sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Meu Mundo É Hoje (eu Sou Assim) – de Wilson Batista

Wilson Batista (03/07/1913 07/07/1968) foi um compositor popular carioca, nascido em Campos (RJ), que se interessou por música ainda criança, quando integrou, tocando triângulo, a banda de seu tio, o maestro Ovídio Batista. Ao final da década de 20,  mudou-se para o Rio de Janeiro, vindo a participar da vida boêmia do famoso bairro da Lapa, frequentando cabarés e bares e se tornando amigo de músicos e malandros locais. Fez vários bicos para sobreviver, mas conseguiu finalmente realizar seu sonho de se tornar músico.

Do seu primeiro samba em 1929  (Na Estrada da Vida) até seu falecimento, em 1968, Wilson produziu inúmeros sambas inspirados, tornando-se, ao lado de Noel Rosa, Assis Valente, Geraldo Pereira, um dos grandes sambistas da boêmia carioca.

Além de haver tido suas músicas gravadas pelos grandes cantores da época como Araci Cortes, Francisco Alves, Castro Barbosa, Murilo Caldas, Linda Batista, Ciro Monteiro, Moreira da Silva, ficou famoso também por sua polêmica musical com Noel Rosa que gerou sambas inesquecíveis de ambos, como Lenço no Pescoço, Mocinho da Vila, Conversa Fiada, Frankenstein da Vila (por causa do queixo defeituoso de Noel), de Wilson, e Feitiço da Vila, Palpite Infeliz, Rapaz Folgado, de Noel. 

Wilson também compôs outros grandes sambas em parcerias com Ataulfo Alves (Mania da Falecida e Oh, seu Oscar), com Geraldo Pereira (Acertei no Milhar), com Haroldo Lobo (Emília), com Roberto Martins (Pedreiro Valdemar), e com Nássara (Balzaquiana), entre outros.

A nova geração da MPB soube lhe dar o devido valor e muitas de suas música foram regravadas por gente como João Gilberto, MPB-4, Paulinho da Viola, Eliete Negros, Simone, para ficar em alguns nomes.

Lembrei de Wilson porque Adriana Vandoni, do blog Prosa e Politica, postou um vídeo com a música do compositor Meu Mundo é Hoje (Eu sou Assim), atualíssima para o contexto do Brasil de hoje. Posto abaixo esse vídeo e a letra da música. Posto também outra música do compositor, chamada Louco, na interpretação de João Gilberto. Ambas lindas.

Chamo a atenção para a simplicidade e ao mesmo tempo sofistação das letras e da música desse compositor. Aliás, ele, assim como Nelson Cavaquinho e Cartola, demonstram claramente que, origem humilde, mesmo de favela, não produz necessariamente gente tosca e rude, que ser popular não é sinônimo de baixo nível, de vulgaridade. Alguns nascem com talento e o lapidam mesmo em condições adversas, deixando pelo menos um legado de belas canções. Outros, como um certo metalúrgico desfalcado de um dedo, medíocre e corrupto, só consegue deixar uma herança de iniquidades. Coisas da vida, minha gente!

Eu sou assim
Quem quiser gostar de mim
Eu sou assim
Eu sou assim

Quem quiser gostar de mim
Eu sou assim.
Meu mundo é hoje
Não existe amanhã pra mim.

Eu sou assim
Assim morrerei um dia
Não levarei arrependimentos
Nem o peso da hipocrisia.

Tenho pena daqueles
Que se agacham até o chão
Enganando a si mesmo
Por dinheiro ou posição.

Nunca tomei parte
Desse enorme batalhão
Pois sei que além de flores
Nada mais vai no caixão.


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