sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Meritocracia sim e contra as desigualdades sociais


Vim de uma família pobre de migrantes nordestinos que saíram de suas terras natais para tentar melhorar de vida no sul maravilha. Conseguiram seu intento com muito esforço e determinação. Não foi se locupletando em algum órgão estatal, indicados por algum cumpañero de partido, que obtiveram sua ascensão social. Então, eu creio na meritocracia que, sendo verdadeira, não faz vista grossa às desigualdades sociais. Pelo contrário, busca promover a igualdade de oportunidades entre todos, proporcionando ao menos uma largada comum a cidadãs e cidadãos de uma determinada sociedade.

Não acho coincidência que o ataque à meritocracia se dê nesses tempos obscuros de governos do PT. Petistas e outros esquerdistas em geral se colocam abertamente contra a meritocracia. Pelo que temos visto do desempenho desse pessoal, o negócio é ascender socialmente na base do compadrismo e do comadrismo e não da avaliação por mérito. Não importa se o cumpañero/a tenha qualificação para determinado posto. O que interessa é fazer parte do clube dos amiguinhos e, na base da política do favor, do toma-lá-dá-cá, ir avançando na vida. Não interessa se a/o aluna/o estudou ou não. Tem que passar de ano de qualquer forma porque o que importa não é o mérito e sim o "diproma".

Convivi com petistas durante anos em diferentes movimentos sociais, e suas relações são sempre de compadrio. Aliás, parece que, quanto mais medíocres e desonestos forem seus quadros e todos que os cercam, melhor. De fato, são contra a meritocracia porque defendem a mediocracia. Portanto, se queremos um futuro para o Brasil, precisamos defender sim a meritocracia contra a mediocracia de petistas e assemelhados.

Por isso, reproduzo o texto do Guy Franco sobre o tema meritocracia. Não concordo com tudo que diz. Acho que faltou explorar melhor algumas frases, mas, no conjunto, abordou bem o tema. Destaco:
A competência está fora de moda. 
Defender a meritocracia não quer dizer que não se reconheça os níveis desiguais de onde cada pessoa começa a vida (a classe social, cor da pele, sexo, etc), mas apenas o reconhecimento de que é um meio possível e justo (não o único, nem o mais fácil) de ascender socialmente. 
Defender a meritocracia e combater a desigualdade não são coisas excludentes. 
...Ricardo Paes de Barros, formado pela escola de Chicago, e que foi líder de um grupo de economistas liberais responsável pela concepção técnica do Bolsa Família. As ideias liberais, no entanto, foram malhadas pela esquerda. Quem se lembra da resistência do PT na época? A proposta de focalização de combate à pobreza era tida como uma ameaça “neoliberal” e foi bastante hostilizada pelo partido. Hoje, o PT tenta apagar o passado liberal, as raízes chicaguistas por trás do projeto. Ao tentar apagar o nome das mentes responsáveis por trás do Bolsa Família (inclusive tirando o nome de Ricardo Paes de Barros, o pai do projeto, de sites do governo), fica fácil afirmar o que quiser e desdenhar de liberais.

 A quem interessa desdenhar da meritocracia?


Nunca vi a sociedade tão mobilizada para tripudiar da meritocracia. Hoje, não só os membros de movimentos sindicais levantam cartazes na rua contra o sistema, qualquer jovem barbudo com um canal no youtube faz o mesmo - e em plena luz do dia. Dão chiliques, relincham, fazem cara de tuberculose quando ouvem a palavra meritocracia. Pega bem desdenhar da besta. A competência está fora de moda.

Os opositores, me parece, reagem sem ver as gradações da questão. Não é possível que não concordem que recompensar uma pessoa pela eficiência seja um incentivo para o bom trabalho. Também nunca ouvi falar de alguém que recusou um aumento de salário porque considerava injusto receber mais pelos próprios méritos.

Reconhecer e promover os melhores profissionais é fundamental. Que se discuta os critérios de avaliação, mas o mérito é importante. Nada mais natural do que recompensá-lo. Não há vergonha nenhuma em defender isso.

Os opositores falam de exclusão, de “darwinismo social”. Há um fator ausente aí: ainda que a meritocracia seja excludente, impugnando a mediocridade, a sociedade como um todo não se beneficiaria de hospitais e escolas cujos médicos e professores fossem os mais capacitados? Por que seria diferente com as outras profissões?

Defender a meritocracia não quer dizer que não se reconheça os níveis desiguais de onde cada pessoa começa a vida (a classe social, cor da pele, sexo, etc), mas apenas o reconhecimento de que é um meio possível e justo (não o único, nem o mais fácil) de ascender socialmente.

Defender a meritocracia e combater a desigualdade não são coisas excludentes. E ainda que a meritocracia perpetue uma desigualdade, esta será um efeito colateral positivo, pois será baseada no mérito e não na arbitrariedade.

E aqui vou usar uma frase de Eduardo Giannetti: “A questão crucial é: a desigualdade observada reflete essencialmente os talentos, esforços e valores diferenciados dos indivíduos ou, ao contrário, ela resulta de um jogo viciado na origem, de uma profunda falta de equidade nas condições iniciais de vida, da privação de direitos elementares e/ou discriminação racial, sexual ou religiosa?”

O vizinho de blog Flávio Moura comentou sobre o silêncio dos liberais em relação a um artigo da The Economist que mostra como os mais ricos costumam ser os mais beneficiados pela meritocracia. Na verdade, essa é uma questão que tem ocupado os liberais há muito tempo. Queria reabilitar aqui um trecho de Hayek:
“…se uma invenção acidental se torna extremamente útil para os demais, o fato de que tenha pouco mérito não a torna menos valiosa do que se tivesse resultado de grande sacrifício pessoal.”
Há muito tempo que os liberais reconhecem que o mérito não é apenas resultado de grande esforço. E há muito tempo que estudam soluções de política pública para consertar eventuais desigualdades e diminuir a pobreza. Basta ler Milton Friedman - o liberal dos liberais - que encontrará nele as raízes do Bolsa Família e do Prouni, por exemplo.

“Meritocracia para quem, cara-pálida? 
Nossos liberais mereciam estudar um pouco mais.”

Os nossos liberais estudaram. Um deles é Ricardo Paes de Barros, formado pela escola de Chicago, e que foi líder de um grupo de economistas liberais responsável pela concepção técnica do Bolsa Família. As ideias liberais, no entanto, foram malhadas pela esquerda. Quem se lembra da resistência do PT na época? A proposta de focalização de combate à pobreza era tida como uma ameaça “neoliberal” e foi bastante hostilizada pelo partido. Hoje, o PT tenta apagar o passado liberal, as raízes chicaguistas por trás do projeto. Ao tentar apagar o nome das mentes responsáveis por trás do Bolsa Família (inclusive tirando o nome de Ricardo Paes de Barros, o pai do projeto, de sites do governo), fica fácil afirmar o que quiser e desdenhar de liberais.

A nossa esquerda merecia estudar um pouco mais os liberais.

Fonte: Yahoo Notícias, Blog do Guy Franco, 14/02/2015

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