8 de Março:

A origem revisitada do Dia Internacional da Mulher

Mulheres samurais

no Japão medieval

Quando Deus era mulher:

sociedades mais pacíficas e participativas

Aserá,

a esposa de Deus que foi apagada da História

terça-feira, 12 de abril de 2011

Políticos e população: em rota de colisão!

Pesquisa realizada pelo Datasenado, por telefone, entre os dias 21 e 29 de março, com 797 pessoas residentes nas capitais de todos os estados e no Distrito Federal, revelou que a maioria dos eleitores quer votar diretamente no candidato a deputado ou vereador e defende que seja eleito o mais votado, em uma parte do estado ou município - sistema conhecido como distrital puro. Também é vontade de seis em cada dez eleitores que o voto no Brasil seja facultativo. Igualmente, a maioria (58%) dos eleitores preferiu a manutenção do atual modelo de mandatos de quatro anos com direito a uma reeleição. Ainda, de acordo com esses eleitores, todos os partidos deveriam receber a mesma quantidade de dinheiro e ter o mesmo tempo de televisão nas campanhas eleitorais.

Em oposição à opinião popular, os políticos (Comissão da Reforma Política do Senado) aprovaram a proposta de sistema proporcional com lista fechada (onde os eleitores votam numa lista definida pelo partido e não num candidato de sua escolha),  a continuidade do voto obrigatório e o fim da reeleição, substituída por mandato de 5 anos. Também demonstram interesse em flexibilizar as atuais regras que impedem o parlamentar de mudar de partido na hora que lhe dá na telha.

De qualquer forma, cresce, entre os políticos, a intenção de fazer um referendo ou plebiscito sobre a reforma política. No caso do referendo, a população teria que fazer uma escolha de Sofia: ou ficar tudo como está (o que não é bom) ou apoiar a proposta da lista fechada (o que é pior). No caso do plebiscito, a população decidiria o sistema político, que gostaria de ter para as votações, com base nas várias alternativas já propostas, o que nos daria pelo menos a chance de escolher o voto aberto, distrital e facultativo.  

Leia mais sobre a pesquisa do DataSenado, clicando aqui  Sobre a reforma política e a possibilidade de plebiscito, clique aqui  e aqui

Fonte: Iara Guimarães Altafin / Agência Senado

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Os limites da liberdade de expressão: uso da burca proibido na França!

Tipos de véus muçulmanos
Hoje entrou em vigor, na França, a lei que proíbe o uso de véus islâmicos que cubram parcial ou totalmente o rosto de mulheres em locais públicos do país (repartições públicas, meios de transporte, estabelecimentos comerciais, parques e cinemas). As mulheres que descumprirem a lei estão sujeitas a multas de 150 euros (cerca de R$ 345)  e a passar por um curso de cidadania francesa. Por sua vez, as pessoas que as obrigarem a usar os véus estão sujeitas a multas de até 30 mil euros (cerca de R$ 68 mil) e condenação a um ano de prisão.

Também nesta segunda, houve a detenção de duas mulheres que estavam usando o  niqab, véu islâmico que só deixa os olhos à mostra (imagem no início da postagem), em protesto, não autorizado previamente pelas autoridades, contra a proibição da vestimenta.

São duas as razões oficiais para a probição do traje, apoiada por praticamente 60% dos franceses. Primeira, a questão de segurança: pelas características das vestimentas e o hábito dos islâmicos de se envolver em atos de terrorismo, o governo teme que as mulheres possam esconder armas e até mesmo bombas sob as vestes. Segunda, a questão cultural: as vestes são consideradas opressivas e incompatíveis com a realidade das mulheres francesas e do país.

A questão é polêmica, pois nos remete ao tema sempre atual da liberdade de expressão e das liberdades individuais. O governo tem o direito de interferir na forma como cidadãos estrangeiros ou mesmo nativos se vestem? Será mesmo que as mulheres poderiam esconder armas sob as roupas, representando de fato um perigo à segurança pública?

Alguns dizem que não. Essa ingerência do governo em algo tão particular como o traje de uma pessoa seria por demais excessiva. Não se sabe de caso onde mulheres tenham usado algum dos véus islâmicos para esconder armas.

Alguns dizem que sim. Imigrantes devem se adaptar à cultura do país onde se estabelecem, inclusive em respeito ao anfitrião que lhes acolhe, e não simplesmente utilizá-lo como hospedeiro. Hábitos culturais que se dão em prejuízo da saúde de qualquer grupo social (o uso da burca trás danos à visão das mulheres) são sim passíveis de restrição.

Confesso que fico dividida sobre o assunto, já que defendo o direito de as pessoas fazerem o que bem entenderem de seus corpos e suas vidas. Por outro lado, concordo que, quando a gente se muda para um país estrangeiro, deve procurar se adaptar à cultura local, sem perder contato com as próprias raízes. Quem não deseja fazer essa adaptação, deveria avaliar a possibilidade de ficar na terra natal.

O que vem acontecendo, no caso da imigração islâmica na Europa, é que os muçulmanos não se integram às culturais locais (representantes de vários poderes executivos europeus afirmam que a integração dos imigrantes fracassou), formando uma espécie de cultura à parte da nacional. Muitas mulheres que usam véus se recusam a mostrar o rosto quando a polícia as aborda para identificação, prática rotineira na França. Grupos de muçulmanos ocupam quarteirões de Paris, sentando-se nas ruas, que são públicas, para orar (lugar de orar é nas mesquitas, pois não?). Casos de bombas colocadas por árabes em táxis têm ocorrido com frequência.

Cartaz do referendo na Suíça que proibiu os minaretes
Enfim, os franceses estão, justamente, com receio desse pessoal que não parece admitir parâmetros nem querer integração. Não só os franceses. Os suíços também. Em novembro de 2009, em referendo, chegaram a probir até a construção de minaretes (as torres que ficam no topo das mesquitas). Um exagero essa proibição, mas o medo não é infundado: o contingente de muçulmanos na Europa e nos EUA não para de crescer, e muitos aitolás da vida dizem que querem islamizar o ocidente na base do "vamos invadir sua praia". Lembremos que, entre esse pessoal, o que não faltam são fundamentalistas enlouquecidos.

A questão, portanto, permanece: a liberdade individual, característica das civilizadas democracias liberais,  se irrestrita, vale o risco de vermos reeditadas as Cruzadas, com a nada auspiciosa perspectiva de os mouros se saírem vencedores desta vez? As mulheres muçulmanas na França não podem ceder um pouco e trocar os véus que escondem seus rostos por outros, também de acordo com a religião islâmica, que deixem suas faces expostas ou simplesmente usar aqueles lenços que cobrem suas cabeças ? Creio que sim, não? A sabedoria não mora nos extremos e sim no caminho do meio. E você o que acha?

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Democracia, bolsonaros, homofobia e outros bichos!


Bolsonaros
Pegou fogo o debate sobre o preconceito e a discriminação contra a população homossexual em decorrência da entrevista concedida pelo deputado federal Jair Bolsonaro ao programa de humor CQC do dia 28 de março. A uma clara pegadinha do programa sobre se aceitaria que um filho seu casasse com uma negra, feita pela cantora Preta Gil, Bolsonaro, ao que tudo indica viciado nas suas diatribes contra os homossexuais, respondeu, no automático, como se ela tivesse perguntado sobre homossexualidade e não sobre negritude. Afirmou o nobre deputado com sua habitual truculência: Preta, não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Eu não corro esse risco porque meus filhos foram muito bem educados e não viveram em ambiente como lamentavelmente é o teu.

sábado, 2 de abril de 2011

Walter Williams: real respeito pela liberdade de expressão só quando repulsiva

Fazendo jus ao mote deste blog, posto abaixo a entrevista que o economista americano Walter Williams, de 74 anos, concedeu a André Petry para as páginas amarelas da Veja de 9 de março. Apesar da idade, o economista é como uma lufada de ar fresco no ambiente de marasmo unideológico de nosso país.

Embora negro, Williams desafina do coro dos contentes do politicamente correto e da visão esquerdista do Estado intervencionista ou paternalista, tão na moda hoje em dia, até mesmo em países de longa tradição liberal como os EUA.

Para nós, brasileiros, então, tão acostumados à perspectiva do Estado-pai (agora também na versão feminina) pela prevalência tanto de uma direita quanto de uma esquerda estatistas, as ideias de Williams são impactantes e contestadoras, embora venham de longa tradição.

Walter Williams: o mercado vence o racismo

O economista Walter Williams diz que as ações afirmativas prejudicam os negros ao reforçar estereótipos de inferioridade e defende a liberdade econômica como arma contra a desigualdade racial

André Petry
Veja – 09/03/2011

Walter Williams é um radical. Na juventude, preferia o incendiário Malcolm X ao pacifista Martin Luther King. Hoje, aos 74 anos, Williams admira os dois líderes negros, repudia a violência e se define como um libertário radical, como os americanos se referem aos que se opõem ao excesso de ativismo do estado e propugnam mais liberdade individual. Fiel ao seu ideário, é contra ações afirmativas e cotas raciais, e diz que o melhor instrumento para vencer a desigualdade racial é o livre mercado: "A economia de mercado é o grande inimigo da discriminação". Criado pela mãe na periferia de Filadélfia, Williams acaba de publicar uma autobiografia em que narra sua trajetória da pobreza à vida de professor universitário (desde 1980, leciona economia na Universidade George Manson, na Virgínia). Com 1,98 metro de altura, voz de barítono, bom humor, ele demonstra muita coragem nesta entrevista.

Quem lê sua autobiografia fica com a impressão de que ser negro nos Estados Unidos das décadas de 40 e 50 era melhor do que ser negro hoje.

Claro que os negros estão muito melhor agora, mas não em todos os aspectos. Hoje, se os negros americanos fossem uma nação à parte, seriam a 15ª mais rica do mundo. Entre os negros americanos, há gente riquíssima, como a apresentadora Oprah Winfrey. Há famosíssimos como o ator Bill Cosby, que, como eu, vem de Filadélfia. Colin Powell, um negro, comandou o Exército mais poderoso do mundo. O presidente dos Estados Unidos é negro. Tudo isso era inimaginável em 1865, quando a escravidão foi abolida. Em um século e meio, fizemos um progresso imenso, ao contrário do que aconteceu no Brasil ou no Caribe, onde também houve escravidão negra. Isso diz muito sobre os negros americanos e sobre os Estados Unidos.

Em que aspectos a vida dos negros hoje é pior?

Cresci na periferia pobre de Filadélfia entre os anos 40 e 50. Morávamos num conjunto habitacional popular sem grades nas janelas e dormíamos sossegados sem barulho de tiros nas ruas. Sempre tive emprego, desde os 10 anos de idade. Engraxei sapatos, carreguei tacos no clube de golfe, trabalhei em restaurantes, entreguei correspondência nos feriados de Natal. As crianças negras de hoje que vivem na periferia de Filadélfia não têm essas oportunidades de emprego. No meu próximo livro, Raça e Economia, que sai no fim deste mês, mostro que em 1948 o desemprego entre adolescentes negros era de 9,4%. Entre os brancos, 10,4%. Os negros eram mais ativos no mercado de trabalho. Hoje, nos bairros pobres de negros, por causa da criminalidade, boa parte das lojas e dos mercados fechou as portas. Outra mudança dramática é a queda na qualidade da educação oferecida às crianças negras e pobres. Atualmente, nas escolas públicas de Washington, um negro com diploma do ensino médio tem o mesmo nível de proficiência em leitura e matemática que um branco na 7ª série. Os negros, em geral, estão muito melhor agora do que há meio século. Mas os negros mais pobres estão pior.

O estado de bem-estar social, com toda a variedade de benefícios sociais criados nas últimas décadas, não ajuda a aliviar a situação de pobreza dos negros de hoje?

Todos os economistas, sejam eles libertários, conservadores ou liberais, concordam que sempre cai a oferta do que é taxado e aumenta a oferta do que é subsidiado. Há anos, os Estados Unidos subsidiam a desintegração familiar. Quando uma adolescente pobre fica grávida, ela ganha direito a se inscrever em programas habitacionais para morar de graça, recebe vale-alimentação, vale-transporte e uma série de outros benefícios. Antes, uma menina grávida era uma vergonha para a família. Muitas eram mandadas para o Sul, para viver com parentes. Hoje, o estado de bem-estar social premia esse comportamento. O resultado é que nos anos da minha adolescência entre 13% e 15% das crianças negras eram filhas de mãe solteira. Agora, são 70%. O salário mínimo, que as pessoas consideram uma conquista para os mais desprotegidos, é uma tragédia para os pobres. Deve-se ao salário mínimo o fim de empregos úteis para os pobres.

A obrigação de pagar um salário mínimo ao frentista no posto de gasolina levou à automação e ao self-service. O lanterninha do cinema deixou de existir não porque adoramos tropeçar no escuro do cinema. É por causa do salário mínimo. Na África do Sul do apartheid, os grandes defensores do salário mínimo eram os sindicatos racistas de brancos, que não aceitavam filiação de negros. Eles não escondiam que o salário mínimo era o melhor instrumento para evitar a contratação de negros, que, sendo menos qualificados, estavam dispostos a trabalhar por menos. O salário mínimo criava uma reserva de mercado para brancos.

As ações afirmativas e as cotas raciais não ajudaram a promover os negros americanos?
A primeira vez que se usou a expressão "ação afirmativa" foi durante o governo de Richard Nixon (1969-1974). Os negros naquele tempo já tinham feito avanços tremendos. Um colega tem um estudo que mostra que o ritmo do progresso dos negros entre as décadas de 40 e 60 foi maior do que entre as décadas de 60 e 80. Não se pode atribuir o sucesso dos negros às ações afirmativas.

As ações afirmativas não funcionam?
Os negros não precisam delas. Dou um exemplo. Houve um tempo em que não existiam jogadores de basquete negros nos Estados Unidos. Hoje, sem cota racial nem ação afirmativa, 80% são negros. Por quê? Porque são excelentes jogadores. Se os negros tiverem a mesma habilidade em matemática ou ciência da computação, haverá uma invasão deles nessas áreas. Para isso, basta escola, boas escolas, grandes escolas. Há um aspecto em que as ações afirmativas são até prejudiciais. Thomas Sowell, colega economista, tem um estudo excelente sobre o assunto. Mostra como os negros se prejudicam com a política de cotas raciais criada pela disputada escola de engenharia do Instituto de Tecnologia de Massa¬chusetts (MIT), uma das mais prestigiosas instituições acadêmicas dos Estados Unidos. Os negros recrutados pelo MIT estão entre os 5% melhores do país em matemática, mas mesmo assim precisam fazer cursos extras por alguns anos. Isso acontece porque os brancos do MIT estão no topo em matemática, o 1% dos melhores do país. Os negros, mesmo sendo muito bons, estão abaixo do nível de excelência do MIT. Mas eles podiam muito bem estudar em outras instituições respeitáveis, onde estariam na lista dos candidatos a reitor e sem necessidade de cursos especiais. Por causa de ações afirmativas, muitos negros estão hoje em posição acima de seu potencial acadêmico. Se você está aprendendo a lutar boxe e sua primeira luta é contra o Mike Tyson, você está liquidado. Você pode ter excelente potencial para ser boxeador, mas não dá para começar contra Tyson. As ações afirmativas, nesse sentido, são cruéis. Reforçam os piores estereótipos raciais e mentais.

O senhor já teve alguma experiência pessoal nesse sentido?
Quando eu dava aula na Universidade Temple, em Filadélfia, tive uma turma com uns trinta alunos, todos brancos, à exceção de um. Nas primeiras aulas, eles me fizeram uma bateria de perguntas complexas. Você pode achar que era paranoia minha, mas eu sei que o objetivo deles era testar minhas credenciais. A cada resposta certa que eu dava, eu podia ver o alívio no rosto do único aluno negro da classe. De onde vinha esse sentimento, esse temor do aluno negro de que seu professor, sendo negro, talvez não fosse suficientemente bom? Das ações afirmativas. Não entrei na universidade via cotas raciais. Por causa delas, a competência de muitos negros é vista com desconfiança.

Num país como o Brasil, onde os negros não avançaram tanto quanto nos Estados Unidos, as ações afirmativas não fazem sentido?
A melhor coisa que os brasileiros poderiam fazer é garantir educação de qualidade. Cotas raciais no Brasil, um país mais miscigenado que os Estados Unidos, são um despropósito. Além disso, forçam uma identificação racial que não faz parte da cultura brasileira. Forçar classificações raciais é um mau caminho. A Fundação Ford é a grande promotora de ações afirmativas por partir da premissa errada de que a realidade desfavorável aos negros é fruto da discriminação.

Ninguém desconhece que houve discriminação pesada no passado e há ainda, embora tremendamente atenuada. Mas nem tudo é fruto de discriminação. O fato de que apenas 30% das crianças negras moram em casas com um pai e uma mãe é um problema, mas não resulta da discriminação. A diferença de desempenho acadêmico entre negros e brancos é dramática, mas não vem da discriminação. O baixo número de físicos, químicos ou estatísticos negros nos Estados Unidos não resulta da discriminação, mas da má formação acadêmica, que, por sua vez, também não é produto da discriminação racial.

Qual o meio mais eficaz para promover a igualdade racial?
Primeiro, não existe igualdade racial absoluta, nem ela é desejável. Há diferenças entre negros e brancos, homens e mulheres, e isso não é um problema. O desejável é que todos sejamos iguais perante a lei. Somos iguais perante a lei, mas diferentes na vida. Nos Estados Unidos, os judeus são 3% da população, mas ganham 35% dos prêmios Nobel. Talvez sejam mais inteligentes, talvez sua cultura premie mais a educação, não interessa. A melhor forma de permitir que cada um de nós - negro ou branco, homem ou mulher, brasileiro ou japonês - atinja seu potencial é o livre mercado. O livre mercado é o grande inimigo da discriminação. Mas, para ter um livre mercado que mereça esse nome, é recomendável eliminar toda lei que discrimina ou proíbe discriminar.

O senhor é contra leis que proíbem a discriminação?
Sou um defensor radical da liberdade individual. A discriminação é indesejável nas instituições financiadas pelo dinheiro do contribuinte. A Universidade George Manson tem dinheiro público. Portanto, não pode discriminar. Uma biblioteca pública, que recebe dinheiro dos impostos pagos pelos cidadãos, não pode discriminar. Mas o resto pode. Um clube campestre, uma escola privada, seja o que for, tem o direito de discriminar. Acredito na liberdade de associação radical. As pessoas devem ser livres para se associar como quiserem.

Inclusive para reorganizar a Ku Klux Klan?
Sim, desde que não saiam matando e linchando pessoas, tudo bem. O verdadeiro teste sobre o nosso grau de adesão à ideia da liberdade de associação não se dá quando aceitamos que as pessoas se associem em torno de ideias com as quais concordamos. O teste real se dá quando aceitamos que se associem em torno de ideais que julgamos repugnantes. O mesmo vale para a liberdade de expressão. É fácil defendê-la quando as pessoas estão dizendo coisas que julgamos positivas e sensatas, mas nosso compromisso com a liberdade de expressão só é realmente posto à prova quando diante de pessoas que dizem coisas que consideramos absolutamente repulsivas.

O senhor exige ser chamado de "afro-americano"?
Essa expressão é uma idiotice, a começar pelo fato de que nem todos os africanos são negros. Um egípcio nascido nos Estados Unidos é um "afro-americano"? A África é um continente, po-voado por pessoas diferentes entre si. Os vários povos africanos estão tentando se matar uns aos outros há séculos. Nisso a África é idêntica à Europa, que também é um continente, também é povoada por povos distintos que também vêm tentanto se matar uns aos outros há séculos.

A presença de Obama na Casa Branca não ajuda os negros americanos?
Na autoestima, talvez. Mas não por muito tempo, o que é lamentável. Em 1947, quando Jackie Robinson se tornou o primeiro negro a jogar beisebol na liga profissional, ele tinha a obrigação de ser excepcional. Hoje, nenhum negro precisa ser tão bom quanto Robinson e não há perigo de que alguém diga "ah, esses negros não sabem jogar beisebol". No caso de Obama, vale a mesma coisa. Por ser o primeiro negro, ele não pode ser um fracasso. O problema é que será. Aposto que seu governo, na melhor das hipóteses, será um desastre igual ao de Jimmy Carter. Vai ser ruim para os negros.

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