quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Cliping legal: Os 100 livros essenciais da literatura mundial

A revista BRAVO! enumerou 100 livros de literatura que não podem faltar em sua lista de livros de leitura imprescindível. Para chegar a esses 100 livros, a revista contou com a ajuda de colaboradores e se baseou  nos estudos do crítico americano Harold Bloom, autor de O Cânone Ocidental e Gênio, além de rankings anteriores, como os da revista Time e da Modern Library, selo tradicional da editora americana Random House. Como toda a lista de "essenciais", está aberta à crítica e a adendos, possibilitando o surgimento de outras listas. Entretanto, de fato, lendo esses 100 mais, você já pode dizer que conhece um pouco de literatura e, sendo a literatura a antropologia das antropologias, segundo Fernando Cristóvão, da Universidade de Lisboa, que conhece também algo sobre o gênero humano. Listarei os 100 em quatro postagens.

Abaixo mais títulos da lista da Bravo!

26. O Estrangeiro, de Albert Camus
Albert Camus (1913-1960) nasceu em Mandovi, na Argélia, então uma colônia francesa. Da sua terra natal, guardou apenas algumas lembranças da infância pobre em um bairro operário que serviria de inspiração para seu primeiro romance, O Avesso e o Direito (1937). Foi professor de filosofia, jornalista e ativista da Resistência francesa.

27. Medeia, de Eurípides
Na mitologia grega, Medeia era uma feiticeira conhecida por seus poderes mágicos, que poderiam ser usados para o bem e para o mal. A lenda entraria para a história, porém, como a da mãe que mata os próprios filhos por vingança a um homem que não a quer, protagonista na peça do dramaturgo grego Eurípides, escrita por volta do ano 430 a.C. A distância entre o mito e a realidade era tênue na sociedade grega da época.

28. Eneida, de Virgílio
A Eneida está para Roma assim como a Ilíada está para Atenas. É, acima de tudo, a compilação de uma história da fundação de Roma, narrada epicamente para dar ao passado a resposta pelo presente romano nos tempos do Império a partir dos anos 70 a.C., quando o poeta Virgílio nasceu. Desde muito jovem, Virgílio teve contato direto com o poder, sendo amigo próximo e notório protegido do tribuno Mecenas (daí a origem do termo "mecenas", que designa patrocinadores da arte).

29. Noite de Reis, de William Shakespeare
Uma das características mais importantes da obra de Shakespeare é seu humor. As comédias, na trajetória do bando, precedem as tragédias. Seu maior trunfo cômico é Noite de Reis.

30. Adeus às Armas, de Ernest Hemingway
Ernest Hemingway (1899-1961) foi um homem de ação. "Tinha mais de 1,80 de altura, um peito largo, era bonito, efusivo, um guerreiro, um caçador, um pescador, um bebedor", conta o biógrafo e romancista Anthony Burgess. "Foi a fusão do artista sensível e original com o musculoso homem de ação que transformou Hemingway em um dos maiores mitos internacionais do século 20", conclui o autor de Laranja Mecânica (1962).

31. O Coração das Trevas, de Joseph Conrad
Jósef Teodor Konrad Nalecz Korzeniowski (1857-1924), ou Joseph Conrad, é um fenômeno da literatura - um autor que alcançou a perfeição artística num idioma que não era o seu. De família polonesa, nasceu na Podolia, província ucraniana dominada pelo Império Russo. Era filho único de um nobre proprietário de terras de espírito letrado, condenado ao exílio por se rebelar contra os czares

32. Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley
O ano seria 2540 d.C. se fôssemos contar o tempo pelo calendário cristão. Mas, no livro, se fala de 632 d.F., ou seja, depois de Ford, pois um novo período na história humana teria sido inaugurado com Henry Ford, o criador das linhas de montagem e precursor da moderna sociedade de consumo. É nessa época - em que não há fome, desemprego, pobreza, guerras, doenças e os indivíduos convivem em suposta harmonia em um mundo asséptico - que se situa Admirável Mundo Novo (1932), romance do autor inglês Aldous Huxley (1894-1963).

33. Mrs. Dalloway, de Virginia Woolf
"Mrs. Dalloway disse que ela própria iria comprar as flores." Assim começa este romance de 1925, escrito após um dos vários colapsos nervosos sofridos pela escritora inglesa Virginia Woolf (1882-1941). A história se passa em um único dia na vida de uma socialite londrina às voltas com os preparativos para uma recepção doméstica.

34. Moby Dick, de Herman Melville
Moby Dick foi um fracasso de vendas quando lançado, em 1851. Herman Melville (1819-1891) tinha então 32 anos e já era autor de cinco romances. O público ficou decepcionado, porque aguardava a mesma aventura de apelo popular de Typee (1846), baseada na experiência do autor marinheiro nos Mares do Sul.

35. Histórias Extraordinárias, de Edgar Allan Poe
Uma mansão envolta em uma atmosfera de morte ou um gato preto que leva seu dono à perdição podem ser suficientes para que Edgar Allan Poe (1809-1849) teça alguns dos contos mais aterrorizadores da história - muitos deles reunidos no livro Histórias Extraordinárias. Publicado pela primeira vez com esse nome em 1848 pelo poeta Charles Baudelaire (antes era intitulado Contos do Grotesco e do Arabesco), Histórias Extraordinárias traz A Queda da Casa de Usher, O Barril de Amontilado, O Gato Preto e Os Crimes da Rua Morgue, entre outros, nos quais, com extrema habilidade, Poe enfoca o fantástico e o sobrenatural com descrições minuciosas e realistas, conduzindo o leitor a um mundo soturno e repleto de enigmas. Não que os escritos de terror fossem novidade na época.

36. A Comédia Humana, de Honoré de Balzac
Se os franceses foram os pais dos romances caudalosos (romans-fleuves), nos milhares de páginas de Victor Hugo, Émile Zola, Marcel Proust, então Honoré de Balzac (1799-1850) foi o pai de todos os franceses. A Comédia Humana, em uma edição francesa, enche mais de 11 mil páginas. São 88 romances e novelas com vida independente, mas que atuam harmonicamente para alcançar o propósito de Balzac - cristalizar numa única obra tudo quanto fosse humano, fazendo com a pena o que só Napoleão fez com a espada.

37. Grandes Esperanças, de Charles Dickens
Grandes Esperanças é em essência um romance de formação, aquele tipo de obra em que o personagem evolui conforme a leitura - física, psicológica, moral e esteticamente. O Pip das primeiras páginas, criança inocente e bondosa, e o Pip do fim do livro, fidalgo, frio e calculista, são os polos de uma história que fazem o leitor sorrir com as conquistas financeiras, chorar com as desilusões amorosas e aplaudir as conclusões prévias. Charles Dickens (1812-1870) publicou em 1861 o que para muitos é uma obra semiautobiográfica, em que ele traria à tona a própria infância.

38. O Homem sem Qualidades, de Robert Musil
Para a maioria dos alemães, o escritor austríaco Robert Musil (1880-1942) publicou o mais importante romance do século 20 escrito na língua germânica. Mas não sem traumas. O Homem sem Qualidades fez seu autor entrar na lista de obras "indesejáveis e nocivas" dos nazistas, que o enxotaram da Alemanha para a Suíça - onde viveu anos na miséria até morrer no exílio.

39. As viagens de Gulliver, de Jonathan Swift
As Viagens de Gulliver, de Jonathan Swift (1667-1745), foram escritas para um público sedento por comédias satíricas - o cenário é o Reino Unido do começo do século 18, mais precisamente 1726, quando foram publicadas pela primeira vez em Londres. O fato de carregar forte carga moralista, ao oferecer um retrato de uma humanidade em essência vergonhosa, parece não ter encontrado resistência. O livro virou um sucesso especialmente entre os mais jovens, o que até hoje permanece nas dezenas de versões infanto-juvenis da obra.

40. Finnegans Wake, de James Joyce
"Demoroso, langoroso, livro das trevas." Assim James Joyce (1882-1941) descreveu o livro ainda sem nome que começara a escrever em 1924 e publicava de forma seriada na revista Transition. Em 1939, ela saiu, por fim, com o nome tomado de empréstimo a uma canção popular: Finnegans Wake.

41. Os Lusíadas, de Luís de Camões
Como Homero na Ilíadia ou Virgílio na Eneida, Luís Vaz de Camões (1524?-1580) buscou no épico, gênero por excelência dos poemas fundacionais de grandes nações, o modelo poético narrativo para contar a história do povo português. Em Os Lusíadas, publicado em 1572, Camões bebe da fonte clássica literária no auge do classicismo europeu e, usando como mote a descoberta por Vasco da Gama, anos antes, do caminho marítimo para as Índias, traduz em verso toda a história do povo português e suas grandes conquistas. Resultado do extremo apuro técnico típico do classicismo, a epopeia portuguesa é composta de 1.102 estrofes de oito versos, ou 8.816 versos decassílabos, divididos em dez cantos e organizados em cinco partes.

42. Os Três Mosqueteiros, de Alexandre Dumas
"Um por todos e todos por um" era o lema dos Três Mosqueteiros - que na verdade eram quatro -, ao lutarem pela justiça e pela honra da coroa francesa. O livro homônimo do romancista francês Alexandre Dumas (1802-1870) foi publicado em 1844 na revista parisiense Siècle. Cada edição trazia um capítulo da história, que logo se tornou popular por ser uma aventura nos moldes dramáticos adorados na época - e até hoje.

43. Retrato de uma Senhora, de Henry James
Hoje em dia é estranho pensar que Henry James (1843-1916) já foi um autor popular. Seu romance The American (1877) foi pirateado na Inglaterra. De sua novela Daisy Miller (1879) se tomou emprestado o nome da personagem-título: "daisy miller" passou a designar qualquer jovem americana, ingênua e deslumbrada, em férias na Europa no fim do século 19.

44. Decamerão, de Giovanni Boccaccio
A obra mais famosa de Giovanni Boccaccio (1313-1375), Decamerão, é até hoje lembrada como um compêndio sobre a capacidade humana de perverter-se de todas as formas. Mas foi também uma das grandes responsáveis pela fixação do idioma italiano na Itália, ao percorrer, com seus contos divertidos, uma gama imensa de sentimentos humanos e situações cotidianas nos idos da Idade Média. Numa manhã de terça-feira do ano de 1348, sete moças e três rapazes resolvem deixar a cidade de Florença para fugir da peste negra.

45. Esperando Godot, de Samuel Beckett
Deus. Liberdade. Morte. Esperança. Muitos foram os nomes que Godot recebeu. Mas, como o personagem do irlandês Samuel Beckett (1906-1989) nunca deu as caras para dizer quem era - ou a que veio ou aonde iria -, sua verdadeira identidade permanece um mistério literário. Indagado sobre o significado de Godot, o autor disse: "Se soubesse teria dito na peça".

46. 1984, de George Orwell
O romance 1984 foi lançado um ano antes da morte do autor, George Orwell (1903-1950). Em 1949, Eric Arthur Blair, seu nome verdadeiro, achava-se isolado em um casebre no arquipélago escocês das ilhas Hébridas. Doente e desgostoso após uma vida de militância política, redigiu o romance que passaria para a história literária como um dos mais contundentes contra os regimes totalitários.

47. A Vida de Galileu, de Bertolt Brecht
A primeira versão do texto de A Vida de Galileu foi escrita em 1938, quando a vitória do nazismo na Alemanha parecia inevitável. Na iminência da barbárie, Bertolt Brecht (1898-1956) foi buscar na trajetória do astrônomo Galileu Galilei (1564-1642) o subtexto para expressar suas ideias sobre o comportamento dos intelectuais diante de uma sociedade repressora. Na época, o dramaturgo havia deixado a Alemanha, sua terra natal, e passava uma temporada de exílio na Dinamarca.

48. Os Cantos de Maldoror, de Lautréamont
O livro Os Cantos de Maldoror foi publicado em 1969, mas de maneira discreta - seu editor temia represálias e processos que poderiam advir de uma obra com tamanho teor de perversão. Zoofilia, pedofilia, homossexualismo e sadomasoquismo são os temas prediletos do microcosmo do autor, que os coroa sempre com uma provocante naturalização da loucura, do imoral, do perverso. O conde de Lautréamont, cujo nome real era Isidore Ducasse (1846-1870), nasceu no Uruguai, perdeu a mãe aos 2 anos e quase não conviveu com o pai, tendo estudado toda a vida na França.

49. A Tarde de um Fauno, de Stéphane Mallarmé
A melodia de Debussy é doce, suave, ilude os sentidos e vai se pronunciando como que pisando em ovos, da mesma forma que o poema, pai da música, o fizera anos antes. Em 1890, o poeta Stéphane Mallarmé (1842-1898) pediu ao compositor Claude Debussy que musicasse um poema de sua autoria, já reconhecido em toda a Europa: A Tarde de um Fauno. Nascido em Paris, em 1842, Mallarmé foi professor de inglês durante mais da metade da vida, profissão que adquiriu estudando e se especializando em Londres.

50. Lolita, de Vladimir Nabokov
"Lolita, luz de minha vida, labareda em minha carne. Minha alma, minha lama. Lo-li-ta: a ponta da língua descendo em três saltos pelo céu da boca para tropeçar de leve no terceiro contra os dentes. Lo.Li.Ta." É com essa "onomatopeia erótica", exagerada e passional, bem ao modelo dos folhetins românticos, que Vladimir Nabokov (1899-1977) inicia seu romance mais famoso, Lolita (1955). O título, assim como o termo "ninfeta", criado pelo protagonista para definir sua atração irresistível por garotas na faixa dos 9 aos 12 anos de idade, foi incorporado ao vocabulário universal.

Fonte: Educar para Crescer 

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