8 de Março:

A origem revisitada do Dia Internacional da Mulher

Mulheres samurais

no Japão medieval

Quando Deus era mulher:

sociedades mais pacíficas e participativas

Aserá,

a esposa de Deus que foi apagada da História

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Arte fantástica: híbridos de humanos e animais!

Kate Clark
Kate Clark é uma artista americana que esculpe rostos humanos, em caras de animais empalhados, utilizando a própria pele dos animais (pálpebras e cílios também), argila, espuma, borracha, madeira, entre outros materiais. O resultado são híbridos de humanos e animais que realmente impressionam pelo realismo e, consequentemente, provocam ao mesmo tempo atração e repulsa.

Com essa taxidermia bizarra, a escultora diz buscar lembrar aos humanos o quanto de semelhança temos com nossos vizinhos de planeta, a quem tanto desconsideramos. A sensação que seus manimals me provocam contudo é de forte estranhamento, o que em nada depõe contra seu incrível trabalho de qualquer forma.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

A falibilidade humana!


A falibilidade humana!

“Tolerância é a consequência necessária da percepção de que somos pessoas falíveis: errar é humano, e estamos o tempo todo cometendo erros.” (Voltaire)

O filósofo Karl Popper considerava encobrir erros o maior pecado intelectual. Somos humanos e, portanto, falíveis. O poeta Xenófanes, que escreveu cerca de 500 anos antes de Cristo, já havia capturado essa ideia quando disse: “Verdade segura jamais homem algum conheceu ou conhecerá sobre os deuses e todas as coisas de que falo”. Porém, isso não significa relativismo total, pois podemos obter conhecimento objetivo, como o poeta mesmo deixa claro depois: “Os deuses não revelaram tudo aos mortais desde o início; mas no decorrer do tempo encontramos, procurando, o melhor”.

Mas é a possibilidade de estarmos errados que nos faz mais tolerantes com os outros e que nos coloca sempre na busca por mais conhecimento, já que podemos defender algo que se prova errado amanhã. Tal postura é oposta àquela que Epíteto condena quando diz: “É impossível para um homem aprender aquilo que ele acha que já sabe”. Quando uma pessoa jura ter chegado à Verdade, absoluta e irrefutavelmente, ele se transforma em um potencial tirano, intransigente com qualquer divergência de opinião, com qualquer discordância. Os adeptos de sistemas fechados e “perfeitos”, os seguidores de utopias são todos extremistas contra seus “inimigos”, aqueles que não abraçam na totalidade o mesmo sistema.

O conhecimento objetivo é possível. Conhecimento é a busca pela verdade, a busca de teorias explanatórias, objetivamente verdadeiras. Mas não é a busca por certeza. Entender que errar é humano é reconhecer que devemos lutar incessantemente contra o erro, mas que não podemos eliminá-lo totalmente. Como diz Popper, “mesmo com o maior cuidado, nunca podemos estar totalmente certos de que não estejamos cometendo um erro”. Essa distinção entre verdade e certeza é fundamental, segundo Popper, pois vale a pena sempre buscarmos a verdade, mas devemos fazê-lo principalmente buscando erros, para corrigi-los.

Por isso o método científico é o método crítico, o método da “busca por erros e da eliminação de erros a serviço da busca da verdade, a serviço da verdade”. Alguns acusaram Popper de relativista por conta dessa postura, mas ele explica isso com base nessa confusão entre verdade e certeza, e é enfático ao recusar tal rótulo: “O relativismo é um dos muitos crimes dos intelectuais; é uma traição à razão, e à humanidade”. O risco é cair no extremo oposto, qual seja, a postura de detentor de certezas absolutas, o que, quando se trata de relações humanas e organizações sociais, chega a ser absurdamente perigoso. Aquele que “descobriu” um sistema ético perfeito, que “sabe” exatamente qual o conceito de Justiça em cada interação complexa entre homens, representa um ditador em potencial.

Popper encara o conhecimento no sentido das ciências naturais como um conhecimento conjectural, ou seja, um ousado trabalho de adivinhar. Mas se trata de um adivinhar disciplinado pela crítica racional. Isso, para ele, “torna a luta contra o pensamento dogmático um dever”. A modéstia intelectual também vira um dever de pensadores sérios. E, sobretudo o cultivo de uma linguagem simples e despretensiosa passa a ser um dever de todo intelectual. Na mesma linha, Isaiah Berlin, em seu livro A Força das Ideias, ataca basicamente o mesmo ponto, quando diz: "Uma retórica pretensiosa, uma obscuridade ou imprecisão deliberada ou compulsiva, uma arenga metafísica recheada de alusões irrelevantes ou desorientadoras a teorias científicas ou filosóficas (na melhor das hipóteses) mal compreendidas ou a nomes famosos, é um expediente antigo, mas no presente particularmente predominante, para ocultar a pobreza de pensamento ou a confusão, e às vezes perigosamente próximo da vigarice”.

Em resumo, nenhum ser humano é infalível, e é o reconhecimento desse fato que nos permite maior tolerância e eterna busca pelo aprendizado. Os liberais prezam o diálogo civilizado, o respeito às divergências de opinião. Os homens possuem a faculdade do raciocínio e devem questionar qualquer crença, buscando evidências que sustentem sua veracidade. “Só pelo conhecimento podemos nos libertar espiritualmente – da escravidão por falsas ideias, preconceitos e ídolos”, diz Popper. O apelo à autoridade não é um bom argumento, tampouco diz algo sobre o embasamento do que está sendo afirmado. Um argumento sólido deve se sustentar pela sua própria solidez, independente de quem o profere.

O conhecimento objetivo é possível e desejável. Mas a noção de que podemos estar errados é importante. O homem racional deve reconhecer os limites da própria razão. Como bem colocou Karl Kraus, “refreia as tuas paixões, mas toma cuidado para não dar rédeas soltas à tua razão”. Ironia à parte, é preciso lembrar que o que falta a um psicopata não é a razão - algo que ele tem às vezes de sobra. Todo defensor de um sistema ético fechado, que não deixa espaço para a possibilidade de falha, acredita que está do lado da razão, que seu sistema é “científico”. Nenhuma dessas “seitas” utópicas respeita de fato um dos valores mais nobres aos liberais: a tolerância, fruto da humildade que advém da noção de falibilidade humana.

Fonte: Rodrigo Constantino

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Cultura Acadêmica: Livros para download

Hoje em dia a leitura de títulos acadêmicos requer um certo cuidado, principalmente na área de Humanidades, dada à prevalência de visões esquerdistas em boa parte das obras. Quando se lê qualquer coisa que leve o nome de "crítica" (história crítica, geografia crítica), provavelmente se trata de conteúdo pra lá de ideologicamente parcial que não vale a pena encarar. Então, resumindo, todo o cuidado é pouco com livros didáticos e afins atualmente. Bom consultar as referências do autor, editora, etc..

De qualquer forma, como os livros no Brasil são caríssimos, quando se possibilita o acesso da população a títulos gratuitos, acho que vale a pena divulgar a iniciativa. Então transcrevo abaixo informes sobre a disponibilização de 50 livros virtuais pela Editora Unesp, com o respectivo link para os títulos, e o lançamento do projeto digital que será hoje às 09:00 na sede da editora (endereço ao fim da transcrição). 

terça-feira, 26 de abril de 2011

A liberdade e os livros por Vargas Llosa!

“Os livros representam a diversidade humana, a condição de que podem participar nela sem discriminação, cortes, sem censura. Os livros de uma Feira do Livro são, em pequeno formato, a Humanidade vivente, com o melhor e o pior que ela possui”, disse Vargas Llosa durante sua conferência na Feira do Livro de Buenos Aires.

O Nobel de literatura de 2010, Mario Vargas Llosa, teve sua participação na 37a Feira do Livro de Buenos Aires, Argentina, contestada por neoperonistas partidários da presidente Cristina Kirchner  e esquerdistas  que não aceitam suas críticas ao governo argentino e seu apoio ao liberalismo. De fato, Vargas Llosa é bastante crítico do governo Kirchner e do esquerdiotismo vigente na América Latina, contudo, como criticar é próprio dos intelectuais e divergir não é crime, acabou prevalecendo o convite para que o escritor peruano falasse na abertura da Feira. (Confira aqui outra postagem que escrevi sobre o tema). E Llosa preparou um belo e muito apropriado texto para o entorno tão pouco democrático em que vivemos em toda a região. Abaixo seguem a palestra, de 21/04/11,  em vídeo (na íntegra graças a garimpagem do blogueiro Orlando Tambosi) e trechos da mesma, traduzidos para o português, que transcrevo do blog do Ariel Palacios. Ao fim do texto, links para as fontes citadas. Degustem!


Juan Mabromata (AFP) - El País - 22-04-11

“Ler nos faz livres. Mas, claro, é preciso que exista a condição de que possamos escolher os livros que queremos ler”. Estas palavras foram o leitmotiv de “A liberdade e os livros”, a aula magistral que o escritor e prêmio Nobel da Literatura Mario Vargas Llosa proferiu na noite da quinta-feira na Feira do Livro de Buenos Aires. “Os livros despertaram a desconfiança, o receio e o temor dos inimigos da liberdade, daqueles que acreditam que são os donos das verdades absolutas, de todos os dogmáticos e fanáticos que semearam de ódio e violência ziguezagueante no curso da civilização”, disse o Nobel, enquanto o público o aplaudia como se fosse um rock star.

Compartilhe

Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites