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A origem revisitada do Dia Internacional da Mulher

Mulheres samurais

no Japão medieval

Quando Deus era mulher:

sociedades mais pacíficas e participativas

Aserá,

a esposa de Deus que foi apagada da História

quinta-feira, 14 de março de 2019

As mulheres são biologiamente mais "fortes" do que os homens

Diferença na expectativa de vida entre mulheres e homens surge ainda na infância
Ciência comprova: mulheres são mais ‘fortes’ que os homens
Em tempos de crise, como fome e epidemias, elas sobrevivem mais que eles

Não é novidade que hoje as mulheres vivem mais que os homens em praticamente todos os países do mundo, mas um levantamento reunindo dados dos últimos 300 anos mostra que elas também eram mais resilientes no passado , até nas piores circunstâncias, como fome e epidemias. Segundo os pesquisadores, mesmo na infância, quando as diferenças comportamentais são mínimas, as meninas têm mais chances de sobrevivência que os meninos , o que indica que a explicação para o fenômeno deve ter algum componente biológico .

A equipe liderada por Virginia Zarulli, da Universidade do Sul da Dinamarca, e James Vaupel, da Universidade Duke, analisou sete episódios históricos que tiveram forte impacto sobre a expectativa de vida da população, como a chegada de ex-escravos americanos na Libéria, entre 1820 e 1843; a fome na Suécia em 1772 e 1773; e as epidemias de sarampo na Islândia em 1846 e 1882.
As condições experimentadas pelas pessoas nas populações analisadas eram horríveis. Apesar de as crises reduzirem a vantagem da sobrevivência feminina na expectativa de vida, as mulheres ainda sobreviveram mais que os homens”, revelaram os cientistas em estudo publicado semana passada na revista científica "PNAS".
Na Libéria, por exemplo, os escravos libertados nos EUA experimentaram as piores taxas de mortalidade já registradas no mundo. Mais de 40% dos realocados no país do oeste africano morreram no primeiro ano após a chegada, provavelmente por doenças tropicais. No nascimento, a expectativa de vida para os meninos era de 1,68 ano e, para as meninas, de 2,23 anos.

A fome na Suécia de 1772/1773 é considerada a pior na história do país, provocada por condições climáticas anormais no verão de 1771, que quebrou a safra e provocou aumento expressivo nos preços dos alimentos. Em 1973, a expectativa de vida da população desabou para apenas 17,15 anos para os homens e 18,79 anos para as mulheres. Na Islândia, a epidemia de sarampo fez a expectativa de vida em 1846 cair de 35,35 anos para 17,86 anos entre os homens e de 40,81 anos para 18,82 anos entre as mulheres.
Em todas as populações os homens tinham taxas de mortalidade iguais ou maiores que as mulheres em todas as faixas etárias”, apontam os pesquisadores.
Quando os cientistas analisaram os dados por faixa etária, descobriram que a vantagem de sobrevivência das mulheres se desdobram a partir de diferenças na mortalidade infantil. Em todos os casos analisados, as meninas eram mais resilientes que os meninos. Como nos primeiros anos de vida os impactos ambientais e comportamentais são mínimos, os resultados sugerem que a diferença na expectativa de vida entre homens e mulheres não pode descartar a influência biológica.
Nossos resultados adicionam uma nova peça ao quebra-cabeças das diferenças de sobrevivência entre os gêneros”, concluem os pesquisadores. “Eles sugerem que a vantagem feminina tem raízes biológicas e é influenciada por riscos, oportunidades e recursos ambientais e comportamentais”.

Fonte: O Globo, 15/01/2018 

terça-feira, 12 de março de 2019

“Violência contra mulher é epidêmica no Brasil”, segundo a Human Rights Watch

“Violência contra mulher é epidêmica no Brasil”, afirma Human Rights

Relatório divulgado em janeiro deste ano (17/1) pela ONG internacional classifica a violência contra a mulher como um dos maiores problemas do país.

O relatório global 2019 da ONG internacional Humans Rights Watch (HRW – Observatório dos Direitos Humanos, em tradução livre), divulgado em janeiro deste ano (17/01), define que há uma “epidemia” de violência doméstica no Brasil. Com dados apurados no começo de 2018, o documento denuncia que há mais de 1,2 milhão de casos de agressões contra mulheres pendentes na Justiça brasileira.

A ONG considera que apesar de a Lei Maria da Penha ser uma das mais avançadas do mundo ela não está sendo aplicada com a eficácia necessária e alerta para a escalada do abuso doméstico não notificado. Em 2017, 4.539 mulheres morreram no Brasil, de acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, e, dentre essas mortes, 1.333 homicídios foram tipificados como feminicídio.
O número real é, provavelmente, maior, uma vez que a polícia não registra como feminicídio os casos nos quais a motivação não está clara”, alerta o relatório.
O documento também denuncia a precariedade da rede de apoio às vítimas da violência de gênero. Segundo dados recolhidos pela ONG internacional, 23 casas que recebiam mulheres e crianças em necessidade foram fechadas por corte de gastos nos últimos anos. Atualmente, há 74 abrigos abertos, em um país com mais de 200 milhões de habitantes. A quantidade de delegacias de atendimento à mulher ou os núcleos especializadas que existem em delegacias também caíram: passaram de 504 para 497 no período analisado pelo relatório.

A queda no orçamento é ainda mais drástica. Segundo a HRW, em 2014, R$ 73 milhões foram utilizados pela Secretaria Nacional de Políticas para Mulheres. Em 2017, foram R$ 47,3 milhões e, até março de 2018, apenas R$ 3,3 milhões foram gastos pela pasta. 
 A violência doméstica virou uma epidemia, e as autoridades não estão priorizando a rede de proteção à mulher – enxergamos isso pela diminuição da rede de apoio e pelos problemas de acesso à Justiça enfrentados pelas vítimas”, afirma o pesquisador César Muñoz, da Human Rights Watch, em entrevista ao Metrópoles.


César Muñoz considera que os 1,2 milhão de casos de violência doméstica pendentes no Judiciário são apenas uma pequena parte do enorme problema que é a violência de gênero. 
Muitas mulheres que são agredidas não denunciam por vários motivos, entre eles, por não acreditar que a polícia vá, de fato, protegê-las”, explica o pesquisador da Human Rights Watch.
Em documento encaminhado à imprensa, a ONG internacional sugere nove passos para combater a violência doméstica:

– Abrir as delegacias da mulher nos horários em que há mais violência doméstica: à noite e aos fins de semana;
– Obter a declaração imediata da vítima no momento em que a denúncia é feita;
– Disponibilizar salas privativas nas delegacias para depoimentos;
– Aumentar o número de delegacias da mulher e unidades especializadas;
– Fornecer treinamento permanente a policiais sobre como lidar com casos de violência doméstica;
– Elaborar protocolos de atuação de policiais em casos de violência doméstica;
– Investigar todas as denúncias de violência doméstica;
– Monitorar todas as medidas protetivas;
– Publicar dados sobre a atuação das forças policiais e do sistema de justiça em casos de violência doméstica.

Fonte: Metrópoles, por Juliana Contaifer, 18/01/2019



quinta-feira, 7 de março de 2019

Mulheres conquistam chefia das instituições que influenciam economia global

Gita Gopinath, Laurence Boone, Pinelopi Koujianou Goldberg, Beata Javorcik

FMI, Banco Mundial, OCDE e ERDB têm agora economistas-chefe mulheres


São Paulo – As mulheres estão conquistando cada vez mais espaços de poder e um exemplo é o ramo da economia.

Quatro das principais organizações multilaterais do planeta escolheram recentemente mulheres para o posto de economista-chefe.

Isso significa que elas que estarão responsáveis por coordenar as projeções que embasam as instituições, servem como referência para o mercado e influenciam nos rumos da economia global.

Conheça as quatro economistas:

Gita Gopinath (Fundo Monetário Internacional)

Esta americana nascida na Índia, de 47 anos, foi escolhida para o cargo em outubro e assumiu em janeiro no lugar de Maurice Obstfeld.

Gita tem um Ph.D. em Economia de Princeton e já vinha chamando a atenção como professora, primeiro na Universidade de Chicago e depois em Harvard, de onde tirou uma licença.

Em 2011, foi escolhida pelo Fórum Econômico Mundial como uma das “jovens líderes globais”. O FMI também é dirigido desde 2011 por outra mulher, a francesa Christine Lagarde.

A instituição foi criada em 1945 e tem como objetivo manter a estabilidade do sistema financeiro global.

Laurence Boone (OCDE)

Escolhida em junho de 2018, esta francesa de 49 anos entrou no lugar de outra mulher: Catherine Mann, que ficou no posto entre 2014 e 2017.

Boone começou sua carreira no Merrill Lynch, já havia passado por instituições como Barclays e AXA e tem mestrado pela London Business School.

Entre 1998 e 2004, já havia trabalhado como economista na OCDE, organização fundada em 1961 e que define padrões para seus 61 países-membros, na maioria desenvolvidos (o Brasil pleiteia uma vaga).

Sua experiência prévia no setor público inclui um período, entre 2014 e 2016, em que assessorou a presidência francesa nas relações com instituições internacionais como FMI e G20.

Pinelopi Koujianou Goldberg (Banco Mundial)

Pinelopi tem um PhD da Universidade de Stanford e tirou licença de Yale, onde passou uma boa parte da sua carreira acadêmica, para assumir o posto no Banco Mundial.

Nascida na Grécia, mas também com cidadania americana, a economista de 56 anos tem no seu currículo pesquisas sobre o efeitos do comércio sobre desigualdade e inovação em países emergentes.

A experiência será valiosa para uma instituição que tem como foco o financiamento de projetos de desenvolvimento nestes países.

Beata Javorcik (Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento)

A economista polonesa de 48 anos assume em setembro o posto no ERBD, instituição fundada em 1991 para promover financiamentos para desenvolver mercados em 27 países da Europa Central à Ásia Central.

Beata é atualmente professora na Universidade de Oxford e seu currículo inclui um PhD de Yale e uma passagem pelo Banco Mundial.

Fonte: Exame, 04/03/2019

terça-feira, 5 de março de 2019

O frevo mais popular do Brasil foi composto por Joana Batista Ramos em 1909

Joana Batista Ramos
Compositora da marchinha mais popular do Carnaval pernambucano foi apagada da história
Documentaristas buscam informações para construir biografia de Joana Batista Ramos

​Há 110 anos, uma mulher negra e pobre, possivelmente filha de escravos, compôs a letra do mais popular frevo do Carnaval de Pernambuco, a "Marcha Número 1 do Vassourinhas". Mas a história oficial, moldada em território masculino, tratou de apagá-la.

Na terra do frevo, Joana Batista Ramos ainda é apenas um conjunto de indícios. As informações sobre ela são bastante escassas, quase inexistentes. Resumem-se a poucos parágrafos de jornais do início do século passado. Não há nem sequer certidões de nascimento ou de óbito.
O único documento público que comprova a sua existência é o recibo de venda por 3.000 réis dos direitos autorais da música para o tradicional Clube Vassourinhas, fundado em 1889, um ano após a assinatura da Lei Áurea. 
Escrita em 1909, a música virou uma espécie de hino popular de Pernambuco.

Ela foi gravada pela primeira vez, porém, em 1945, pela Continental, interpretada por Deo e Castro Barbosa. Na versão, a letra original acabou sendo alterada com a inserção do verso de domínio público "se essa rua, se essa rua fosse minha", cantiga popular rearranjada pelo maestro Heitor Villa-Lobos na década de 1930.

Nascido como uma marcha, o frevo de Vassourinhas foi sofrendo outras modificações ao longo do tempo, até que teve a letra suprimida. O garimpo mostra que a música era executada quando o Vassourinhas estava retornando para a sua sede, na chamada marcha de regresso.

Hoje, no Carnaval, o frevo funciona como uma espécie de "acorda povo", aquele momento em que os músicos estão cansados e precisam retomar a animação dos foliões.

O maior mistério do frevo
Partitura mostra os verdadeiros autores do famoso frevo:
 Matias da Rocha e Joana Batista
Uma equipe pernambucana de documentaristas iniciou um trabalho de investigação para contar quem foi Joana Batista Ramos. A produtora cultural Tactiana Braga e os jornalistas Camerino Neto e Maíra Brandão dirigem o documentário "Joana: Se essa Marcha Fosse Minha", ainda sem data para lançamento.

Uma campanha na internet também foi lançada na tentativa de encontrar parentes da compositora ou qualquer informação que contribua para construir a sua biografia.

Até agora, além de testemunhos e escassos relatos em jornais da época, conseguiram encontrar uma única imagem do rosto dela, provavelmente uma pintura, que consta no documentário "Cem Anos de Vassourinhas" (1989), pertencente ao acervo da Fundação Joaquim Nabuco.
Estamos falando do território da cana-de-açúcar, do senhor de engenho, da casa grande e da senzala, demarcado pela violência do poder. Joana é um grito neste momento em que o Brasil ameaça a fala e o direito da mulher", diz Tactiana Braga.
Camerino Neto conta que, nos antigos bailes de Carnaval, com várias orquestras, a introdução de Vassourinhas era o alerta para que os próximos instrumentistas subissem ao palco e pudessem substituir aqueles que já estavam tocando.
Isso talvez explique porque ela se popularizou tanto. Era executada várias vezes durante a mesma noite", diz.
Algumas peças do quebra-cabeça histórico estão sendo descobertas aos poucos.
Joana era possivelmente empregada doméstica, ex-escrava ou descendente de escravos", lembra Brandão.
Mas ainda não se sabe onde exatamente ela nasceu.
O próximo passo é fazer o caminho contrário. Estamos tentando localizar a certidão de óbito", aponta.
O governo de Pernambuco afirma que a Secretaria da Mulher se prontificou a acionar a estrutura de informações oficiais para encontrar qualquer documento sobre Joana.
Há o entendimento de que essa invisibilidade não é um ato falho. É um ato de machismo. É preciso reconhecer sua contribuição a partir da história de Joana", afirma Braga.
Nas pesquisas, há relatos da presença dela e de Mathias da Rocha, que também assina a música por possivelmente ter criado a melodia, num lugar em que os negros costumavam realizar celebrações, no Porto da Madeira, na zona norte do Recife. A composição teria nascido num dos mocambos do bairro.

A busca documental já chegou a algumas conclusões. Joana tinha três filhos e, provavelmente, morreu aos 74 anos, em 1952. Os registros em cartório da venda da música ao Clube Vassourinhas são de 1910, enquanto o documento de autoria é de 1949.

A pesquisadora Carmem Lelis informa que, em 1951, a marcha passou ser reproduzida também no Carnaval carioca. "Mas as informações são precárias e sem fontes para se constatar a veracidade."

O filme será composto por entrevistas com pesquisadores, maestros renomados do frevo e compositoras e cantoras pernambucanas.

Entre os entrevistados está a cantora, compositora e dançarina Flaira Ferro.
Há cem anos, a realidade era pior para as mulheres. Ainda mais sendo negra. Ela estava na margem da margem da margem", afirma ela.
Quem foi Joana Batista Ramos?
Mulher negra, compôs, junto de Mathias da Rocha, em 1909, o frevo 'Marcha Número 1 do Vassourinhas', um dos mais famosos de Pernambuco. Tudo o que se sabe sobre ela é que tinha três filhos e, provavelmente, morreu aos 74 anos, em 1952

 Fonte: Folha de SP, João Valadares, Recife, 01/03/2019

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