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Mulheres samurais

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Quando Deus era mulher:

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quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Julgamento da História: Mensalão foi estratégia golpista do PT

Mensalão: estratégia golpista do PT para erodir a democracia brasileira
Enquanto o ministro Marco Aurélio Mello diz que a presença do seu colega ministro José Antonio Dias Toffoli, advogado de campanhas presidenciais do PT e assessor jurídico da Casa Civil, quando José Dirceu a ocupava, pode ser questionada no início do julgamento do mensalão (nesta quinta-feira), as redes sociais se agitam, para o esperado julgamento, relembrando detalhes do caso.

Abaixo posto vídeo do Implicante, que faz um resgate dos episódios que marcaram um dos maiores escândalos de corrupção do Brasil, e o texto Julgamento da História do sociólogo Demétrio Magnoli  que muito apropriadamente lembra que o mensalão, mais do que encher os bolsos de vários picaretas, teve o propósito - ainda em pauta - de erodir a democracia brasileira. Destaco trecho do texto, em seguida, que também transcrevo na íntegra logo após o vídeo. Ao fim da postagem ainda, links para a entrevista do ministro Marco Aurélio Mello sobre Dias Toffoli e para a página do Estadão que transmitirá o histórico julgamento.

"O caráter histórico do episódio em julgamento deriva de sua natureza distinta: o mensalão perseguia a virtual eliminação do sistema de contrapesos da democracia, pelo completo emasculamento do Congresso. A apropriação privada fragmentária de recursos públicos, por mais desoladora que seja, não se compara à fabricação pecuniária de uma maioria parlamentar por meio do assalto sistemático ao dinheiro do povo. Os juízes do STF não estão julgando um caso comum, mas um estratagema golpista devotado a esvaziar de conteúdo substantivo a democracia brasileira."


Julgamento da História

Demétrio Magnoli

"O mais atrevido e escandaloso esquema de corrupção e de desvio de dinheiro público flagrado no Brasil", segundo a definição do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, no seu memorial conclusivo, começa a ser julgado hoje pelo STF. A palavra "história" está um tanto desgastada. Quase tudo, de casamentos de celebridades a jogos de futebol, é rotineiramente declarado "histórico". O adjetivo, contudo, deve ser acoplado ao julgamento do mensalão - e num duplo sentido. A Corte Suprema está julgando os perpetradores de uma tentativa de supressão da independência do Congresso Nacional e, ao mesmo tempo, dará um veredicto sobre um tipo especial de corrupção, que almeja a legitimidade pela invocação da História (com H maiúsculo).

Silvio Pereira, o "Silvinho Land Rover", então secretário-geral do PT, tornou-se uma figura icônica do mensalão, pois, ao receber o veículo, conferiu ao episódio uma simplória inteligibilidade: corruptos geralmente obtêm acesso a "bens de prazer" e a "bens de prestígio" em troca de sua contribuição para os esquemas criminosos. No caso, porém, o ícone mais confunde do que esclarece. "Vivo há 28 anos na mesma casa em São Paulo, me hospedo no mesmo hotel simples há mais de 20 anos em Brasília, cidade onde trabalho de segunda a sexta", disse em sua defesa José Genoino, então presidente do PT e avalista dos supostos empréstimos multimilionários tomados pelo partido.
Genoino quer, tanto por motivos judiciais quanto políticos, separar sua imagem da de Silvinho - e não mente quando aborda o tema da honestidade pessoal. Os arquitetos principais do núcleo partidário do mensalão não operavam um esquema tradicional de corrupção, destinado a converter recursos públicos em patrimônios privados. Eles pretendiam enraizar um sistema de poder, produzindo um consenso político de longo alcance. O episódio deveria ser descrito como um acidente necessário de percurso na trajetória de consolidação da nova elite política petista.

José Dirceu, o "chefe da quadrilha", opera atualmente como lobista de grandes interesses empresariais, não compartilha o estilo de vida monástico de Genoino, mas também não parece ter auferido vantagens pecuniárias diretas no episódio em julgamento. O então poderoso chefe da Casa Civil comandou o esquema de aquisição em massa de parlamentares com o propósito de assegurar a navegação de Lula nas águas incertas de um Congresso sem maioria governista estável. Dirceu conduziu a perigosa aventura em nome dos interesses gerais do lulismo - e, imbuído de um característico sentido de missão histórica, aceitou o papel de bode expiatório inscrito na narrativa oficial da inocência do próprio presidente. Há um traço de tragédia em tudo isso: o mensalão surgiu como "necessidade" apenas porque o neófito Lula rejeitou a receita política original formulada por Dirceu, que insistira em construir extensa base governista sustentada sobre uma aliança preferencial entre PT e PMDB.

A corrupção tradicional envenena lentamente a democracia, impregnando as instituições públicas com as marcas dos interesses privados. O caráter histórico do episódio em julgamento deriva de sua natureza distinta: o mensalão perseguia a virtual eliminação do sistema de contrapesos da democracia, pelo completo emasculamento do Congresso. A apropriação privada fragmentária de recursos públicos, por mais desoladora que seja, não se compara à fabricação pecuniária de uma maioria parlamentar por meio do assalto sistemático ao dinheiro do povo. Os juízes do STF não estão julgando um caso comum, mas um estratagema golpista devotado a esvaziar de conteúdo substantivo a democracia brasileira.

No PT, "Silvinho Land Rover" será, para sempre, um "anjo caído", mas o tesoureiro Delúbio Soares foi festivamente recebido de volta, enquanto Genoino frequenta reuniões da direção e Dirceu é aclamado quase como mártir. O contraste funciona como súmula da interpretação do partido sobre o mensalão. Ao contrário do dirigente flagrado em prática de corrupção tradicional, os demais serviam a um desígnio político maior - um fim utópico ao qual todos os meios se devem subordinar. São, portanto, "heróis do povo brasileiro", expressão regularmente usada nas ovações da militância petista a Dirceu.

O PT renunciou faz tempo à utopia socialista. Na visão do "chefe da quadrilha", predominante no seu partido, o PT é a ferramenta de uma utopia substituta: o desenvolvimento de um capitalismo nacional autônomo. Segundo tal concepção, o lulismo figuraria como retomada de um projeto deflagrado por Getúlio Vargas e interrompido por FHC. Nas condições postas pela globalização, tal projeto dependeria da mobilização massiva de recursos estatais para o financiamento de empresas brasileiras capazes de competir nos mercados internacionais. A constituição de uma nova elite política, estruturada em torno do PT, seria componente necessário na edificação do capitalismo de Estado brasileiro. Sobre o pano de fundo do projeto de resgate nacional, o mensalão não passaria de um expediente de percurso: o atalho circunstancial tomado pelas forças do progresso fustigadas numa encruzilhada crucial.

A democracia é um regime essencialmente antiutópico, pois seu alicerce filosófico se encontra no princípio do pluralismo político: a ideia de que nenhum partido tem a propriedade da verdade histórica. Na democracia as leis valem para todos - mesmo para aqueles que, imbuídos de visões, reclamam uma aliança preferencial com o futuro. O "herói do povo brasileiro" não passa, aos olhos da lei, do "chefe da quadrilha" consagrada à anulação da independência do Congresso. Ao julgar o mensalão, o STF está decidindo, no fim das contas, sobre a pretensão de uma corrente política de subordinar a lei à História - ou seja, a um projeto ideológico. Há, de fato, algo de histórico no drama que começa hoje.

* SOCIÓLOGO, DOUTOR EM GEOGRAFIA HUMANA PELA USP. E-MAIL:DEMETRIO.MAGNOLI@UOL.COM.BR

Fonte: O Estado de S.Paulo
Links relativos:
Ministro do STF, Marco Aurélio Mello, diz não acreditar que haja um desmembramento do processo
‘Estado’ vai transmitir julgamento às 14h
TV Justiça também transmite

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Problemas da economia brasileira

Monica Baumgarten de Bolle
Monica Baumgarten de Bolle, Ph.D. em Economia pela London School of Economics, é macroeconomista, sócia-diretora da Galanto Consultoria e diretora do Instituto de Estudos de Política Econômica - Casa das Garças (IEPE/CdG), além de professora do Departamento de Economia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ). 

Em entrevista ao  Instituto Millenium ela fala sobre os principais problemas da economia brasileira na atualidade e as medidas necessárias para solucioná-los. Dá destaque para os problemas dos pesados impostos sobre a indústria e a falta de investimento em infraestrutura.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Ingleses fazem elogio à força do engenho e do esforço humanos, que dão início ao capitalismo, na abertura das Olimpíadas

Anéis forjados pelo engenho e esforço humanos
Apologia do engenho e do esforço humanos, com todos os sacrifícios inerentes, que dão início ao capitalismo, bem poderia definir o mote da história da Grã-Bretanha, contada pelo cineasta Danny Boyle, na Cerimônia de Abertura dos Jogos Olímpicos de Londres 2012.

Passando pelas referências aos ícones culturais ingleses, de William Shakespeare aos Beatles e aos movimentos sociais, com a emocionante presença das sufragistas reivindicando o voto feminino, mais um momento de silêncio pelos mortos das duas grandes guerras, o incrível da encenação ficou mesmo por conta da descrição da revolução industrial que culmina na criação do símbolo olímpico pelas forjas das indústrias do novo sistema.

Há uma continuidade da história que também detalha as revoluções posteriores, a cultural e sobretudo a da informação (digital), que não está na edição desse primeiro vídeo da abertura, e que não é tão impressionante como ele, embora também interessante. O segundo vídeo descreve o mundo digital de hoje, com homenagem ao cientista inglês Tim Berners-Lee, inventor da Web (criou o HTML, o protocolo HTTP e do sistema de localização de objetos na web URL), e passeia pela cultura pop britânica, com inúmeros hits de várias gerações.

Deve-se dar um desconto às falas dos comentaristas porque são da Record, a TV governista. Para se ter   uma ideia do nível de alguns comentários, num dos trechos da abertura das Olimpíadas que homenageia a saúde pública britânica, eles chegaram a compará-la ao SUS brasileiro, dizendo que a diferença é que aqui o sistema funciona (sic). 

Mas fiquem com as imagens da história da Inglaterra que são mesmo incríveis. Para ver em tela inteira, basta clicar na setinha abaixo e à direita dos vídeos. Me arrepiei!

sábado, 28 de julho de 2012

Enquanto a The Economist compara os mensaleiros a ratos, presidente do PT desqualifica, em vídeo, a denúncia da Procuradoria

The Economist sugere ao STF varrer os ratos do mensalão
Com o título Justiça Atrasada, a prestigiada revista The Economist afirma que finalmente políticos e  associados, acusados de envolvimento no amplo esquema de compra de votos conhecido como mensalão (big monthly stipend), enfrentarão julgamento por seus crimes a partir do dia 2 de agosto.

Faz também uma espécie de resumo da impunidade dos políticos trambiqueiros de nosso país (e de outros facínoras) de matar de vergonha os brasileiros que ainda conhecem essa importante senhora. Cita o caso de Maluf, proscrito nos EUA, mas eleito para o Congresso Nacional, o de Lula que, apesar do envolvimento com o mensalão, foi reeleito para a Presidência, e até o do jornalista Antonio Pimenta Neves que, embora assassino confesso da namorada, só foi preso 11 anos após o crime (em 2011) e deverá estar livre novamente em 2013.

De qualquer forma, a revista argumenta que o simples fato de o mensalão ir a julgamento constitui um progresso, pois, embora ainda improvável a prisão de algum corrupto, essa possibilidade não é mais impensável. Cita ainda a fala de João Castro Neves, da consultora Eurasia Group, a propósito da nova lei de acesso à informação: “A boa nova é que, para ser corrupto no Brasil de hoje, você precisa ter mais criatividade do que 15 anos atrás.

Enquanto isso, aqui no Brasil, com o cinismo característico, o presidente do PT Rui Falcão, divulgou vídeo ontem (sexta-feira) em que desqualifica a denúncia do Ministério Público contra os companheiros petistas mensaleiros que conformavam, em 2005, a cúpula do partido no governo. Neste vídeo (segue abaixo), Falcão afirma, entre outras pérolas, que alguns militantes do PT foram injustamente acusados por crimes sem comprovação (sic) e hipoteca sua solidariedade aos mesmos. Parece também fazer uma ameaça velada ao Supremo.

Fico pensando se ainda viverei para ver essa escória, que se apropriou do país nos últimos anos (quase uma década já), pelo menos desalojada do poder. Por ora, concordo com a The Economist, dada à degeneração moral existente, o simples fato de o mensalão ir a julgamento já constitui um progresso. Vamos torcer para que algum desses vigaristas também receba alguma penalização.

Para assistir o vídeo, sugiro tomar primeiro um plasil e depois um engov.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

E o mundo não se acabou!

Anuncio e garanto que o mundo acabará
 se o casamento homossexual for aprovado 
Nos últimos séculos, a cada pequena tentativa de avanço, na área da moral e dos costumes e mesmo na dos direitos básicos da maior parte da população, a humanidade sempre contou com a oposição obstinada das igrejas cristãs e de conservadores religiosos e mesmo não religiosos. 

A cada conquista das mulheres, da Revolução Francesa aos dias de hoje, por sua cidadania - poder estudar, trabalhar, votar e ser votada, ter propriedades - os conservadores se levantaram para afirmar que esses direitos elementares levariam ao fim da família e do mundo.

Também não foi sem resistência desse pessoal que os negros romperam os grilhões da escravidão e posteriormente da segregação racial. O Estado de direito, que significa igualdade perante as leis e também liberdade dos indivíduos, foi incorporado pelos conservadores apenas no que lhes diz(ia) respeito. 

E atualmente muitos continuam pensando assim. Agora, tendo os direitos básicos de negros e mulheres passado enquanto eles ladravam, voltam seu foco de ataques obscurantistas contra a população homossexual que reivindica sua cidadania diante do estado brasileiro. Mais uma vez, esses conservadores se levantam, com base na eterna cantilena do fim da família e da chegada do apocalipse, contra o reconhecido das uniões LGBT pelo Estado. 

Embora o pleito do casamento, entre pessoas de mesmo sexo,  seja da área civil, e não religiosa, esses conservadores querem obstá-lo com base em leituras da Bíblia descontextualizadas historicamente, negando um dos pilares da democracia que é a separação entre assuntos de Estado e assuntos da religião. O adjetivo civil, contudo, não deixa dúvidas da legitimidade dessa reivindicação: civil, em sua principal acepção, é aquilo que diz respeito aos cidadãos de uma determinada sociedade ou país. Acaso não seriam as pessoas homossexuais cidadãs brasileiras? Não contribuem com os mesmos impostos, não constroem também a nação? Por que então não podem ter os mesmos direitos dos outros segmentos da população? Por que um bando de beatos obscurantistas não quer? E isso em pleno século XXI!!???

Até história de que os direitos homossexuais fazem parte de uma conspiração comunista para acabar com a família e a cristandade rola da boca dessa gente cujo cérebro não tem redes neurais e sim teias de aranha. Desde quando comunistas respeitam leis e a igualdade das pessoas perante as leis? Samba do conservador doido seguramente. Doido, antidemocrático, mesquinho e mau. A verdade é que não querem perder o monopólio da instituição "casamento", acham que são proprietários de um instituto que é de todos os civis do Brasil.

Resumindo, essas objeções nada santas ao casamento homossexual são mera questão de poder, de medo de perder poder. Nada além! As mulheres  e os negros conquistaram seus direitos básicos, e nem a família nem o mundo se acabou. Nos países onde as pessoas homossexuais já se unem oficialmente há tempos, as famílias heterossexuais continuam existindo da mesmíssima forma que antes porque obviamente alhos não têm a ver com bugalhos. Os direitos conquistados de uns não tiram direitos consagrados de outros. O que soma não pode dividir.

Por isso, dedico a música E o mundo não se acabou, do homossexual Assis Valente, na voz da homossexual Adriana Calcanhoto, para "essa gente careta e covarde", como diria o bissexual Cazuza. A letra da música, cheia de ironia e bom humor, tira um belo sarro dos apocalípticos de todos os tempos e dos que creem neles.  Combina também com 2012, previsto, segundo antigas profecias, como o ano do fim dos tempos. Metade dele já passou e, até agora, a única coisa em vias de extinção é a minha paciência com tantos malucos de pedra.

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