sempre bom lembrar certas pioneiras das lutas pelas mulheres e, sobretudo, a época em que atuaram (ou tentaram atuar). Em 1791, nem o Marx tinha nascido, né, gente? 

Declaração dos direitos da mulher e da cidadã - 1791

Este documento foi proposto à Assembléia Nacional da França, durante a Revolução Francesa (1789-1799). Marie Gouze (1748-1793), a autora, era filha de um açougueiro do Sul da França, e adotou o nome de Olympe de Gouges para assinar seus planfletos e petições em uma grande variedade de frentes de luta, incluindo a escravidão, em que lutou para sua extirpação. Batalhadora, em 1791 ela propõe uma Declaração de Direitos da Mulher e da Cidadãpara igualar-se à outra do homem, aprovada pela Assembléia Nacional. Girondina, ela se opõe abertamente a Robespierre e acaba por ser guilhotinada em 1793, condenada como contra revolucionária e denunciada como uma mulher "desnaturada".

PREÂMBULO

Mães, filhas, irmãs, mulheres representantes da nação reivindicam constituir-se em uma assembléia nacional. Considerando que a ignorância, o menosprezo e a ofensa aos direitos da mulher são as únicas causas das desgraças públicas e da corrupção no governo, resolvem expor em uma declaração solene, os direitos naturais, inalienáveis e sagrados da mulher. Assim, que esta declaração possa lembrar sempre, a todos os membros do corpo social seus direitos e seus deveres; que, para gozar de confiança, ao ser comparado com o fim de toda e qualquer instituição política, os atos de poder de homens e de mulheres devem ser inteiramente respeitados; e, que, para serem fundamentadas, doravante, em princípios simples e incontestáveis, as reivindicações das cidadãs devem sempre respeitar a constituição, os bons costumes e o bem estar geral.

Em conseqüência, o sexo que é superior em beleza, como em coragem, em meio aos sofrimentos maternais, reconhece e declara, em presença, e sob os auspícios do Ser Supremo, os seguintes direitos da mulher e da cidadã:

Artigo 1º

A mulher nasce livre e tem os mesmos direitos do homem. As distinções sociais só podem ser baseadas no interesse comum.

Artigo 2º

O objeto de toda associação política é a conservação dos direitos imprescritíveis da mulher e do homem Esses direitos são a liberdade, a propriedade, a segurança e, sobretudo, a resistência à opressão.

Artigo 3º

O princípio de toda soberania reside essencialmente na nação, que é a união da mulher e do homem nenhum organismo, nenhum indivíduo, pode exercer autoridade que não provenha expressamente deles.

Artigo 4º

A liberdade e a justiça consistem em restituir tudo aquilo que pertence a outros, assim, o único limite ao exercício dos direitos naturais da mulher, isto é, a perpétua tirania do homem, deve ser reformado pelas leis da natureza e da razão.

Artigo 5º

As leis da natureza e da razão proíbem todas as ações nocivas à sociedade. Tudo aquilo que não é proibido pelas leis sábias e divinas não pode ser impedido e ninguém pode ser constrangido a fazer aquilo que elas não ordenam.

Artigo 6º

A lei deve ser a expressão da vontade geral. Todas as cidadãs e cidadãos devem concorrer pessoalmente ou com seus representantes para sua formação; ela deve ser igual para todos. 
Todas as cidadãs e cidadãos, sendo iguais aos olhos da lei devem ser igualmente admitidos a todas as dignidades, postos e empregos públicos, segundo as suas capacidades e sem outra distinção a não ser suas virtudes e seus talentos.

Artigo 7º

Dela não se exclui nenhuma mulher. Esta é acusada., presa e detida nos casos estabelecidos pela lei. As mulheres obedecem, como os homens, a esta lei rigorosa.

Artigo 8º

A lei só deve estabelecer penas estritamente e evidentemente necessárias e ninguém pode ser punido senão em virtude de uma lei estabelecida e promulgada anteriormente ao delito e legalmente aplicada às mulheres.

Artigo 9º

Sobre qualquer mulher declarada culpada a lei exerce todo o seu rigor.

Artigo 10

Ninguém deve ser molestado por suas opiniões, mesmo de princípio. A mulher tem o direito de subir ao patíbulo, deve ter também o de subir ao pódio desde que as suas manifestações não perturbem a ordem pública estabelecida pela lei.

Artigo 11

A livre comunicação de pensamentos e de opiniões é um dos direitos mais preciosos da mulher, já que essa liberdade assegura a legitimidade dos pais em relação aos filhos. Toda cidadã pode então dizer livremente: "Sou a mãe de um filho seu", sem que um preconceito bárbaro a force a esconder a verdade; sob pena de responder pelo abuso dessa liberdade nos casos estabelecidos pela lei.

Artigo 12

É necessário garantir principalmente os direitos da mulher e da cidadã; essa garantia deve ser instituída em favor de todos e não só daqueles às quais é assegurada.

Artigo 13

Para a manutenção da força pública e para as despesas de administração, as contribuições da mulher e do homem serão iguais; ela participa de todos os trabalhos ingratos, de todas as fadigas, deve então participar também da distribuição dos postos, dos empregos, dos cargos, das dignidades e da indústria.

Artigo 14

As cidadãs e os cidadãos têm o direito de constatar por si próprios ou por seus representantes a necessidade da contribuição pública. As cidadãs só podem aderir a ela com a aceitação de uma divisão igual, não só nos bens, mas também na administração pública, e determinar a quantia, o tributável, a cobrança e a duração do imposto.

Artigo 15

O conjunto de mulheres igualadas aos homens para a taxação tem o mesmo direito de pedir contas da sua administração a todo agente público.

Artigo 16

Toda sociedade em que a garantia dos direitos não é assegurada, nem a separação dos poderes determinada, não tem Constituição. A Constituição é nula se a maioria dos indivíduos que compõem a nação não cooperou na sua redação.

Artigo 17

As propriedades são de todos os sexos juntos ou separados; para cada um deles elas têm direito inviolável e sagrado. Ninguém pode ser privado delas como verdadeiro patrimônio da natureza, a não ser quando a necessidade pública, legalmente constatada o exija de modo evidente e com a condição de uma justa e preliminar indenização.

CONCLUSÃO

Mulher, desperta. A força da razão se faz escutar em todo o Universo. Reconhece teus direitos. O poderoso império da natureza não está mais envolto de preconceitos, de fanatismos, de superstições e de mentiras. A bandeira da verdade dissipou todas as nuvens da ignorância e da usurpação. O homem escravo multiplicou suas forças e teve necessidade de recorrer às tuas, para romper os seus ferros. Tornando-se livre, tornou-se injusto em relação à sua companheira.


FORMULÁRIO PARA UM CONTRATO SOCIAL ENTRE HOMEM e MULHER

Nós, __________ e ________ movidos por nosso próprio desejo, unimo-nos por toda nossa vida e pela duração de nossas inclinações mútuas sob as seguintes condições: Pretendemos e queremos fazer nossa uma propriedade comum saudável, reservando o direito de dividi-la em favor de nossos filhos e daqueles por quem tenhamos um amor especial, mutuamente reconhecendo que nossos bens pertencem diretamente a nossos filhos, de não importa que leito eles provenham (legítimos ou não)e que todos, sem distinção, têm o direito de ter o nome dos pais e das mães que os reconhecerem, e nós impomos a nós mesmos a obrigação de subscrever a lei que pune qualquer rejeição de filhos do seu próprio sangue (recusando o reconhecimento do filho ilegítimo). Da mesma forma nós nos obrigamos, em caso de separação, a dividir nossa fortuna, igualmente, e de separar a porção que a lei designa para nossos filhos. Em caso de união perfeita, aquele que morrer primeiro deixa metade de sua propriedade em favor dos filhos; e se não tiver filhos, o sobrevivente herdará, por direito, a menos que o que morreu tenha disposto sobre sua metade da propriedade comum em favor de alguém que julgar apropriado. (Ela, então, deve defender seu contrato contra as inevitáveis objeções dos "hipócritas, pretensos modestos, do clero e todo e qualquer infernal grupo").

Fonte: Biblioteca Virtual de Direitos Humanos da USP - Declaração dos direitos da mulher e da cidadã - 1791 | Documentos anteriores à criação da Sociedade das Nações (até 1919) 

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