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A origem revisitada do Dia Internacional da Mulher

Mulheres samurais

no Japão medieval

Quando Deus era mulher:

sociedades mais pacíficas e participativas

Aserá,

a esposa de Deus que foi apagada da História

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terça-feira, 2 de janeiro de 2024

Hatikva: uma canção de melancólica esperança

Cantora Meyolia interpreta Hatikva
(uma das mais belas versões do hino de Israel)
A guerra Hamas-Israel, deflagrada pelo brutal ataque dos terroristas do Hamas contra civis israelenses, e a consequente paradoxal onda de antissemitismo no Ocidente, me obrigaram a aprofundar minhas pesquisas sobre os conflitos do Oriente Médio. Pra variar, me deparei com um festival de mentiras cabeludas promovidas pelos islâmicos com suas quintas-colunas ocidentais, a esquerda contrailuminista atual. Assunto pra outro momento porém.

Nessas também, me deparei com o hino nacional de Israel, Hatikva, A Esperança, letra de um poeta judeu, chamado Naftali Herz Imber, escrita em 1877, e música de Shmuel Cohen, composta entre 1887 e 1888, posteriormente adotada em 1948 pelo nascente estado de Israel. Imber nasceu na cidade de Zloczov, então parte do Império Austríaco, hoje Ucrânia. Quando da fundação do primeiro assentamento judaico chamado Petach Tikva (em hebraico, Portal da Esperança), na Palestina Otomana, Imber escreveu o poema Tikvatenu, Nossa esperança, cujos primeiros versos e refrão, adaptados posteriormente, se converteriam no hino Hatikva, musicado pelo romeno Shmuel Cohen, jovem imigrante em Rishon LeZion (perto de Telaviv), com base numa música popular cigana da Romênia.

O que mais me impressionou no hino foi o fato dele não parecer hino. Hinos costumam ser solenes, retumbantes, instigantes, grandiloquentes. Vamos pegar, como exemplo, quatro hinos conhecidos, o nosso, o da França, o dos EUA e do Reino Unido. Quatro hinos bonitos: o brasileiro ufanista pelas belezas do país e pronto a defendê-lo sem temer a própria morte; a Marselhesa, uma convocação às armas contra o jugo da tirania; o dos EUA sobre o triunfo do país contra os britânicos com a ajuda de deus; o dos britânicos, solene, pomposo, em saudação à rainha (agora ao rei) por quem se pede a derrota dos inimigos do Reino Unido. Anexo abaixo os quatro, com as letras em português, à guisa de comparação. Todos falam de lutas (mesmo que em hipótese como o brasileiro), guerras e a derrota dos adversários.

O hino de Israel, contudo, soa mais como uma canção que me pareceu, em seu início, uma mistura de cantiga de ninar e de roda que depois se eleva, como um cântico religioso, num voo de melancólica esperança. Nada de ufanismo, lutas renhidas, derrota de inimigos. Apenas o anseio de 2000 anos dos judeus de serem um povo livre em sua terra. Tudo simples, conciso e lindo. Deixo abaixo a versão mais bonita que ouvi, a mais minimalista. Acrescento também agora uma gravação do Hatikva, de 20 de abril de 1945, na voz de sobreviventes do campo de concentração de Bergen-Belsen, na Baixa Saxônia, Alemanha, recém liberado pelos britânicos (de arrepiar). Há também outras versões do hino, com orquestras e corais, que soam mais tradicionais. A letra é mais ou menos assim:

Enquanto no fundo do coração
Palpitar uma alma judia
E dirigindo-se ao Oriente
Um olhar avistar Sion (Sião),
Nossa esperança não terá se perdido,
a esperança de 2000 anos
de ser um povo livre em nossa terra:
a terra de Sion (Sião) e Jerusalém. 

(repete)

Am Yisrael Chai

Reedição de 13/01/24 do original em 02/01/24

terça-feira, 16 de julho de 2019

Cordell Jackson: pioneira do rock que lançou seu próprio selo musical em 1956

Cordell Jackson 1
No auge de sua carreira, Cordell apareceu no programa de David Letterman e da MTV, quando ficou conhecida como “vovó do rock and roll”. Moderna desde sempre, morava em uma casa amarela, dirigia um carro amarelo e abria sua casa para passeios todo verão. Ícone na cena musical de Memphis, ela tocava rock antes mesmo do nome ‘rock and roll’ ser criado.


Sua gravadora era a mais antiga em funcionamento em Memphis na época de sua morte em 2004. Uma senhorinha de vestido, cabelo arrumado e óculos, tocando guitarra com toda a confiança de ser uma mulher fazendo exatamente o que ela queria fazer.



Fonte: Hypennes, 2018. Cordell Jackson: a primeira mulher a produzir, promover e tocar em sua própria gravadora de rock and roll

quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Eventos em Sampa e documentário homenageiam David Bowie


Multi-instrumentista, compositor, intérprete, performer, ator, produtor musical, fashionista, multimídia (muito antes da palavra ter sido inventada), David Bowie inovou na música, nas artes em geral e no comportamento, com a androginia alucinada de seus primeiros álbuns. Sempre mutante, com suas diferentes personas, passeou pelo hard rock, punk rock, glam rock (que praticamente fundou), folk music, soul music, techno music, neo romantic music, e até jazz, R&B e hip hop. Fez trabalhos bem experimentais e emplacou hits comerciais, mas sempre de boa qualidade. Foi influenciado por outros grandes rock stars, mas influenciou muito mais gente do que foi influenciado. Para muitos, ele foi e continua sendo, a estrela do rock mais influente até hoje. Para quem quer esquecer um pouco da mediocridade atual da música nacional e internacional, nada como ouvir Mister Bowie.

E, para celebrar a genialidade de Bowie, a cidade de São Paulo, tem uma programação variada que vale checar abaixo. Também o documentário sobre seus últimos cinco anos de vida estreia hoje pelo canal BIS (igualmente veja abaixo). Após o texto, confira também algumas músicas de Bowie, como compositor e intérprete, que fazem parte da minha playlist primordial .

7 eventos imperdíveis para quem é fã de David Bowie
No mês em que David Bowie completaria 71 anos, a cidade de São Paulo oferece atrações imperdíveis aos fãs do saudoso cantor, compositor e ator. Janeiro também marca os dois anos da morte e o lançamento de seu último álbum, "Blackstar".

As homenagens ultrapassam o campo da música e incluem uma mostra de filmes estrelados por Bowie, como o clássico de fantasia "Labirinto"; um espetáculo de dança baseado na discografia dele; uma oficina de maquiagens, figurinos e perucas, onde o público é convidado a construir seu próprio Ziggy Stardust, icônico personagem criado pelo artista; e outra de bonecos que vai ensinar a criar um de pelúcia inspirado no camaleão do rock.

Mas é claro que vai ter muita música também, como a apresentação 'Bowie convida Amy' do cantor André Frateschi, vencedor do reality musical PopStar (TV Globo), ao lado da mulher Miranda Kassin; o tributo 'Let's Dance' com artistas que tiveram influência da obra do artista; e um festival de rua no bairro do Bixiga, no centro da cidade.

Veja abaixo 7 atrações:



Data: 9 de janeiro de 2018

Horário: Às 21h

Preço: R$ 10 (meia) e R$ 20 (inteira)

O espetáculo "Ziggy", com a Cisne Negro Cia. de Dança, é baseado na discografia de Bowie. A bailarina e coreógrafa Hulda Bittencourt convidou o renomado bailarino brasileiro Mário Nascimento para um mergulho interpretativo na genialidade do artista. O resultado é um Bowie de personalidade eclética, inovadora e inquieta muito à frente do tempo.

Local: Sesc 24 de Maio - rua 24 de Maio, 109, centro


Data: 9, 10, 13 e 14 de janeiro de 2018

Horário: Das 14h às 17h

Preço: Entrada gratuita

Com uso de maquiagens, figurinos e perucas, o público é convidado a construir seu próprio "Ziggy Stardust" nesta oficina aberta. O personagem criado por Bowie era um ser de outro mundo que veio à Terra para salvá-la, mas em vez disso, encontrou o rock. Ziggy cantava sobre mudança e dor e tocava música muito melhor do que qualquer um. Esse personagem tornou o artista famoso e formou uma comunidade em torno de sua singularidade.

Local: Sesc 24 de Maio - rua 24 de Maio, 109, centro


Data: 10 e 11 de janeiro de 2018

Horário: Quarta às 14h e às 21h; e quinta às 12h

Preço: De R$ 15 (meia) a R$ 30 (inteira)

Show presta homenagem a David Bowie no mês em que ele completaria 71 anos, e que também marca os dois anos de sua morte e o lançamento de seu último álbum, 'Blackstar'. A apresentação vai reunir quatro vocalistas de diferentes estilos e gerações, cujos trabalhos tiveram influência da obra do camaleão do rock. São eles Ritchie, Filipe Catto, Bluebell e Léo Cavalcanti. As canções apresentadas cobrem todas as diferentes fases de Bowie, do som folk do primeiro álbum ao glam dos anos 70, o experimentalismo da fase alemã, a eletrônica dos anos 00 e o pop dançante dos anos 90. A classificação é 16 anos.

Local: Sesc 24 de Maio - rua 24 de Maio, 109, centro


Data: 10, 11 e 12 de janeiro de 2018

Horário: Das 18h30 às 20h30

Preço: R$ 12 (meia) e R$ 24 (inteira)

Nessa oficina os participantes são convidados a soltar a imaginação e criar um boneco de pelúcia inspirado em David Bowie. Após estudo das diferentes fases do artista, seus personagens e figurinos, cada participante com a ajuda dos professores Bololofos vai produzir seu boneco em 3 encontros. Será abordado todo o processo de criação e confecção, desde o desenho do projeto até a costura e enchimento. Inscrições na Central de Atendimento dia 9/01 das 13h às 20h30 para a categoria Credencial Plena, e dia 10/01 das 13h às 20h30 na categoria Credencial Atividade. Vagas Remanescentes dia 11/01.

Local: Sesc 24 de Maio - rua 24 de Maio, 109, centro


Data: 13 de janeiro de 2018

Horário: Das 12h às 20h

Preço: Entrada gratuita

Bowie veio dia 8 de janeiro, criou um universo dentro da Terra e se foi dia 10 de janeiro. O festival vai celebrar sua vida e obra em uma grande festa no bairro do Bixiga. As bandas e as atrações serão confirmadas em breve.

Local: Bixiga


Data: 13 de janeiro de 2018

Horário: Das 15h às 21h

Preço: Entrada gratuita

Nesta homenagem a Bowie, o MIS promove uma mostra de filmes em que ele atua. Serão exibidos o clássico de fantasia "Labirinto: A Magia do Tempo", às 15h; o documentário "Ziggy Stardust and the Spiders from Mars", às 17h; e a cópia restaurada de "O Homem que Caiu na Terra", às 19h. Os ingressos devem ser retirados com uma hora de antecedência na recepção do MIS e a sala está sujeita a lotação. A classificação indicativa é 16 anos.

Local: MIS - avenida Europa, 158, Jardim Europa


Data: 18 de janeiro de 2018

Horário: Às 22h30

Preço: R$ 60

No show BOWAMY, o vencedor do reality musical PopStar (TV Globo), André Frateschi interpreta canções de David Bowie ao lado da mulher, Miranda Kassin, que canta hits de Amy Winehouse. Bowie e Amy sempre foram referência para o casal, até que um dia eles resolveram declarar seu amor pelos ídolos em alto e bom som nos palcos.

Local: Bourbon Street - rua dos Chanés, 127, Moema

Fonte: Catraca Livre, 09/01/2018

DAVID BOWIE: THE LAST FIVE YEARS (bom)
Documentário
QUANDO quarta-feira (10), às 21h30, no canal Bis

Nos últimos anos de sua vida, David Bowie revisitou a exuberância de sua juventude, como se tentasse fechar um círculo em que as glórias de um passado de invenções e reinvenções musicais e estéticas serviriam de alicerces de uma despedida calculada.

"Blackstar", seu último álbum, chegou às lojas dois dias antes de sua morte, há exatos dois anos. Foi o suspiro derradeiro –todo construído em segredo– de um dos maiores artistas do século 20.

Um documentário que acaba de estrear na HBO americana e que chega nesta quarta ao Brasil revela os bastidores da criação de seu disco final, do musical "Lazarus", encenado na Broadway, e de seu penúltimo álbum, "The Next Day", gravado no início de uma década passada em reclusão.

Bowie, dizem os músicos de sua banda no filme, nunca pareceu tão jovem quanto no dia em que sofreu um ataque cardíaco em pleno palco num show em Berlim. Ele terminou aquela apresentação, sua última ao vivo, e foi levado direto dali para o hospital.

Esse episódio em 2004, que abortou sua mais longa turnê, foi o estopim de um surto criativo. Bowie voltou depois para Nova York, onde vivia, e passou anos pensando num adeus à vida de estrela do rock que parece ter amado tanto quanto desdenhado.

"David Bowie: The Last Five Years", o filme, vai muito além de seus últimos cinco anos. É uma crônica das obsessões estéticas do músico, desde seus primórdios, na "swinging London", até o auge de sua fama avassaladora, "aquele lugar onde as coisas são ocas", nas palavras dele.

Francis Whately, o diretor, disseca com olhar clínico cada passo de Bowie e se esforça para destrinchar as influências por trás de cada letra e cada decisão visual, mas também se deixa seduzir pelo magnetismo do retratado.

Os closes insistentes nos olhos de cores destoantes de Bowie são um único –e talvez incontornável– aceno à hagiografia num filme que não disfarça a visão de Bowie como pavão misterioso e frágil que arquitetou três de suas obras mais fortes enquanto lutava contra o câncer que acabaria tirando a sua vida.

Bowie é visto como um gênio inabalável, orquestrando faixa por faixa de seus últimos trabalhos como resgates precisos dos personagens que marcaram toda a sua obra –Lazarus, no caso, é o mesmo Thomas Newton de "O Homem que Caiu na Terra", filme estrelado pelo músico em 1976 que explicita a sua sensação de não pertencimento.

Sua experimentação em faixas como "Sue (Or In a Season of Crime)" e "Lazarus", do disco "Blackstar", retomam as inovações de "Sound and Vision" e as performances ultrateatrais de "Diamond Dogs", dos anos 1970.

Mesmo sendo um tanto convencional no formato, o documentário acaba desmistificando o camaleão. É um exame preciso e delicado dos motivos que levaram Bowie a se esconder do mundo para mostrar depois as suas tais "cicatrizes que não podem ser vistas". No fundo, é uma ode ao astro que fez de sua morte um espetáculo cintilante.

Folha de SP, por Silas Marti, 10/01/2018

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Alberta Hunter, grande dama do blues, canta The Love I have for you (O amor que tenho por você)

Alberta Hunter
Grande dama do blues e do jazz, Alberta Hunter  nasceu em Memphis, Tennessee, no dia primeiro de abril de 1895 e veio a falecer em Nova York no dia 17 de outubro de 1984, aos 89 anos. Foi cantora,  compositora, atriz e, curiosamente, também enfermeira. Iniciou sua carreira musical por volta de 1920,  tornando-se uma cantora de grande sucesso, aclamada pela crítica e pelo público, por seu talento e apresentações bem humoradas.

No início da década de 50, retirou-se dos palcos, tornando-se enfermeira em Nova York. Retornou apenas em 1977, novamente com grande sucesso. Mais informações sobre a diva no site Red Hot Jazz bem como no Clube de Jazz. No primeiro, inclusive, é possível baixar o áudio de alguma das músicas da cantora do início de sua carreira.

Resolvi lembrá-la porque me peguei cantando uma de suas músicas, The love I have for you, que faz parte da trilha sonora da minha vida. Abaixo segue a letra e o vídeo com a música bem como também a canção My Man Is Such A Handy Man, onde ela capricha no bom humor. Assisti na TV a gravação de algumas de suas apresentações, e pude constatar porque, ainda em vida, já havia se tornado uma lenda do blues. 

The Love I Have for You
Alberta Hunter

The love I have for you
makes my burdens light.
The love I have for you
makes my blue days bright.
Asleep or awake dear
your face I see,
your sunshine and smile is a guide for me.

The love I have for you
is within my heart.
The love I have for you
is a thing set apart.
You can search the universe,
but my dear if you do,
you’ll never find a love like the love I have for you.

I never fret a worry.
At no time am I blue.
I spend my days rejoicing
because of the love that I have for you.

You can search this universe
but my dear if you do
you’ll never find a love like the love I have for you.



Publicado originalmente em 15/01/2014

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Hallelujah, de Leonard Cohen, com k.d.lang

Hallelujah - Aleluia - escrita pelo cantor e compositor canadense Leonard Cohen, em 1984, é considerada uma das maiores canções de todos os tempos, tendo sido gravada por inúmeros artistas desde seu surgimento.

Apesar do título, do jeito de hino religioso e das citações bíblicas, a letra fala mesmo é das vicissitudes da vida, de sexo e desencontros amorosos, de uma visão desalentada da existência que põe em dúvida se mesmo a arte pode nos salvar.

Nas citações bíblicas, o autor diz que soube que o Rei David encontrara um acorde especial para louvar a Deus, mas a mulher a quem fala não liga para música: "But you don't really care for music, Do you?" Relata ainda que a mulher (Betsabá) que seduz e desencaminha David, tira-lhe a força (corta-lhe o cabelo, referência à Sansão) através do sexo: "she cut your hair and from your lips she drew the halleujah (ela cortou seu cabelo e de seus lábios extraiu a aleluia - do orgasmo)".


No restante da canção, o autor continua vendo o amor como uma batalha de onde ele sai cativo e ferido "I saw your flag on the marble arch/love is not a victory march, it's a cold and it's a broken Hallelujah (Vi sua bandeira no monumento de mármore/o amor não é uma marcha vitoriosa, é uma aleluia fria e sofrida). Maybe there's a God above/And all I ever learned from love/Was how to shoot at someone who outdrew you/It's not a cry you can hear at night/It's not somebody who's seen the light/it's a cold and it's a broken Hallelujah (Talvez haja um Deus lá em cima/E tudo que eu sempre aprendi com o amor/foi como atirar contra alguém que já havia sacado primeiro/Não é uma súplica que você escuta à noite/Não é alguém que viu a luz/É uma aleluia fria e sofrida)".

Leonard Cohen escreveu duas versões de Hallelujah, tirando da segunda versão, de 1994, seu caráter mais espiritual (redentor) e enfatizando a evocação sexual, porém, de qualquer forma, manteve a mescla de religioso e profano da música, o contraste entre a melancólica descrição da vida, exposta na letra, e a qualidade de transcendência, contida nas Aleluias crescentes, que configuram sua beleza indiscutível.

Segundo consta, em artigo de Neil McCormik (junho/2008), para o Telegraph online, Coen declarou sobre sua famosa canção, no maior estilo Zen:
É isso aí. Não há saída para essa confusão. O único momento em que você consegue viver no meio desses conflitos absolutamente irreconciliáveis da vida é quando finalmente aceita tudo e diz ‘Olhe, eu não entendo nada disso, mas... Aleluia!'"
Gosto de todas as versões que diferentes artistas já deram a essa música, mas preferi postar esta da k.d.lang, que também consta de seu álbum Hymns of the 49th Parallel (2004), porque é uma das mais bonitas interpretações de Hallelujah. O próprio Leonard Cohen afirmou, em entrevista, ter ficado comovido com a performance de k.d.lang na ocasião registrada no vídeo abaixo (ele estava na plateia). Segundo o compositor, Lang levou a música a seu definitivo e bem-aventurado estado de perfeição.
 

Vale ainda salientar que há vários versos, escritos por Cohen, para essa mesma melodia, sendo a letra abaixo apenas uma das variantes conhecidas. E que muita gente canta esses versos em ordem diferente da apresentada na versão de k.d. lang ou mesmo inventa versos para Hallelujah.                            


Hallelujah – Leonard Cohen


I've heard there was a secret chord
that David played, and it pleased the Lord
But you don't really care for music, Do you?
It goes like this, the fourth, the fifth
The minor Fall, The major lift,
The baffled king composing, hallelujah

Hallelujah, Hallelujah
Hallelujah, Hallelujah

Your faith was strong but you needed proof
You saw her bathing on the roof
Her beauty in the moonlight overthrew you
She tied you to a kitchen chair, she broke your throne
she cut your hair and from your lips she drew the halleujah

Hallelujah, Hallelujah
Hallelujah, Hallelujah

Maybe I've been here before
I know this room, I've walked this floor
I used to live alone before I knew you
I've seen your flag on the marble arch
love is not a victory march
it's a cold and it's a broken Hallelujah

Hallelujah, Hallelujah
Hallelujah, Hallelujah

There was a time you let me know
What's real and going on below
but now you never show it to me, do you?
And remember when I moved in you
the holy dove was moving too
And every breath we drew was Hallelujah

Hallelujah, Hallelujah
Hallelujah, Hallelujah

Maybe there's a God above
And all I ever learned from love
Was how to shoot at someone who outdrew you
It's not a cry you can hear at night
It's not somebody who's seen the light
it's a cold and it's a broken Hallelujah

Hallelujah, Hallelujah
Hallelujah, Hallelujah
Hallelujah, Hallelujah
Hallelujah, Hallelujah
Hallelujah, Hallelujah
Hallelujah, Hallelujah…

Publicado originalmente em 08/04/2009

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Genial até o fim, David Bowie transforma a própria morte em obra de arte

Bowie em cena do videoclipe de "Lazarus", lançado dias antes de seu novo disco, "Blackstrar"Foto: David Bowie / Divulgação
No último clipe, "Lazarus", Bowie transforma a morte em obra de arte
Artista aparece em uma cama de hospital cantando versos que, diante do impacto de sua morte, ilustram sua emocionante despedida

"Olha aqui, eu estou no paraíso", começa a cantar Bowie em Lazarus, canção daquele que nenhum fã poderia imaginar que seria mesmo seu último disco,Blackstar, lançado na última sexta-feira, dia em que completou 69 anos. A melancólica canção remete ao personagem bíblico (Lázaro é o homem que Jesus Cristo traz de volta do mundo dos mortos) — e era justo um fã de Bowie querer interpretá-la como uma celebração do artista à vida e à retomada da carreira com mais uma de suas surpreendentes reinvenções sonoras. 

Mas o videoclipe de Lazarus, revisto agora sob o tremendo impacto da morte de Bowie, foi de fato uma despedida. Visivelmente debilitado pelo câncer que enfrentou de forma muito reservada nos últimos 18 meses, Bowie aparece em uma cama de hospital cantando versos como "eu estou em perigo, nada tenho a perder" e falando de "cicatrizes que não podem ser vistas" . Está vendado, com dois pequenos objetos circulares sobre os olhos, emulando os milenares rituais que colocam moedas sobre as vistas dos mortos. 

Por um breve momento, aparece próximo a uma janela, iluminado, e dança lembrando "do tempo que cheguei a Nova York e estava vivendo como um rei". Essa sequência pode ter sido seu esforço derradeiro esforço para mostra-se ao fãs com a energia performática e transgressora que lhe foi tão característica ao longo de sua trajetória. E então vai saindo de cena lentamente, caminhado para trás até fechar a porta. O brilho vira escuridão. Bowie foi um artista corajoso inovador até seus últimos instantes. Fez de seu próprio obituário uma emocionante obra de arte.

Veja a letra de Lazarus

Look up here, I'm in heaven
I've got scars that can't be seen
I've got drama, can¿t be stolen
Everybody knows me now
Look up here, man,
I'm in danger
I've got nothing left to lose
I'm so high it makes my brain whirl
Dropped my cell phone down below
Ain't that just like me
By the time I got to New York
I was living like a king
Then I used up all my money
I was looking for your ass
This way or no way
You know, I'll be free
Just like that bluebird
Now ain't that just like me
Oh I'll be free
Just like that bluebird
Oh I'll be free
Ain't that just like me

Fonte: Zero Hora, por Marcelo Perrone, 11/01/2016

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Tecnicolor, o disco dos Mutantes pra inglês ouvir, que virou referência de produção experimental


Eles escondiam um fabuloso tesouro que só viria ao mundo quase 30 anos depois do lançamento de Jardim Eletrico:

Tecnicolor.

A história é simples: a Polydor inglesa queria editar um disco dos Mutantes, todo cantado em inglês, com a produção de Carlos Olmes.

O trabalho, cantado em inglês, francês, espanhol e português chegou a ser gravado e, infelizmente, engavetado até 2000.

Tecnicolor teve uma edição luxuosa com desenhos do encarte feitos por Sean Lennon, filho do eterno líder dos Beatles, John, e grande fã dos Mutantes.

Algumas faixas chegam a impressionar mais do que as originais como a versão, em inglês, para "Ando Meio Desligado", "I Feel a Little Spaced Out". Se em português o vocal era quase sussurrante, agora a voz de Rita era amplificada e o final ainda mais sensacional, com uma bela demonstração do apuro de Serginho na guitarra.

Algumas faixas ganharam versões hilárias, como "A Minha Menina", de Jorge Ben e que aparece no primeiro disco Os Mutantes, transformada em "She's My Shoo Shoo".

Ao ser lançado, o CD recebeu elogios nos quatro cantos do planeta, sendo uma das molas propulsoras para a volta do grupo no Século XXI.

À convite do produtor Carl Holmes, aproveitaram para gravar algumas canções no estúdio Des Dames, com a intenção era lançar um álbum principalmente em inglês para atrair público internacional. Mas a Polydor desistiria do projeto mesmo com um álbum inteiro já gravado. Somente em 1999, o disco seria lançado, chamado Tecnicolor.

No ano 1999 a gravadora Universal, dona do catálogo da extinta Polydor, finalmente resolveu lançar Tecnicolor, o álbum gravado pela banda durante sua passagem pela França em 1970. A ilustração e a caligrafia do álbum, na versão editada no ano de 1999, são da autoria de Sean Lennon. Na época, em 1970, a Polygram inglesa convidou o grupo a morar em Londres e pediu para que eles gravassem um álbum com canções em língua inglesa. Apenas Arnaldo Baptista sabia desse convite e só contou aos outros integrantes após regressaram ao Brasil.

Em fevereiro de 2005 a revista britânica Mojo incluiu o álbum Os Mutantes em sua lista de "50 Most Out There Albums of All Time" (algo como os "50 Discos Mais Experimentais de Todos os Tempos"). Eles obtiveram a 12ª posição na lista, à frente de nomes como Beatles, Pink Floyd e Frank Zappa. Ainda em 2005, a também britânica Q Magazine igualmente colocou o álbum em 12º lugar, em sua lista dos "40 greatest psychedelic albums of all time" ("Os 40 maiores discos psicodélicos de todos os tempos).

Faixas

Panis Et Circenses
Bat Macumba
Virginia
She's My Shoo Shoo (A Minha Menina)
I Feel A Little Spaced Out (Ando Meio Desligado)
Baby
Tecnicolor
El Justiciero
I'm Sorry Baby (Desculpe, Babe)
Adeus Maria Fulô
Le Premier Bonheur Du Jour
Saravah Panis Et Circenses (Reprise)

Fonte: Youtube

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

"The Only Thing Worth Fighting For", trilha sonora da segunda temporada de True Detective, foi o melhor da série


A segunda temporada de True Detective (HBO) terminou no domingo com a morte dos protagonistas e a sobrevivência das protagonistas (viés feminista?). Teve altos e baixos, com bons intérpretes prejudicados por um roteiro confuso e excesso de personagens. De tudo, destacou-se uma das canções da trilha sonora, The Only Thing Worth Fighting For, de Lera Lynn, cantora que mistura blues, pop e country numa levada bela e melancólica. A música foi feita especialmente para a série e ilustra bem o clima dark da história, das relações entre os personagens (incluindo o amor possível), seus conflitos, seu desamparo. Fica o registro, letra e música, porque triste mas linda.



The Only Thing Worth Fighting For

Waking up is harder
Than it seems
Wandering through these empty rooms of
Dusty books and quiet dreams
Pictures on a mantel
Speak your name
Softly like forgotten tunes just
Outside the sound of pain

Weren't we like a pair of thieves
With tumbled locks and broken codes
You cannot take that from me
My small reprieves your heart of gold
Weren't we like a battlefield
Locked inside a holy war
Your love and my due diligence
The only thing worth fighting for

Change will come to those who
Have no fear
But I'm not her, you never were
The kind who kept a rule book near
What I said was never
What I meant
And now you've seen my world in flames my
Shadow songs my deep regrets

Weren't we like a pair of thieves
With tumbled locks and broken codes
You cannot take that from me
My small reprieves your heart of gold
Weren't we like a battlefield
Locked inside a holy war
Your love and my due diligence
The only thing worth fighting for

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Vestida de azul vibrante, Shakira emocionou Paris


Como todo o mundo, já havia escutado a Shakira no rádio inúmeras vezes. A moça é sucesso internacional, emplacando hit atrás de hit. Admito, contudo, que nunca tinha parado para vê-la ou saber mais sobre sua historiografia. No primeiro domingo de 2012, acabei assistindo o show da cantante em Paris. E não é que gostei!

Daí que quis saber mais sobre ela e aproveitei para ver o show que fez aqui no Rock in Rio, bem parecido com o de Paris, embora a produção francesa tenha me parecido melhor cuidada. E gostei de novo.

A despeito do excesso de rebolation (hoje, cantoras e cantores têm até que ser meio atletas), ela não descamba para o vulgar, canta bem, além de ser bonita, sensual e simpática. Fora isso, a moça também é inteligente e se comunica em várias línguas, inclusive a nossa, com invejável proficiência.

Assim, em seus shows em diferentes partes do mundo, ela homenageia o país anfitrião cantando uma canção local. Aqui, no Rock in Rio, cantou País Tropical, com a Ivete Sangalo. E em Paris, emplacou a música Je L'aime À Mourir (Eu a amo até a morte, numa tradução literal, 1979), de Francis Cabrel, em espanhol e francês. Quando ela começou a cantar a música em francês, eu aqui, brasileira, me arrepiei. Os franceses, então, naturalmente entraram em delírio. E Shakira provou que, à parte o rebolation da música árabe, sabe cantar de fato. Toda vestida de azul vibrante, praticamente imóvel, emocionou com sua interpretação. Veja abaixo o vídeo e a letra da chanson.

Para terminar, Shakira Isabel Mebarak Ripoll nasceu em Barranquilla, na Colômbia, em 2 de Fevereiro de 1977. A descendência libanesa se faz presente na dança árabe que estudou e integrou a vários de seus números. E o talento precoce a lançou para o estrelato, compondo e cantando desde pequena. A partir de 1996, alcançou o sucesso internacional, e hoje é considerada uma das grandes estrelas do pop-rock latino. Merece. Mais informações no site da cantora aqui.



Je L'aime À Mourir (Eu a amo até a morte
Y yo que hasta ayer solo fui un holgazán
Y hoy soy guardian sus sueños de amor
La quiero a morir...

Puede destrozar todo aquello que ve
Porque ella de un soplo lo vuelve a crear
como si nada, como si nada
La quiero a morir...

Ella para las horas de cada reloj,
Y me ayuda a pintar transparente el dolor con sus sonrisa.
Y levanta una torre desde el cielo hasta aqui
Y me cose unas alas y me ayuda a subir a toda prisa, a toda prisa
La quiero a morir...

Conoce bien, cada guerra, cada herida, cada ser
Conoce bien cada guerra de la vida, y del amor también.
Hehehehehehehe (x3)

Moi je n'étais rien
Et voilà qu'aujourd'hui
Je suis le gardien
Du sommeil de ses nuits
Je l'aime à mourir

Vous pouvez détruire
Tout ce qu'il vous plaira
Elle n'a qu'à ouvrir
L'espace de ses bras
Pour tout reconstruire
Pour tout reconstruire
Je l'aime à mourir

Elle a gommé les chiffres
Des horloges du quartier
Elle a fait de ma vie
Des cocottes en papier
Des éclats de rire
Elle a bâti des ponts
Entre nous et le ciel
Et nous les traversons
À chaque fois qu'elle
Ne veut pas dormir
Ne veut pas dormir
Je l'aime à mourir

Elle a dû faire toutes les guerres
Pour être si forte aujourd'hui
Elle a dû faire toutes les guerres
De la vie, et l'amour aussi

Elle a dû faire toutes les guerres
Pour être si forte aujourd'hui
Elle a dû faire toutes les guerres
De la vie, et l'amour aussi

Elle a dû faire toutes les guerres
Pour être si forte aujourd'hui
Elle a dû faire toutes les guerres
De la vie, et l'amour aussi.....

Publicado originalmente 02/01/2012

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Depois da versão de Rolling in the Deep de Adele, Aretha Franklin apresenta “I Will Survive”, de Gloria Gaynor


Quem é rainha nunca perde a majestade. Depois Rolling in the Deep de Adele,  a grande dama do soul, Aretha Franklin, faz um mix de “I Will Survive”, de Gloria Gaynor, com um pedacinho de “Survivor”, das Destiny’s Child! Uauuuuu! Que linda! Posto também as versões originais para registro.

Aretha Franklin agora faz mash-up da clássica “I Will Survive” com “Survivor”; ouça

Aos 71 anos de idade, a grande diva do R&B, Aretha Franklin, vai lançar seu aguardadíssimo álbum recheado de covers de outras divas. Primeiro, ela mostrou a sua versão para “Rolling In The Deep”, da Adele, misturando com a clássica “Ain’t No Mountain High Enough”,gravada originalmente por Marvin Gaye and Tammi Terrell.

Agora, Aretha se joga nas pistas de dança com uma nova versão de outro clássico, “I Will Survive”, de Gloria Gaynor. E o melhor, ela ainda adiciona um pedacinho de “Survivor”, das Destiny’s Child!

Previsto para o dia 20 de outubro, o álbum “Aretha Franklin Sings the Great Diva Classics” ainda vai trazer covers de artistas como Alicia Keys e Sinéad O’Connor.

Ouça:

Fonte: Papel Pop, por Pedro Rocha, 07/10/2014

terça-feira, 30 de setembro de 2014

A grande dama do soul, Aretha Franklin, grava Rolling in the Deep de Adele


Aretha Franklin, 72 anos, mostrou que ainda está em forma ao divulgar a primeira música de seu novo disco, Aretha Franklin Sings the Great Diva Classics, que será lançado em 21 de outubro. A canção Rolling in the Deep, um cover de Adele, ganhou a energia, quase explosiva, de uma verdadeira diva da soul music, melhorando — ainda que parecesse impossível — o hit da cantora britânica.

A voz rasgada de Aretha dá o tom da música, na verdade um mashup com a clássica Ain’t No Mountain High Enough, eternizada por Marvin Gaye e Tammi Terrell, que ganha destaque nos momentos finais da canção. Segundo o site da revista americana Billboard, Aretha também homenageia Whitney Houston, Barbra Streisand e Gloria Gaynor no álbum. Uma versão de luxo em vinil estará disponível para pré-venda nesta terça-feira.

Retorno de Adele — Afastada desde 2011, quando nasceu seu primeiro filho, Adele deve voltar aos palcos em 2015. Além do novo álbum, intitulado 25, a artista também prometeu uma turnê mundial para divulgar o trabalho.

A música Rolling in the Deep, lançada em 2010 como parte do álbum 21, o segundo da cantora britânica, foi a responsável pela projeção internacional de Adele. 
 


 Fonte: Veja, 29/09/2014

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Vídeo "Faça acontecer" para um futuro sem fábricas de animais (e um pouco sobre West Side Story)

West Side Story (Amor, Sublime Amor) é um filme musical de 1961 que transporta o drama shakespeareano de Romeu e Julieta para o universo das gangues juvenis americanas formadas por imigrantes latinos e outros menos favorecidos. O cenário é a zona oeste de Manhattan em Nova York. Com coreografia inovadora e trilha sonora fantástica (Leonard Bernstein, Saul Chaplin), foi um divisor de águas na concepção dos musicais, tendo suas canções gravadas por inúmeros artistas e sua coreografia inspirado, entre outras, o clipe Beat It, de Michael Jackson.

No fundo, West Side Story trata do preconceito (qualquer deles) que dissemina o ódio e inviabiliza o amor. No filme, Tony, um ex-líder da gangue dos Jets (de brancos pobres), apaixona-se por María, irmã do líder da gangue rival, os Sharks, formada por imigrantes porto-riquenhos. Como no Romeu e Julieta original, entre disputas territoriais e ridículos códigos de honra, misturados no filme ao preconceito racial, o casal apaixonado não consegue sobreviver à estupidez humana.
Tony e Maria em West Side Story
Entre as músicas da trilha sonora (todas incríveis), Somewhere (Em algum lugar) se destaca como uma espécie de hino de esperança dos que vivem enjaulados pelas grades da discriminação e da opressão e sonham com a liberdade. Não por menos alguém teve a brilhante ideia de fazer um libelo pela libertação animal usando a música como tema.

Debulhei litros ao ouvir já o primeiro verso da canção associada às tristes imagens das chamadas fábricas de animais (de fato campos de concentração de bichos). Debulhei porque sempre cantei essa música pensando em todas as discriminações que sofrem os diferentes de todo o tipo e porque, naturalmente, nada me comove mais do que o sofrimento dos animais. O vídeo, de 2012, se chama Faça Acontecer (Make it Possible) e traz a mensagem de esperança de que é possível um futuro sem fábricas de animais, um futuro viável por causa das pessoas que mudam sua alimentação e se engajam na luta para que esse horror sob os céus deixe de existir.

Segue a letra da música, que fala por si mesma, traduzida para o português numa boa versão. E os vídeos Make It Possible e Somewhere do filme West Side Story. Deixo também o link para assistir online, legendada, essa obra-prima que é West Side Story, ganhadora, em 1962, do Oscar (em quase todas as categorias), do Grammy e do Globo de Ouro e, em 1963, do BAFTA britânico. E aqui, a trilha sonora.

Em algum lugar

Há um lugar para nós
Em alguma parte, um lugar para nós.
Paz e tranquilidade e céu aberto
Nos esperam em algum lugar.

Há um tempo para nós
Um dia haverá um tempo para nós
Tempo juntos e tempo de sobra
Tempo de olhar, tempo de amar

Algum dia, em algum lugar

Nós acharemos um novo modo de viver
Nós encontraremos um jeito de perdoar (Conseguiremos?)
Em algum lugar

Há um lugar para nós,
um lugar e um tempo para nós
Segure minha mão e já estaremos quase lá
Segure minha mão e eu lhe levarei até lá
De algum modo, um dia, em algum lugar.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Billie Holiday canta "I'll be seeing you"


Cresci ouvindo Billie Holiday, com sua voz única, mas levei muito tempo até ver uma imagem dela, o que se deu em um especial se não me engano da TV Cultura. Fiquei impressionada com sua beleza e sobretudo sensualidade.

Outro dia ouvindo a lindíssima I'll be seeing you numa voz masculina, busquei a música na Web e a encontrei na voz de Billie. Primeiro segue a letra, depois o vídeo. E ao final o link para o web site official da diva. A música é de 1938, e a gravação de Billie de 1944. 

I'll be seeing you
Sammy Fain / Irving Kahal

I'll be seeing you
In all the old familiar places
That this heart of mine embraces
All day and through
In that small cafe
The park across the way
The children carrousel
The chestnut trees
The wishing well

I'll be seeing you
In every lovely summer's day
In everything that's light and gay
I'll always think of you that way

I'll find you in the morning sun
And when the night is new
I'll be looking at the moon
But I'll be seeing you

I'll be seeing you
In every lovely summer's day
In everything that's light and gay
I'll always think of you that way

I'll find you in the morning sun
And when the night is new
I'll be looking at the moon
But I'll be seeing you

Sometimes Billie sung the next verse
------------------------------------

Cathedral bells were tolling
As our love sang on.
Was it the spell of Paris,
or just the April dawn?
Who knows if we will meet again,
Love with morning chiming sweet again




Billie Holiday - The official web site

Reedição do original de 21/06/08. 

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Ana Popovic, a branca da Sérvia que arrasa tocando e cantando o negro Blues

Nascido nos campos de algodão dos EUA, onde os negros escravos trabalhavam de sol a sol e cantavam para acompanhar seus fardos e seu fado, o blues traduzia o sofrimento de um povo cativo que sempre soube transformar a dor em poema. Tanto que "blue", além de azul, naturalmente, significa tristeza, melancolia, em inglês. Com o passar dos anos, porém, o blues, o estilo musical, transformou-se também em música dos corações partidos, e igualmente, da sensualidade, da ironia e da poesia.

Ramificou-se em vários tipos, partindo do original Delta blues (o blues de raiz do delta do Mississipi acústico) para o blues de Chicago (a fusão entre o blues acústico do Delta e a introdução da guitarra elétrica no blues) e o Texas Blues (um blues elétrico e rápido). E, dos EUA, sobretudo o blues eletrificado de Chicago e Detroit se espalhou  pelo mundo inteiro, não sem antes gerar outros filhos como o jazz e o rock (mistura do blues negro com o country branco).

Globalizado, o blues influenciou músicos em todo o mundo, dos ingleses Rolling Stones (um dos redescobridores desse estilo musical) e Eric Clapton, para falar nos mais conhecidos, até vejam só a última sensação do gênero, a guitarrista (sim, uma dama), uma senhora branca e sérvia (sic) que estará se apresentando agora em maio, nos dias 9, 10 e 11, no Samsung Galaxy Best of Blues Festival, no WTC Golden Hall, em São Paulo, ao lado de nomes como Jeff Beck, Buddy Guy, Joss Stone, Jonny Lang e Trombone Shorty. O nome dela é Ana Popovic e, além de cantar, no melhor estilo "negro", ainda arrasa na guitarra. (Ver aqui e aqui outra dama que arrasa nas cordas eletrificadas)

Abaixo, matéria sobre a Ana Popovic (cantando, me lembrou a Janis Joplin) e dois vídeos com ela mostrando porque o blues, nascido preto, pobre e cativo, brota, contudo, das vísceras de qualquer pessoa que tenha de fato um coração.

Guitarrista celebrada pelos mais renomados bluesmen, chega, enfim, Ana Popovic

Música é uma das atrações Samsung Galaxy Best of Blues Festival, que acontece em maio
Jotabê Medeiros 

A grande esperança do blues é mulher. E é bonita. E é branca. E é sérvia. Seu nome é Ana Popovic, e ela barbariza tanto com sua Fender Stratocaster 1964 quanto com seus vestidos curtíssimos e sua pose de modelo de propaganda de xampu.

Estrela do Samsung Galaxy Best of Blues Festival, no WTC Golden Hall, em São Paulo, nos dias 9, 10 e 11, ao lado de nomes como Jeff Beck, Buddy Guy, Joss Stone, Jonny Lang e Trombone Shorty, Ana é a loira eletrificada do novo blues. Pela primeira vez no Brasil para tocar (ela conta que já veio antes como turista para conhecer os carnavais de Salvador e Rio de Janeiro, e ficou três semanas), a guitarrista é a grande sensação dos festivais norte-americanos. Este ano, foi a única mulher convidada para a 8.ª edição do Experience Hendrix Tour – os outros eram Buddy Guy, Eric Johnson, Zakk Wilde, Bootsy Collins, Dweezil Zappa, David Hidalgo (dos Los Lobos), além do baixista Billy Cox (que tocou com Hendrix) e do baterista Chris Layton (que acompanhou Stevie Ray Vaughan).

Nos grandes festivais, ela lota as tendas – como sucedeu no ano passado no JazzFest de New Orleans. "Quando eu tinha dois anos, o blues me conquistou. Meu pai tinha uma grande coleção de discos e, desde que me lembro, sempre gostei do gênero. O blues é parte do que eu sou. Não sou americana, mantenho o meu toque europeu. E não uso botas nem chapéu, vou a discotecas dançar com meus amigos. Mas, tirando isso, todo o resto é o mesmo: eu toco a guitarra do blues, eu amo o mainstream do blues", disse a cantora ao Estado, anteontem, falando por telefone de sua casa, em Memphis, Tennessee.

Aos 37 anos, mãe de dois filhos, Ana Popovic contraria totalmente o estereótipo do blues sulista norte-americano, embora esteja totalmente ambientada ali. "Você não precisa ter nascido nos Estados Unidos para tocar blues. Há bluesmen em todo lugar, e fãs de blues em todo lugar. Eu cresci ouvindo Elmore James, Robert Johnson, Steve Ray Vaughan, Robert Cray, John Scoffield, Bukka White e também as bandas de rock, como Cream e Led Zeppelin. Claro, ouvi também o jazz europeu, Django Reinhardt e os outros. Mas, geralmente, eram artistas americanos, o Delta blues, o Texas blues, o rock sulista", ela lembra.

Ana é divertidíssima. Desafiada a relacionar todas as guitarras que tem, ela contabiliza seis ou sete instrumentos – a famosa Strato 1964, mais uma Telecaster 1971, mais uma peça vintage de 1957. "Não sou uma colecionadora de guitarras, tenho algumas boas para a estrada e outras para o estúdio. Sempre preferi sapatos", brinca.

Os guitarristas hendrixianos, entretanto, prestam muito mais atenção ao seu estilo do que aos seus sapatos. Vinte deles a "adotaram" na recente turnê Experience Hendrix, especialmente por conta de sua ousadia "old school" - expressa no álbum mais recente, Can You Stand the Heat?, produzido por Tony Coleman, baterista de B.B. King. "Fiz algo diferente porque eu gosto mais das canções meio desconhecidas de Hendrix, aquelas que não se tornaram hits. Sou um tipo meio lado B. Hendrix é um dos melhores ainda hoje. Adoro a energia dele, especialmente do seu trio", ela conta. Entre as canções que ela toca, estão House Burning Down, Belly Button Window e Can You See Me?

Ela nasceu em Belgrado e morou muitos anos em Amsterdã (onde sua família ainda tem residência), quando foi descoberta pelos americanos por conta do disco Comfort to the Soul, que lhe valeu uma indicação para o WC Handy Blues Awards como artista revelação. Agora, mudou-se de mala e cuia para o coração de Memphis.

"Eu vim a Memphis há dez anos, indicada por um selo para gravar um disco de blues (Comfort to the Soul). Conheci as pessoas na cidade, a gravação foi com uma banda fantástica. Os músicos daqui tocam divinamente. É um lugar bacana, o tempo é bom, minha banda vive por aqui. Eu já tinha vivido em New Orleans e Los Angeles, mas era muito conveniente fixar residência em Memphis". Para seu primeiro show na América Latina, ela promete uma fusão de blues, soul, funk e rock no festival, e quer muito conhecer os bluesmen brasileiros.

Samsung Galaxy Best of Blues 
WTC GOLDEN HALL. Avenida das Nações Unidas, 12.551. Dias 9 e 10, a partir das 19h. Dia 11, a partir das 18h30. DE R$ 150 a R$ 900. Classificação etária: 16 anos

Fonte: O Estado de S. Paulo, 25/04/2014

quarta-feira, 12 de março de 2014

Jukebox: lembre dos hits dos anos 40 aos 90

Clique em qualquer uma das décadas do jukebox virtual abaixo que resgata 60 anos de hits dos anos 40 aos 90 e viaje no tempo.

1940 1950 1960 1970 1980 1990
1941 1951 1961 1971 1981 1991
1942 1952 1962 1972 1982 1992
1943 1953 1963 1973 1983 1993
1944 1954 1964 1974 1984 1994
1945 1955 1965 1975 1985 1995
1946 1956 1966 1976 1986 1996
1947 1957 1967 1977 1987 1997
1948 1958 1968 1978 1988 1998
1949 1959 1969 1979 1989 1999

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Músicas em homenagem a Nelson Mandela


Lista de músicas em homenagem a Nelson Mandela. Fora a música tema do filme Invictus que já publiquei anteriormente, desta leva abaixo, a mais bonita, para mim é a Mandela Day do Simple Minds (de 1989). Seguem a letra e a música abaixo. Publico também a lista do Sérgio Martins (VEJA) das melhores homenagens musicais ao líder sul-africano.

Mandela Day
It was 25 years they take that man away
Now the freedom moves in closer every day
Wipe the tears down from your saddened eyes
They say Mandela's free so step outside
Oh oh oh oh Mandela day
Oh oh oh oh Mandela's free

It was 25 years ago this very day
Held behind four walls all through night and day
Still the children know the story of that man
And I know what's going on right through your land

25 years ago
Na na na na Mandela day
Oh oh oh Mandela's free

If the tears are flowing wipe them from your face
I can feel his heartbeat moving deep inside
It was 25 years they took that man away
And now the world come down say Nelson Mandela's free

Oh oh oh oh Mandela's free

The rising suns sets Mandela on his way
Its been 25 years around this very day
From the one outside to the ones inside we say
Oh oh oh oh Mandela's free
Oh oh oh set Mandela free

Na na na na Mandela day
Na na na na Mandela's free

25 years ago
What's going on
And we know what's going on
Cos we know what's going on

Fonte:Vagalume

U2: “Ordinary Love”



 The Specials: “Free Nelson Mandela”

 Hugh Masakela: “Mandela (Bring him back home)”

Santana: “Mandela”


Youssou N’Dour: “Nelson Mandela” 

Tracy Chapman: “Freedom Now” 

Simple Minds: “Mandela Day”


Johnny Clegg: “Asimbonanga” 


Invictus


Fonte da compilação: Amo la Musica, 06/12/2013

Lista de Sérgio Martins das melhores homenagens musicais ao líder sul-africano

terça-feira, 9 de julho de 2013

My Funny Valentine

My funny valentine
Sweet comic valentine
You make me smile with my heart
Your looks are laughable
Unphotographable
Yet youre my favourite work of art

Is your figure less than greek
Is your mouth a little weak
When you open it to speak
Are you smart?

But dont change a hair for me
Not if you care for me
Stay little valentine stay
Each day is valentines day

Is your figure less than greek
Is your mouth a little weak
When you open it to speak
Are you smart?

But dont you change one hair for me
Not if you care for me
Stay little valentine stay

terça-feira, 11 de junho de 2013

Trinta sites para baixar músicas gratuitamente


Lista com 30 sites internacionais para se ouvir e baixar música de maneira fácil, legal e gratuita. 
  1. The Internet Archive – O site que tem a proposta de organizar a web inclui em sua lista uma seleção com mais de 150 mil itens, entre músicas, podcasts e livros em áudio, licenciadas com Creative Commons. 
  2. Jamendo – Oferece links diretos para a música ou download via torrent. Com mais de 110 mil músicas o site está disponível em oito línguas diferentes, incluindo português. 
  3. Epitonic – É o lugar para baixar tudo de uma vez. Com diversas seleções sugeridas diariamente, você faz o download de maneira simples. 
  4. Fat Wreck Chords - Para os amantes de música punk o site é recheado dos clássicos. 
  5. Stereokiller – Muitos usuários dizem que é uma versão melhorada do MySpacededicado ao punk, ao hardcore e ao metal. Lá você encontra mais de 32 mil músicas, 43 mil bandas e um acervo com 9 mil críticas de álbuns. 
  6. Anti’s - Com o slogan: “Verdadeiros artistas criando grandes gravações em seus próprios termos.” (tradução livre) o site dispõe de um acervo com nomes como Michael Franti, Spearhead, Graffin Greg, Nick Cave e Billy Bragg. 
  7. 3hive – Um blog com navegação agradável que publica resenhas sobre as músicas e as disponibilizam em formato MP3. 
  8. itsfreedownloads – Para os usuários do iTunes é uma excelente opção para baixar músicas gratuitas de maneira legal. 
  9. mp3.com - Mais de 1 milhão de downloads de música gratuitos. Comece a explorar agora. 
  10. Purevolume.com – Seu forte é o streaming de música, mas também há uma grande opção de downloads. Busque pela organizada caixa de pesquisa ou navegue pelas categorias do site. 
  11. Last.FM – A rede social mais conhecida de músicas do mundo. Você monta seleções com as músicas que ouve e baixa de acordo com sua preferência. 
  12. iSound - Oferece streaming de alguns artistas e possuí um imenso catálogo para downloads gratuitos. 
  13. We7 – Com todos os tipos de músicas, você encontrará bandas que normalmente tem que pagar para conseguir MP3 completo. 
  14. Blentwell – Um site em evolução constante que mistura toneladas de misturas de DJs divididos por gênero. 
  15. MTV – A maior televisão de música do mundo oferece, toda semana, um novo grupo de cerca de uma dúzia de downloads em uma base um tanto irregular. Uma gota no oceano, mas as músicas são totalmente legais. 
  16. Freekidsmusic.com – Um parque de diversão para quem tem criança em casa. Você encontra uma imensidão de melodias de grande qualidade para os baixinhos. 
  17. Classic Cat – Mantém uma enorme lista de MP3 clássicos disponíveis na internet. Os arquivos não são hospedados no site, mas ele reúne de uma maneira muito simples de buscar. 
  18. Spinner (AOL Music) – Durante os últimos dois anos o site disponibiliza diariamente um apanhado com diversos MP3 para download. 
  19. Hulkshare – Uma plataforma de música que presta serviços a artistas, blogs, revistas e profissionais da indústria. Enviar e compartilhar suas músicas é simples e grátis. Também há o serviço Premium que libera algumas funções especiais. 
  20. Best MP3 Links – O portal reúne uma lista com centenas de links para sites onde você legalmente pode baixar música no formato MP3 gratuitamente. Separados por categorias que variam do humor, passando por eletrônica, até músicas temas de natal. 
  21. iLike – Uma rede social que permite descobrir novas músicas com ajuda de seus amigos. Muitos artistas aderiram a rede para disponibilizar seus discos gratuitamente para download. 
  22. Altsounds – Milhares de músicas com ótima qualidade para baixar em MP3 e sair ouvindo. 
  23. bt.etree.org – Disponibiliza faixas ao vivo via streaming de artistas como Ben Harper, Jerry Garcia, Blues Traveler, Trey Anastasio entre outros. 
  24. Stereogum – Com uma navegação fácil, o site publica músicas de maneira legal desde 2006. Além de disponibilizar fotos e vídeos dos mais variados artistas que você pode incorporar em qualquer site ou blog. 
  25. Web Banda unsigned – É um lugar para bandas independentes compartilhar sua música e serem notadas. Músicas de todos os gêneros ficam disponíveis para download e o site apresenta um gráfico com um ranking das mais baixadas. 
  26. Soundclick’s – As bandas disponibilizam seus discos e os fãs baixam as faixas para ouvir, simples e prático. 
  27. Honc – “Se você ama música este é o seu site”, com este slogan o portal faz com que bandas dos mais inusitados estilos compartilhem suas músicas com o mundo. 
  28. Indie Rock Cafe – O site oferece o melhor da música indie rock music, hot new songs,rock bands, e os lançamentos de álbuns em MP3. 
  29. DMusic – Desde 1998, atualiza diariamente o ranking dos 22 melhores artistas colocando para baixar seus álbuns. 
  30. iCompositions – “Nós ajudamos os artistas a se conectar, colaborar e compartilhar suas músicas com o mundo”. É dedicado aos músicos ou aspirantes.

    Fonte: Catraca Livre

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