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Mulheres samurais

no Japão medieval

Quando Deus era mulher:

sociedades mais pacíficas e participativas

Aserá,

a esposa de Deus que foi apagada da História

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Segundo a mitologia, agosto é mês azarado, mas pode dar sorte aos brasileiros se derrubar Dilma

Ou da sorte para os brasileiros
Por que agosto é o mês mais sombrio da política brasileira
Começa agosto, o mês do cachorro louco

São Paulo – Agosto será um mês intenso para o governo Dilma Rousseff. Os petistas já devem estar contando os dias para que a agenda se esvazie dos eventos que devem causar desconforto ao Planalto este mês.

O primeiro deles já tem data marcada para o dia 6. Na primeira semana da volta do recesso do Congresso, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha(PMDB), dará início à instalação da CPI do BNDES.

A comissão vai investigar contratos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social com suspeitas de irregularidades na concessão de empréstimos de 2003 e 2015.

Cunha, que retoma os trabalhos depois de romper com a base aliada do governo, também iniciará outras quatro CPIs. A mais incômoda ao Planalto é a que investigará os investimentos dos fundos de pensão das empresas estatais, como Petrobras e Correios.

A relação entre a presidenta e Cunha promete ser conturbada, já que Dilma depende do deputado para acelerar a aprovação das medidas provisórias do ajuste fiscal.

Também em agosto devem vir à tona as primeiras denúncias do braço político da Operação Lava Jato. Se não foram novamente adiados, saem neste mês os inquéritos de parlamentares como o próprio Eduardo Cunha, o presidente do Senado, Renan Calheiros(PMDB), a senadora Gleisi Hoffmann (PT), o ex-ministro Edison Lobão e mais de 20 outros políticos.

A lista não para por aí. O Tribunal Superior Eleitoral investiga também neste mês a suposta presença de dinheiro ilícito na campanha da presidente Dilma. A suspeita ganhou força após a delação premiada de Ricardo Pessoa, ex-presidente da UTC, que afirma ter doado 7,5 milhões de reais por temer retaliações nas licitações de obras públicas, além de colocar dinheiro em caixa dois.

O Planalto será investigado também em agosto pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Dilma é acusada de atrasar repasses aos bancos públicos para o pagamento de benefícios para manter as contas com menores déficits — as chamadas “pedaladas fiscais”.

O TCU passará o pente fino nas contas do governo, buscando irregularidades. A Advocacia Geral da União entregou um documento de defesa com mais de mil páginas, mas já admitiu que as “pedaladas” ocorreram.

Nesse clima de desconforto, Dilma ainda terá que lidar com as manifestações populares marcadas para o próximo dia 16. Pela primeira vez, os partidos de oposição farão chamamentos para o povo comparecer ao ato contra o governo da presidenta.

Organizado pelos grupos Movimento Brasil Livre, Revoltados Online e Vem Pra Rua, a primeira edição contou com 220.000 participantes, segundo o Datafolha — para a Polícia Militar foram 1 milhão de manifestantes.

Historicamente, agosto não é um mês fácil para o cenário político, assim como não será para Dilma Rousseff. Em entrevista à coluna Painel, da Folha de S. Paulo, um dos ministros do governo declarou que era preciso “combater o mês do cachorro louco”.

Ele fazia referência a agosto e seus eventos tenebrosos que rondaram governantes neste mês, como
  • o suicídio de Getúlio Vargas em 24/08/1954
  • a renúncia de Jânio Quadros em 25/08/1961
  • o acidente de carro que matou Juscelino Kubitschek em 22/08/1976
  • a manifestação pelo impeachment de Collor que o levou a renúncia em 16/08/1992
  • a morte de Eduardo Campos em 13/08/2014
Fonte: Exame, 02/08/2015 

terça-feira, 21 de julho de 2015

Recesso de julho. De volta em 03/08


Aprovação de Dilma despenca para 7,7%


segunda-feira, 20 de julho de 2015

A amizade é o amor que nunca morre. Feliz dia dos amigos!

Hoje, no Brasil, é dia do mais nobre dos sentimentos humanos: a amizade, aquela que, nas palavras do poeta Mário Quintana, é o amor que nunca morre. Hoje também a humanidade aportou na lua 46 anos atrás (20/07/1969), quase no fim do dia. Um feito memorável.

Um bom dia para nascer, portanto, o que me aconteceu há 61 anos. Quem diria. Ainda estou por aqui firme e forte. Por isso, para homenagear o dia em que nasci, dia da amizade, deixo abaixo vídeo com Elis Regina cantando Canção da América. Deixo também de comentar sobre a corrupção nossa de cada dia,  pois nada é mais incompatível com a amizade do que a sordidez da desonestidade pessoal ou política.

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Marxistas sempre erram. Mas por que não desistem de insistir nos erros?

Os textos de Jabor sobre sua época de crença na esquerda socialista, comunista, etc. sempre me fazem lembrar da minha própria trajetória também marcada pela influência de esquerda (ainda que da esquerda libertária) e cheia de ilusões. Dar adeus às ilusões não é fácil, mas imprescindível para o crescimento pessoal e político. Muitos caminhos levam a Roma, portanto, insistir em um que sempre só deu becos sem saída é meio patológico. Impressiona que a esquerda fóssil brasileira insista numa ideologia que não passou no test drive da História e segue criando destruição por onde passa. Se eles não aceitam virar essa página da História, precisamos virá-la por eles.

Destaque:

Nunca me esqueço de um debate do grande intelectual “aroniano” José Guilherme Merquior com dois marxistas na TV. Os dois falavam sempre dos erros da esquerda, mas considerados apenas como “percalços” de uma marcha triunfal para o futuro. Eles diziam, batendo no peito: “Erramos no stalinismo, na Hungria, em Praga, aqui erramos em 1935, 1964, em 1968, mas continuaremos lutando.” Merquior respondeu na lata: “Por que vocês não desistem?”
O volume morto
A palavra de ordem não era derrotar o capitalismo? Pois agora estão conseguindo cumprir

No Brasil, qual a diferença entre o comunismo de antigamente e o comunismo de hoje? Só uma: hoje eles estão no poder. Essa é a diferença principal. Na oposição são ardorosos sabotadores, no poder são um desastre administrativo. E se dedicam a sabotar o capitalismo mesmo dentro do poder capitalista. Como eles costumavam dizer, essa é a “contradição principal” deles: como ser contra o regime e governá-lo ao mesmo tempo?

A outra diferença entre ontem e hoje é de sentimentos: antes havia sim uma esquerda romântica, como vi e vivi nos tempos de estudante na UNE. A esquerda não era corrupta. Hoje a esquerda é só um pretexto para o petismo, o lulismo e o banditismo.

Naquela época, não. Nosso romantismo era meio babaca, mas era a única porta para entender o mundo.

Nós éramos mais “puros”, mais poéticos, mais heroicos que os meus colegas de PUC, todos já de gravatinhas adultas. Como era bom se sentir acima dos outros, não por competência ou cultura, mas por superioridade ética. Os operários eram nossa meta existencial. Para nós eles eram o futuro da Humanidade. Nas oficinas do jornal estudantil que eu fazia, crivavam-nos de perguntas e agrados, sendo que os ditos operários ficavam desconfiados e pensavam que nós éramos veados e não fervorosos “revolucionários”.

Naquele tempo não era possível pensar de outro jeito. De Sartre a Brizola, não havia outra ideologia disponível. A guerra fria dividia o mundo em duas facções, e a tomada do poder de Fidel Castro inebriou nossos desejos. Mesmo delirando em utopias, queríamos verdadeiramente, romanticamente salvar o país, contra o “imperialismo americano, o latifúndio e a direita espoliadora”. Não havia espaço para outras ideias, e quem ousasse pensar diferente era canalha, lacaio dos americanos. Por exemplo, Raymond Aron era de “direita” porque discordou do Sartre, pois esse incitava seus leitores para agir; Aron ensinava-os a pensar. Como acreditávamos nessa dualidade, ela virou uma verdade incontestável. E essas “verdades” criaram uma nova linguagem que praticávamos com fé e determinação. Em vez dos fatos, a linguagem bastava e nos movia. A linguagem ignorava o mundo real, chato e complexo demais para a mutação histórica que faríamos pois, afinal, éramos os “sujeitos da história”. Só as palavras simplistas explicavam nossa visão de mundo: alienação, massa atrasada, massa avançada, conscientização, sectarismo, aventureirismo, reacionarismo, entreguismo, proletariado, democracia burguesa e a palavra sagrada que tudo justificava: o “povo”.

E é impressionante a manutenção das mesmas ideias de 50 anos atrás. Éramos implacáveis com as tentativas de conciliação; um dia, o próprio Costa e Silva aceitou receber uma delegação de estudantes. Nada aconteceu porque nós, na porta do Planalto, nos recusamos a vestir paletós. Nossas certezas eram tão sólidas que me lembro de dizer, no dia 31 de março de 1964: “Oba! Já derrotamos o imperialismo americano; agora só falta a burguesia nacional!” No dia seguinte, a UNE pegava fogo e surgia o anão verde-oliva Castelo Branco, o novo ditador.

Como era fácil ignorar a realidade quando se é da oposição, como era (e é) moleza tramar um programa político sem ter de administrar nada. Os românticos esquerdistas achavam que administrar era coisa de capitalistas (e ainda acham) pois, no desespero da zona geral, tiveram agora de contratar um “neoliberal” para tentar salvar um país quase em “perda total”.

Na época, tudo fazia sentido para nós, sentido calcado em palavras-chaves que descreviam a vida, o país, as tragédias mundiais, a subestimação da resistência daquele mal chamado “capitalismo” que tudo descrevia. O capitalismo era tratado como uma pessoa: “capitalismo hoje acordou de mau humor, o capitalismo tentou nos enganar outro dia, o capitalismo está mentindo etc.” Nunca entenderam (como hoje) que o capitalismo não é um regime político, mas um modo de produção — mal ou bem, o único que ainda funciona nesse mercado devastado por crises.

O socialismo utópico ou não era a única ideologia que movia o mundo e que agora justifica a destruição do Estado e do país que os petistas estão perpetrando. De certa forma, essa cagada que aprontaram (perdoem a vulgaridade) foi uma vitória.

A palavra de ordem não era derrotar o capitalismo? Pois agora estão conseguindo cumprir sua utopia: derrotá-lo (e o Brasil junto) sem terem nada para botar no lugar. É espantosa a capacidade de errar dessa gente. Mas para eles, na pior tradição hegeliana, o “erro” é apenas um acidente de percurso. O erro é apenas uma contradição negativa e passageira. Nesse tempo, as reuniões eram incessantes e insuportavelmente longas. E era o mesmo papo de agora no PT: precisamos falar com o povo, com movimentos sociais, sindicatos e (uma palavra que me deprimia) “associações de bairro”. Eu pensava: “Que será isso? Será que querem conscientizar minhas tias?”. Nas infinitas reuniões todos falavam inflados de certezas e ao final se perguntavam: o que fazer? Ninguém sabia. Mas continuávamos firmes militantes do nada, sem saber para onde ir, porque ter dúvidas era “revisionismo”. É como hoje; ver o Rui Falcão falando até me emociona, pois é uma viagem no tempo. Não havia espaço para os males internos e seculares do Brasil; tudo era culpa dos inimigos externos (como hoje — não é, Dilma?).

Hoje já estão no “volume morto”, como definiu o Lula num raro acesso de autocrítica, mas continuarão persistindo na marcha da insensatez. Eles não mudam nunca.

Nunca me esqueço de um debate do grande intelectual “aroniano” José Guilherme Merquior com dois marxistas na TV. Os dois falavam sempre dos erros da esquerda, mas considerados apenas como “percalços” de uma marcha triunfal para o futuro. Eles diziam, batendo no peito: “Erramos no stalinismo, na Hungria, em Praga, aqui erramos em 1935, 1964, em 1968, mas continuaremos lutando.” Merquior respondeu na lata: “Por que vocês não desistem?”

Fonte: O Globo, 14/07/2015

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