terça-feira, 3 de novembro de 2009

A moça de vermelho e a baixaria dos machistas da UNIBAN


Quando vi a cena da moça sendo escoltada pela polícia via corredores da UNIBAN, ao som de PUTA, PUTA...., fiquei sem entender bem o que se passava por alguns segundos. Por que cargas d'água aquele monte de marmanjos e algumas senhoritas mais merecedoras de xingamentos do que a perseguida estavam promovendo semelhante tumulto contra aquela mulher?

Logo li que a perseguição se devia ao fato de a moça estar usando um vestido muito justo, curto e ainda por cima vermelho (alguns dizem que é rosa). Nas imagens dela saindo da escola, sob escolta, não se via o "provocador" vestido porque um professor havia lhe emprestado um jaleco. Só se viam e ouviam os agitados estudantes e seus impropérios seguindo o grupo.

Nas imagens acima, do Fantástico, Geyse Arruda, a moça agredida aparece com o tal vestido. Já vi "n" mulheres com esse modelito "cheguei", meio perua, meio vulgar, mas daí a esse visual merecer um quase linchamento, só evitado porque a polícia intercedeu....!!? Coisa mais absurda! E o Vice-reitor da Uniban, Ellis Wayne Brown, não vê razão para expulsar ninguém da turba ignara que agrediu e humilhou a moça.

O jornalista Reinaldo Azevedo escreveu um belo texto sobre esse causo inacreditável onde questiona: ....estranho o silêncio da militância feminista; estranho o silêncio das ONGs voltadas para os chamados direitos da mulher; estranho o silêncio de Nilcéia Freire, titular da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres. Sim, eu sei, a “moça de vermelho” não é exatamente uma militante; não é alguém que porte bandeira; não é veículo de uma causa. Ela é só uma cidadã, um indivíduo, vítima de uma brutalidade. Então todos se calam. Se a garota, ao menos, fosse negra, seria defendida em razão de sua condição que diriam “racial”. Como nem isso ela é, então sabem o que ela é? NADA!!!
O Reinaldo não sabe, mas as feministas devem estar, como de costume, mais preocupadas com a luta anticapitalista (significa eleger a candidata de Lula, apoiar o MST), o patriarcado, a misoginia, um monte de abstrações em torno das quais giram como moscas zonzas em torno da lâmpada. Foi preciso passar um bom tempo e muita gente começar a divulgar seu estranhamento quanto ao silêncio das feministas, sobre o caso bem mais terrível da menina presa com um bando de homens numa cela no Pará (a governadora é do PT), para que elas se mexessem e ainda assim timidamente.... Esse caso é bem mais ameno, embora gritantemente machista, então, vai lá saber se haverá uma reação. Se for para protestar contra o suposto golpe em Honduras, elas se mexem rapidinho, porém, para condenar machões grotescos que atacam mulheres por usarem roupas curtas e justas, qualquer cágado as supera.

Enfim, como diria o poeta: "...Não, o tempo não chegou de completa justiça. O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera." (Carlos Drummond de Andrade)
De qualquer forma, eu ainda protesto. Protestem também e depressa.

1 comentários:

Mirian,
Excelente post. Parabéns!

Att., Gustavo Gonçalves

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