sexta-feira, 25 de junho de 2010

Lembrando: Eu te amo e Vitrines - Chico Buarque e Tom Jobim

Para mim, Chico Buarque, que ficou  mais conhecido por suas músicas de protesto (ainda que algumas vezes velado) contra a ditadura militar, já era. Já era desde que descobri sua simpatia pelo lulo-petismo, Fidel Castro e congêneres. Quanta hipocrisia, Santo Dio! Neguinho aqui bancando o grande contestador dos milicos, quando, no fundo, não era apenas apreciador daqueles ditadores específicos. Ditadores vestidos de vermelho são outra coisa para o senhor, sei lá, revolucionários...aquelas coisas. Então, dessa safra, no máximo Roda Viva e Construção ainda me passam. O resto joguei fora.

Dele, só escuto a produção lírica que inegavelmente tem coisas lindas. E como estou num momento afins, decidi relembrar duas músicas do compositor que acho belas demais: Eu te Amo (essa em parceria com Tom Jobim) e Vitrines.


Eu te amo!

Ah, se já perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir

Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir

Se nós, nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir

Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu

Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu

Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios inda estão nas minhas mãos
Me explica com que cara eu vou sair

Não, acho que estás se fazendo de tonta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir.




Vitrines


Eu te vejo sair por aí
Te avisei que a cidade era um vão
- Dá tua mão
- Olha pra mim
- Não faz assim
- Não vai lá não

Os letreiros a te colorir
Embaraçam a minha visão
Eu te vi suspirar de aflição
E sair da sessão, frouxa de rir

Já te vejo brincando, gostando de ser
Tua sombra a se multiplicar
Nos teus olhos também posso ver
As vitrines te vendo passar

Na galeria, cada clarão
É como um dia depois de outro dia
Abrindo um salão
Passas em exposição
Passas sem ver teu vigia
Catando a poesia
Que entornas no chão.

4 comentários:

Chico Buarque cantando me dá sono. Falando sobre política me dá ânsia de vômito. Nunca consegui gostar, embora viva cercado, no ambiente acadêmico, por quem o idolatre. Acho a letra de "Construção" o supra-sumo da chatice, até escrevi uma paródia certa vez. Não consigo imaginar algo mais pedante do que alguém se sentar e pensar: vou compor uma canção só com proparoxítonas. Outra que nunca entendi: canção de protesto de esquerda = compositor engajado, politizado. Se fosse de "direita" (não que eu acredite na existência de direita, é claro), seria reacionário...
Até consigo gostar do Caetano Veloso, embora também não morra de amores.

Você está errada. Veja declaração do Chico no Youtube "sangue latino parte 4/6", sobre Castro e Cuba. Você verá que é muito mais lúcido do que a Veja quer nos fazer crer.

Luciano,

seria mais fácil reproduzir o que o cantor disse ou por o link do youtube. Só vendo pra crer que haja alguma coisa lúcida a dizer sobre Castro e Cuba, a não ser que Castro deveria deixar a ilha em paz.

Vitrines..... uau..... é a perfeição da perfeição.... música e poesia... é incrível como as letras do Chico me faz viajar pro mundo dessas histórias.... frases tão contidas que fazem a imaginação viajar.... não tenho palavras..... e só ouvir e voar...

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