O Fantástico do outro domingo (07/12/08) entrou na atual moda da Rede Globo de combater o preconceito contra lésbicas, quem sabe para se redimir dos tempos em que as sáficas iam pro espaço em seus folhetins do horário nobre.
A propósito da novela A Favorita, onde a personagem Catarina (Lilia Cabral) se torna amiga da lésbica Estela (Paula Burlamaqui) e sofre por tabela o preconceito e a discriminação direcionados à colega, o Fantástico elaborou um quadro para mostrar que a arte de fato imita a vida.
O quadro, chamado de Amiga Gay, entrevistou mulheres que, na vida real, são héteros mas têm amigas lésbicas e são discriminadas por isso. Mostra também o preconceito sofrido por duas atrizes que se fazem passar por namoradas num passeio pelos corredores de um shopping. O tom do programa é todo de condenação ao preconceito.
Pois, é! Mas não é que apareceu ativista lésbica dizendo que o Fantástico estava prestando um desserviço às lésbicas com o quadro em questão?!? E por quê? Porque em vez de chamar o quadro de Amiga Lésbica, o Fantástico o intitulou de Amiga Gay. Porque pinçaram uma frase da novela onde a filha da personagem Catarina diz para a mãe: “A senhora não é lésbica, não pode deixar que falem mal de você assim”. Porque as atrizes que se fizeram passar por namoradas, impressionadas com o que ouviram dos transeuntes no shopping, disseram que era melhor fingir não ser lésbica, não dar a cara à tapa. Houve ainda quem dissesse que o Fantástico perdeu a chance de defender o projeto de lei contra a homofobia que tramita no Senado em Brasília!
Gente confusa. A luta é contra o preconceito e não para afirmar identidades políticas. Isso sem falar que a turma das mulheres que se relacionam com mulheres tem um leque amplo de identidades que não se resume à palavra lésbica, à identidade lésbica. Há várias outras. À parte ainda que o Fantástico usou a palavra gay como adjetivo e, durante o quadro, também a palavra lésbica, portanto, dando visibilidade a ambas.
Por outro lado ainda de novo, programas de TV não são militantes, não tem que seguir a cartilha militante, fazer uma espécie de realismo socialista da questão lésbica. A abordagem é outra e só pode ser. A linguagem das novelas e dos programas de TV não pode ser panfletária. Talvez um Globo Repórter, tocando em várias facetas da questão, até incluísse falas mais militantes, mas também sem obrigação de fazê-lo.
O que importa é que a maior rede de televisão do Brasil vem exibindo, em horário nobre, um verdadeiro show contra o preconceito sofrido pelas mulheres que se relacionam com outras mulheres. As novelas da Globo conformam a opinião popular em um nível que a militância jamais conseguiu e duvido que consiga algum dia, entre outras coisas, porque não tem poder para isso.
Além do mais, por fim, identidades políticas só tem sentido se usadas de forma funcional, estratégica e não essencialista. Quando as pessoas começam a achar que é mais importante dar visibilidade à palavra lésbica do que lutar contra o preconceito, é o caso de consultar o oculista, pois estão todas com síndrome de Mister Magoo, aquele antigo e célebre personagem dos desenhos animados que arrumava as maiores trapalhadas por causa de sua visão prá lá de curta.
Postei uma das historinhas do Magoo para a gente lembrar os problemas que uma miopia acentuada pode causar...rsss
A propósito da novela A Favorita, onde a personagem Catarina (Lilia Cabral) se torna amiga da lésbica Estela (Paula Burlamaqui) e sofre por tabela o preconceito e a discriminação direcionados à colega, o Fantástico elaborou um quadro para mostrar que a arte de fato imita a vida.
O quadro, chamado de Amiga Gay, entrevistou mulheres que, na vida real, são héteros mas têm amigas lésbicas e são discriminadas por isso. Mostra também o preconceito sofrido por duas atrizes que se fazem passar por namoradas num passeio pelos corredores de um shopping. O tom do programa é todo de condenação ao preconceito.
Pois, é! Mas não é que apareceu ativista lésbica dizendo que o Fantástico estava prestando um desserviço às lésbicas com o quadro em questão?!? E por quê? Porque em vez de chamar o quadro de Amiga Lésbica, o Fantástico o intitulou de Amiga Gay. Porque pinçaram uma frase da novela onde a filha da personagem Catarina diz para a mãe: “A senhora não é lésbica, não pode deixar que falem mal de você assim”. Porque as atrizes que se fizeram passar por namoradas, impressionadas com o que ouviram dos transeuntes no shopping, disseram que era melhor fingir não ser lésbica, não dar a cara à tapa. Houve ainda quem dissesse que o Fantástico perdeu a chance de defender o projeto de lei contra a homofobia que tramita no Senado em Brasília!
Gente confusa. A luta é contra o preconceito e não para afirmar identidades políticas. Isso sem falar que a turma das mulheres que se relacionam com mulheres tem um leque amplo de identidades que não se resume à palavra lésbica, à identidade lésbica. Há várias outras. À parte ainda que o Fantástico usou a palavra gay como adjetivo e, durante o quadro, também a palavra lésbica, portanto, dando visibilidade a ambas.
Por outro lado ainda de novo, programas de TV não são militantes, não tem que seguir a cartilha militante, fazer uma espécie de realismo socialista da questão lésbica. A abordagem é outra e só pode ser. A linguagem das novelas e dos programas de TV não pode ser panfletária. Talvez um Globo Repórter, tocando em várias facetas da questão, até incluísse falas mais militantes, mas também sem obrigação de fazê-lo.
O que importa é que a maior rede de televisão do Brasil vem exibindo, em horário nobre, um verdadeiro show contra o preconceito sofrido pelas mulheres que se relacionam com outras mulheres. As novelas da Globo conformam a opinião popular em um nível que a militância jamais conseguiu e duvido que consiga algum dia, entre outras coisas, porque não tem poder para isso.
Além do mais, por fim, identidades políticas só tem sentido se usadas de forma funcional, estratégica e não essencialista. Quando as pessoas começam a achar que é mais importante dar visibilidade à palavra lésbica do que lutar contra o preconceito, é o caso de consultar o oculista, pois estão todas com síndrome de Mister Magoo, aquele antigo e célebre personagem dos desenhos animados que arrumava as maiores trapalhadas por causa de sua visão prá lá de curta.
Postei uma das historinhas do Magoo para a gente lembrar os problemas que uma miopia acentuada pode causar...rsss