quinta-feira, 4 de março de 2010

Homenagem a Johnny Alf! Eu e a brisa!

Johnny Alf, precursor da bossa-nova, genial para muitos, nunca teve sua obra devidamente reconhecida em vida, nem quando se comemoraram os 50 anos da bossa-nova.

Filho de uma doméstica, negro, pobre e homossexual, Alfredo José da Silva, nasceu na Vila Isabel de Noel Rosa (1910-1937), no Rio de Janeiro, no dia 19 de maio de 1929 e faleceu em Santo André (SP) em 4 de março de 2010. Por intermédio de uma amiga da família, onde sua mãe trabalhava, ele pode aprender piano clássico, o que lhe deu sólida formação musical.

Sua motivação para compôr, contudo, segundo dizia, foram os filmes musicais norte-americanos, com trilhas sonoras assinadas por gente do gabarito de George Gershwin e Cole Porter. Fora essa influência cinematográfica, Alf também se inspirava no cantor Nat King Cole e naturalmente no jazz. Também gostava de seus contemporâneos Lúcio Alves e Dick Farney que já apresentavam um canto mais cool, jazzístico e sofisticado prenunciando a bossa-nova. Com todas essas influências de qualidade, não espanta que o moço tenha sido precursor do estilo de música brasileira que mais sucesso fez no exterior.

Sua carreira profissional se iniciou, em 1952, como pianista, numa casa noturna de propriedade do radialista César Alencar, no Rio, e logo teve algumas de suas composições, como O Que É Amar, Estamos Sós, Escuta e Podem Falar, gravadas por uma cantora de rádio da época chamada Mary Gonçalves.

Depois, como cantor, Alf também se destacou por utilizar a voz num registro diferente do que se empregava em seu tempo, de forma suave e quase instrumental, fazendo a cabeça de uma plateia vip que acompanhava seus shows noturnos, composta de gente como João Gilberto, Tom Jobim, Carlos Lyra, João Donato, entre outros. Gente que lançaria a bossa-nova oficialmente 5 anos depois de conhecê-lo e sob sua influência.

Alf gravou apenas 13 álbuns em toda sua carreira, mas deixou alguns clássicos como o LP Rapaz de Bem, de 1961, e músicas como Eu e a Brisa, Ilusão à Toa  e  O Que É Amar. Sua partida deixa o Brasil mais pobre musicalmente, mas, de qualquer forma, não resta dúvida que a trilha sonora do atual momento brasileiro jamais poderia ser assinada por alguém com seu grau de sofisticação. Clicando aqui, tem-se acesso a discografia completa do artista.



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